Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Teste de Inteligeência - Novo WISC (a quarta edição do WISC americano) começa a ser aplicado no Brasil. Entendam as diferenças entre o instrumento anterior (III) e o atual (IV)


E já que aqui no meu Blog, falamos de inteligência, a sua identificação nos indivíduos, formas de avaliação.. nada mais natural do que falarmos sobre o novo instrumento de avaliação, novo WISC IV, que começou, este ano, a ser aplicado no Brasil. Compreendam as diferenças entre a versão anterior e a atual deste teste de inteligência.


Aval. psicol. vol.10 no.2 Itatiba ago. 2011





versão ISSN 1677-0471

  


A quarta edição do WISC americano

Francisco Antonio Soto Vidal1,I; Vera Lúcia Marques de FigueiredoI, Elizabeth do NascimentoII

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul 

IIUniversidade Federal de Minas Gerais



A Escala Wechsler que avalia a inteligência de crianças e adolescentes – Wechsler Intelligence Scale for Children(WISC) – já se encontra em sua quarta edição, nos Estados Unidos, e em breve estará disponível no Brasil. O presente texto se destina a apresentar esse novo instrumento e compará-lo em conteúdo e forma com a adaptação brasileira do WISC-III.


Publicado em 2003, doze anos após a versão anterior, o WISC-IV introduziu mudanças como nunca antes na história das escalas Wechsler. Quanto ao conteúdo do instrumento, foi simplificada a estrutura fatorial e reformulou-se a constituição dos subtestes. Com essa renovação, a editora, The Psychological Corporation, buscou melhorar as qualidades psicométricas da escala, aproximar o teste às novas teorias e unificar o modelo fatorial das escalas Wechsler de inteligência. Quanto à forma de aplicação e à aparência visual e física do material, o WISC-IV também trouxe melhoramentos, simplificações e atualizações.


Em função das diferenças transculturais, dos aumentos de QI na população e inclusive pelas mudanças no contexto histórico e sociocultural de um mesmo país, os testes psicológicos devem ser periodicamente revisados em seus conteúdos, estrutura e normas. Essas revisões são especialmente importantes para os testes que avaliam inteligência, devido ao chamado “efeito de Flynn”, referente aos ganhos de QI na população, por influência do tempo. Segundo Flynn (1987), a média do QI vem aumentando, desde 1930, cerca de 3 pontos por década nos Estados Unidos, principalmente quanto à capacidade não verbal. Em outros países desenvolvidos (França, Holanda e Japão), os ganhos seriam de 5 a 8 pontos por década, pelo menos em crianças urbanas (Lichtenberger & Kaufman, 2009). Assim, a utilização de normas desatualizadas produziria um efeito inflado nos resultados dos QIs.


Atendendo a essas propostas, as escalas Wechsler de inteligência têm passado por periódicas revisões. Em 1939, foi apresentada a primeira Escala Wechsler-Bellevue, incluindo subtestes verbais e de execução, destinados a avaliar a inteligência de crianças e adultos. Em 1949, surgiu a extensão do teste para crianças em idade escolar (WISC) e em 1974 publicou-se uma forma revisada (WISC-R), que atualizou as normas, sem alterar a estrutura geral do instrumento. O WISC-III foi editado em 1991, enriquecido – além da necessária atualização de normas – com alterações no conteúdo dos itens, inclusão de materiais coloridos, maiores evidências de validade e a criação de um subteste complementar (Procurar Símbolos), que contribuiu para consolidar, na terceira edição, a estrutura de quatro fatores.


Em 2003, no WISC-IV, foram introduzidos dois tipos de ajustes mais relevantes para a teoria: (a) modificação dos rótulos de dois fatores, denotando uma redefinição dos construtos subjacentes: Resistência à Distração recebeu a denominação de Working Memory – introduzida pelo WAIS-III e traduzida como Memória de Trabalho (MT) (Nascimento, 2000) ou Memória Operacional (MO) na adaptação brasileira (Wechsler, 2004), enquanto o fator Organização Perceptual ficou nomeado como Raciocínio Perceptual (RP); e (b) simplificação do modelo hierárquico fatorial: foram extintos o QI Verbal (QIV) e o QI de Execução (QIE), com o qual desapareceu a hierarquização que agrupava os quatro fatores em duas grandes áreas. Pelo novo modelo, o QIV ficou assimilado ao índice de Compreensão Verbal (CV) e o QIE equiparou-se ao índice RP. Os fatores CV e Velocidade de Processamento (VP) não foram renomeados.


A estruturação do instrumento ainda teve outras importantes modificações práticas: foram eliminados três subtestes (Arranjo de Figuras, Armar Objetos e Labirintos) e acrescentados cinco : Sequência de Números e Letras, Raciocínio Matricial (ambos adaptados do WAIS-III) e os novos subtestes Raciocínio com Palavras, Conceitos em Imagens e Cancelamento. Na estrutura do WISC-III, aplicavam-se dez subtestes e eram obtidos três QIs, ou aplicavam-se doze subtestes e eram obtidos, além dos QIs, quatro índices fatoriais (Figueiredo, 2001). No modelo da quarta edição, os quatro índices são obtidos com os dez subtestes principais. Dessa forma, do total de 15 subtestes, cinco ficaram como suplementares, servindo como substitutos em caso de algum não ser aplicável (por exemplo, por dificuldades sensoriais ou motoras da criança). O índice CV é avaliado pelos subtestes Semelhanças, Compreensão e Vocabulário (sendo suplementares: Informação e Raciocínio com Palavras), MO é um domínio avaliado pelos subtestes Dígitos e Sequência de Números e Letras (tendo Aritmética como suplementar) e RP é avaliado por Cubos, Raciocínio Matricial e Conceitos de Figuras (Completar Figuras é suplementar). VP permanece constituído pelos subtestes Código e Procurar Símbolos, e conta com o subteste Cancelamento como suplementar (Kaufman, Flanagan, Alfonso & Mascolo, 2006).


Adicionalmente, o WISC-IV abreviou o tempo de aplicação, simplificou a administração dos itens e criou os Escores de Processo. Tais escores são novos indicadores que oferecem informações mais específicas sobre os processos cognitivos envolvidos na realização das tarefas de alguns subtestes (Cubos sem bônus de tempo; Dígitos na ordem direta e na ordem inversa; Cancelamento aleatório e estruturado) e são apresentados em uma escala com média igual a dez e desvio padrão de três. O material também foi atualizado quanto à portabilidade e apresentação visual.


O lançamento do teste nos EUA trouxe ainda, como vantagens, uma forma em espanhol para aplicação a crianças que têm esse idioma como língua dominante, melhores índices de fidedignidade, estudos de validação em 16 grupos clínicos especiais, e correlações com outros testes, como o WIAT (Wechsler Individual Achievement Test), o CMS (Children’s Memory Scale), o GRS (Gifted Rating Scale) e outros. Posteriormente, foi publicado também o WISC-IV Integrado, somente em inglês, destinado a explorar, em crianças com dificuldades específicas, as mesmas habilidades avaliadas pelo WISC-IV (www.wisc-iv.com).


A nova edição do teste revela o interesse e o cuidado da editora americana em manter o instrumento atualizado, particularmente do ponto de vista teórico, e o bom nível de suas qualidades psicométricas. Estudos em nosso país são necessários para examinar se os novos subtestes avaliam os mesmos construtos definidos para o contexto norte-americano. O processo de adaptação permitirá que os pesquisadores brasileiros se beneficiem dos aperfeiçoamentos realizados no teste.


Conclui-se que as inovações feitas no WISC-IV foram significativas, tanto no que se refere à redefinição dos construtos avaliados quanto à estrutura geral do instrumento. Com tantas mudanças, é provável que haja resistências iniciais dos psicólogos ao utilizarem o novo teste. Com o fim de antecipar essas possíveis dificuldades e atualizar os profissionais brasileiros, foi escrita a presente nota técnica.

Referências

Figueiredo, V. L. M. (2001). Uma adaptação brasileira do teste de inteligência WISC – III. Tese de Doutorado não publicada, Curso de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília. Brasília, DF.

Flynn, J. R. (1987). Massive IQ gains in 14 nations: What IQ tests really measure. Psychological Bulletin, 101(2), 171-191.


Kaufman, A. S., Flanagan, D. P., Alfonso, V. C. & Mascolo, J. T. (2006). Test Review: Wechsler Intelligence Scale for Children, Fourth Edition (WISC-IV). Journal of Psychoeducational Assessment, 24(3), 278-295.
Lichtenberger, E. O. & Kaufman, A. S. (2009). Essentials of WAIS-IV Assessment. New Jersey: John Wiley & Sons.

Nascimento, E. (2000). Adaptação e validação do teste WAIS-III para um contexto brasileiro. (Tese de Doutorado). Curso de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília. Brasília, DF.

Wechsler, D. (2004). WAIS-III: manual para administração e avaliação. São Paulo: Casa do Psicólogo.


Recebido em junho de 2011 
Reformulado em julho de 2011 
Aceito em agosto de 2011



Sobre os autores:

Francisco Antonio Soto Vidal:psicólogo graduado pela Universidad de Chile e Mestre em Saúde e Comportamento pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel). 

Vera Lúcia Marques de Figueiredo:Professora do curso de Graduação em Psicologia e do Mestrado em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas, Mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Doutora pela Universidade de Brasília (UnB). 
Elizabeth do Nascimento:Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Coordenadora do Laboratório de Avaliação das Diferenças Individuais (LADI) do Departamento de Psicologia/UFMG, Mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB).


1Endereço para correspondência: 
Rua Santa Cruz 1735 – 96015-710 – Pelotas-RS 




2 comentários:

  1. Encontrei varios artigos sobre o teste, mas nenhuma orientaçao pratica de onde meu filho pode fazer o teste. Moro no Rio de Janeiro.

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    1. Me escreva que eu te indico o profissional : claudiahakim@uol.com.br

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