E já que aqui no meu Blog, falamos de inteligência, a sua identificação nos indivíduos, formas de avaliação.. nada mais natural do que falarmos sobre o novo instrumento de avaliação, novo WISC IV, que começou, este ano, a ser aplicado no Brasil. Compreendam as diferenças entre a versão anterior e a atual deste teste de inteligência.
Aval. psicol. vol.10 no.2 Itatiba ago. 2011
Extraído do site : http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1677-04712011000200011&script=sci_arttext
versão ISSN 1677-0471
A quarta edição do WISC americano
IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul
IIUniversidade Federal de Minas Gerais
A Escala Wechsler que avalia a inteligência de crianças e adolescentes – Wechsler Intelligence Scale for
Children(WISC) – já se encontra em sua quarta edição, nos Estados Unidos, e
em breve estará disponível no Brasil. O presente texto se destina a apresentar
esse novo instrumento e compará-lo em conteúdo e forma com a adaptação
brasileira do WISC-III.
Publicado em 2003, doze anos após a versão anterior, o WISC-IV
introduziu mudanças como nunca antes na história das escalas Wechsler. Quanto
ao conteúdo do instrumento, foi simplificada a estrutura fatorial e
reformulou-se a constituição dos subtestes. Com essa renovação, a editora, The
Psychological Corporation, buscou melhorar as qualidades psicométricas da
escala, aproximar o teste às novas teorias e unificar o modelo fatorial das
escalas Wechsler de inteligência. Quanto à forma de aplicação e à aparência
visual e física do material, o WISC-IV também trouxe melhoramentos,
simplificações e atualizações.
Em função das diferenças transculturais, dos aumentos de QI na população
e inclusive pelas mudanças no contexto histórico e sociocultural de um mesmo
país, os testes psicológicos devem ser periodicamente revisados em seus
conteúdos, estrutura e normas. Essas revisões são especialmente importantes
para os testes que avaliam inteligência, devido ao chamado “efeito de Flynn”,
referente aos ganhos de QI na população, por influência do tempo. Segundo Flynn
(1987), a média do QI vem aumentando, desde 1930, cerca de 3 pontos por década
nos Estados Unidos, principalmente quanto à capacidade não verbal. Em outros
países desenvolvidos (França, Holanda e Japão), os ganhos seriam de 5 a 8
pontos por década, pelo menos em crianças urbanas (Lichtenberger & Kaufman,
2009). Assim, a utilização de normas desatualizadas produziria um efeito
inflado nos resultados dos QIs.
Atendendo a essas propostas, as escalas Wechsler de inteligência têm
passado por periódicas revisões. Em 1939, foi apresentada a primeira Escala
Wechsler-Bellevue, incluindo subtestes verbais e de execução, destinados a
avaliar a inteligência de crianças e adultos. Em 1949, surgiu a extensão do
teste para crianças em idade escolar (WISC) e em 1974 publicou-se uma forma
revisada (WISC-R), que atualizou as normas, sem alterar a estrutura geral do
instrumento. O WISC-III foi editado em 1991, enriquecido – além da necessária
atualização de normas – com alterações no conteúdo dos itens, inclusão de
materiais coloridos, maiores evidências de validade e a criação de um subteste
complementar (Procurar Símbolos), que contribuiu para consolidar, na terceira
edição, a estrutura de quatro fatores.
Em 2003, no WISC-IV, foram introduzidos dois tipos de ajustes mais
relevantes para a teoria: (a) modificação dos rótulos de dois fatores, denotando
uma redefinição dos construtos subjacentes: Resistência à Distração recebeu a
denominação de Working Memory – introduzida pelo WAIS-III e
traduzida como Memória de Trabalho (MT) (Nascimento, 2000) ou Memória
Operacional (MO) na adaptação brasileira (Wechsler, 2004), enquanto o fator
Organização Perceptual ficou nomeado como Raciocínio Perceptual (RP); e (b)
simplificação do modelo hierárquico fatorial: foram extintos o QI Verbal (QIV)
e o QI de Execução (QIE), com o qual desapareceu a hierarquização que agrupava
os quatro fatores em duas grandes áreas. Pelo novo modelo, o QIV ficou
assimilado ao índice de Compreensão Verbal (CV) e o QIE equiparou-se ao índice
RP. Os fatores CV e Velocidade de Processamento (VP) não foram renomeados.
A estruturação do instrumento ainda teve outras importantes modificações
práticas: foram eliminados três subtestes (Arranjo de Figuras, Armar Objetos e
Labirintos) e acrescentados cinco : Sequência de Números e Letras, Raciocínio
Matricial (ambos adaptados do WAIS-III) e os novos subtestes Raciocínio com
Palavras, Conceitos em Imagens e Cancelamento. Na estrutura do WISC-III,
aplicavam-se dez subtestes e eram obtidos três QIs, ou aplicavam-se doze
subtestes e eram obtidos, além dos QIs, quatro índices fatoriais (Figueiredo,
2001). No modelo da quarta edição, os quatro índices são obtidos com os dez
subtestes principais. Dessa forma, do total de 15 subtestes, cinco ficaram como
suplementares, servindo como substitutos em caso de algum não ser aplicável
(por exemplo, por dificuldades sensoriais ou motoras da criança). O índice CV é
avaliado pelos subtestes Semelhanças, Compreensão e Vocabulário (sendo
suplementares: Informação e Raciocínio com Palavras), MO é um domínio avaliado
pelos subtestes Dígitos e Sequência de Números e Letras (tendo Aritmética como
suplementar) e RP é avaliado por Cubos, Raciocínio Matricial e Conceitos de
Figuras (Completar Figuras é suplementar). VP permanece constituído pelos
subtestes Código e Procurar Símbolos, e conta com o subteste Cancelamento como
suplementar (Kaufman, Flanagan, Alfonso & Mascolo, 2006).
Adicionalmente, o WISC-IV abreviou o tempo de aplicação, simplificou a
administração dos itens e criou os Escores de Processo. Tais escores são novos
indicadores que oferecem informações mais específicas sobre os processos
cognitivos envolvidos na realização das tarefas de alguns subtestes (Cubos sem
bônus de tempo; Dígitos na ordem direta e na ordem inversa; Cancelamento
aleatório e estruturado) e são apresentados em uma escala com média igual a dez
e desvio padrão de três. O material também foi atualizado quanto à
portabilidade e apresentação visual.
O lançamento do teste nos EUA trouxe ainda, como vantagens, uma forma em
espanhol para aplicação a crianças que têm esse idioma como língua dominante,
melhores índices de fidedignidade, estudos de validação em 16 grupos clínicos
especiais, e correlações com outros testes, como o WIAT (Wechsler Individual
Achievement Test), o CMS (Children’s Memory Scale), o GRS (Gifted
Rating Scale) e outros. Posteriormente, foi publicado também o WISC-IV
Integrado, somente em inglês, destinado a explorar, em crianças com
dificuldades específicas, as mesmas habilidades avaliadas pelo WISC-IV (www.wisc-iv.com).
A nova edição do teste revela o interesse e o cuidado da editora
americana em manter o instrumento atualizado, particularmente do ponto de vista
teórico, e o bom nível de suas qualidades psicométricas. Estudos em nosso país
são necessários para examinar se os novos subtestes avaliam os mesmos
construtos definidos para o contexto norte-americano. O processo de adaptação
permitirá que os pesquisadores brasileiros se beneficiem dos aperfeiçoamentos
realizados no teste.
Conclui-se que as inovações feitas no WISC-IV foram significativas,
tanto no que se refere à redefinição dos construtos avaliados quanto à
estrutura geral do instrumento. Com tantas mudanças, é provável que haja
resistências iniciais dos psicólogos ao utilizarem o novo teste. Com o fim de
antecipar essas possíveis dificuldades e atualizar os profissionais
brasileiros, foi escrita a presente nota técnica.
Referências
Figueiredo, V. L. M. (2001). Uma
adaptação brasileira do teste de inteligência WISC – III. Tese de Doutorado não publicada, Curso
de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília. Brasília, DF.
Flynn, J. R.
(1987). Massive IQ gains in 14 nations: What IQ tests really measure. Psychological Bulletin, 101(2),
171-191.
Kaufman, A. S.,
Flanagan, D. P., Alfonso, V. C. & Mascolo, J. T. (2006). Test Review:
Wechsler Intelligence Scale for Children, Fourth Edition (WISC-IV). Journal of Psychoeducational
Assessment, 24(3), 278-295.
Lichtenberger, E.
O. & Kaufman, A. S. (2009). Essentials
of WAIS-IV Assessment. New Jersey: John Wiley & Sons.
Nascimento, E. (2000). Adaptação
e validação do teste WAIS-III para um contexto brasileiro. (Tese de Doutorado). Curso de
Pós-Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília. Brasília, DF.
Wechsler, D. (2004). WAIS-III:
manual para administração e avaliação. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Recebido em junho de 2011
Reformulado em julho de 2011
Aceito em agosto de 2011
Sobre os autores:
Francisco Antonio Soto Vidal:psicólogo graduado pela Universidad de
Chile e Mestre em Saúde e Comportamento pela Universidade Católica de Pelotas
(UCPel).
Vera Lúcia Marques de Figueiredo:Professora do curso de Graduação em
Psicologia e do Mestrado em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de
Pelotas, Mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS) e Doutora pela Universidade de Brasília (UnB).
Elizabeth do Nascimento:Professora do Departamento de Psicologia da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Coordenadora do Laboratório de
Avaliação das Diferenças Individuais (LADI) do Departamento de Psicologia/UFMG,
Mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutora em Psicologia pela
Universidade de Brasília (UnB).
1Endereço para correspondência:
Rua Santa Cruz 1735 – 96015-710 – Pelotas-RS
E-mail: sotovidal@yahoo.com.br
Encontrei varios artigos sobre o teste, mas nenhuma orientaçao pratica de onde meu filho pode fazer o teste. Moro no Rio de Janeiro.
ResponderExcluirMe escreva que eu te indico o profissional : claudiahakim@uol.com.br
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