Estudo mostra
que pais podem ajudar a criar pequenos narcisistas
Se você acha que seu filho é ‘mais especial’ que outros, uma pesquisa
americana apontou que é melhor mudar a abordagem
Estudo
envolveu 565 crianças na Holanda que tinham de 7 a 11 anos -
Reprodução/Pixabay
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RIO - Pais que exageram nos elogios a seus filhos podem levar suas
crianças a ofuscar os colegas em um quesito: o narcisismo. Uma pesquisa da
Universidade de Ohio que teve por objetivo encontrar as origens do amor próprio
sugere que os pais que supervalorizam seus pequenos podem incutir neles o
desenvolvimento de traços de vaidade exagerada, o que pode levar a
comportamento agressivo e um maior risco de problemas de saúde mental.
Enquanto os perigos do narcisismo já são bem conhecidos, pouco se sabe
sobre suas origens, de acordo com Brad Bushman, coautor do estudo e professor
de comunicação e psicologia na Universidade de Ohio. Publicado na edição on-line
da revista “Proceedings”, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos,
este é o primeiro estudo a abordar como esse traço de personalidade se
desenvolve ao longo do tempo.
“As crianças acreditam quando seus pais lhes dizem que eles são mais
especiais do que os outros. Isso pode não ser bom para eles ou para a
sociedade”, disse Bushman, que conduziu o estudo com o principal autor Eddie
Brummelman, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Amsterdã, na
Holanda.
Assim, ainda que com a melhor das intenções, os pais acabam errando na
mão enquanto pensam que estão ajudando na autoestima.
O estudo envolveu 565 crianças na Holanda, que tinham de 7 a 11 anos
quando o estudo começou, e seus pais. Eles completaram pesquisas quatro vezes,
a cada seis meses de intervalo. A supervalorização parental das crianças foi
medida com uma escala que se baseava no quanto mães e pais concordaram com
afirmações como “Meu filho é um grande exemplo para as outras
crianças seguirem”. Em seguida, as crianças e os pais relataram o quanto os
pais mostraram calor emocional, com os participantes, indicando o quanto eles
concordaram com afirmações como “Meu filho/minha filha sabe que eu amo ele/ela”
(ou “Meus pais falam que me amam”).
Os níveis tanto de narcisismo quanto de
autoestima dos pequenos foram medidos. Ao contrário do que muitos pensam,
afirmam os pesquisadores, narcisismo não é apenas autoestima concentrada. Neste
estudo, as crianças com alta autoestima, ao invés de ver a si mesmos como mais
especial do que os outros, concordaram com as declarações que sugeriam que elas
estavam felizes consigo mesmas e gostava de quem eram.
“As pessoas com autoestima elevada acham que elas são tão boas quanto as
outras, ao passo que os narcisistas acham que são melhores do que os outros”,
disse Bushman. “A supervalorização previu narcisismo, não autoestima, enquanto
que o afeto previu autoestima, não narcisismo”, disse Bushman.
Um estudo anterior por Brummelman, Bushman, e vários colegas tentaram
medir o quanto alguns pais realmente acreditam que seus filhos são os melhores.
Neste estudo, tópicos como o astronauta Neil Armstrong e o livro “Revolução dos
Bichos” foram apresentados à família de jovens 8 a 12 anos de idade. Os pais
foram, então, convidados a responder quão familiar esses itens eram para seus
filhos. No entanto, os pesquisadores também incluíram itens que não existiam,
como a “Rainha Alberta” e “O Conto do Coelho Benson”.
“Os pais que supervalorizavam tendiam a afirmar que o seu filho tinha
conhecimento de muitos temas diferentes - mesmo os inexistentes”, disse
Brummelman.
No entanto, a supervalorização não é a única causa do narcisismo em
crianças. Assim como outros traços de personalidade, é em parte resultado da
genética e os traços temperamentais dos próprios filhos - isso é, uma criança
pode ser mais propensa que outra a ser narcisista.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/estudo-mostra-que-pais-podem-ajudar-criar-pequenos-narcisistas-15545501#ixzz3U2fpwcoa
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Olá! Em primeiro lugar, gostaria de reconhecer e agradecer a seriedade do blog: leio avidamente todas as matérias e elas são fontes de reflexão e aperfeiçoamento da educação que procuro oferecer ao meu filho. Sobre esse texto, especificamente, paira uma dúvida atroz: qual a medida? Entendo bem, com base em outros textos, do qual destaco o estudo do Daniell Golleman no livro Inteligência Emocional, que afirmam que a questão central para formação da estima não reside em se elogiar em demasia. E sim, procurar na medida em que as crianças superem desafios, cumpram tarefas, obedeçam, por exemplo. Mas, por outro lado, penso que incentiva-las com palavras que as levem a ser melhores, demonstrando amor e benevolência, não fazem com que as tornem narcisistas. Muito difícil achar o equilíbrio dessa questão!
ResponderExcluirObrigada, Sueli ! :) Concordo com a sua colocação !
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