Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

https://www.facebook.com/groups/aspergerteaesuperdotacaoporclaudiahakim/?ref=share

quinta-feira, 31 de março de 2016

Sobre a polêmica envolvendo o meu texto que fala sobre superdotação / altas habilidades e inteligência superior



Gostaria de agradecer aos meus leitores e público do Facebook, que visualizou por mais de 25.000 vezes este meu texto que fala sobre altas habilidades / superdotação e inteligência superior : http://maedecriancassuperdotadas.blogspot.com.br/2016/03/qual-e-diferenca-entre-superdotacao.htmlfruto de muita pesquisa minha na minha pós graduação em Neurociências e Psicologia Aplicada e que foi objeto do meu TCC (Superdotação e Dupla Excepcionalidade). Este número enorme de visualizações mostra o quanto o tema ainda é desconhecido pelas pessoas, que buscam respostas para as dúvidas que a área apresentam. Já surgiram, inclusive, posts no face, dando uma interpretação diferente ao que escrevi. Resultado, acredito, da falta de interpretação. Talvez as pessoas que estejam comentando o meu post do Blog não tenham atentado para a sua integralidade e que eu apresentei, neste texto, dois pontos de vistas existentes nesta área : o da psicometria e o de Renzulli e Gardner, que exaltei ser a linha mais conhecida e adotada, atualmente. 

Não me posicionei a favor nem de uma ou de outra linha. Mas, dei a minha interpretação ao tema, resultado de muita pesquisa, por mim realizada, durante a minha pós graduação e elaboração do meu TCC, que já virou um livro e que será publicado, em breve. Eu começo e termino escrevendo no meu texto, que o tema em questão é bem complexo e polêmico. Dou a visão da psicometria, mas também dou a visão da pedagogia, que sei que é a visão mais aceita mundialmente e atualmente sobre o conceito de superdotação, que é a visão de Renzulli e Gardner e expliquei, no meu texto, que nossa legislação incorpora o conceito de Renzulli e Gardner para conceituar e definir o superdotado. 

Porém, eu tenho uma visão diferente dos pedagogos, mesmo sabendo qual é a visão deles e que ela é a mais aceita. Ainda penso que não se pode acelerar uma criança só porque ela é superdotada do tipo produtivo criativo e acho que QI acima de 130 é necessário para se pensar em uma aceleração de série (além da maturidade do aluno). 

Porém, pessoas que apresentam altas habilidades em quaisquer uma das áreas tais como artes, música, esporte, liderança e criatividade podem ser atendidos pelos Naahs ou salas de recursos. Falei isto, claramente, no meu texto. Mas, não são sujeitos que precisam ser acelerados. Então, falar que são sinônimos, ao meu ver, não são. E sei que alguns especialistas (e não todos) os consideram como sinônimos.

A barra utilizada na legislação, por sua vez,  (AH/SD) dá margem aos operadores do direito à uma interpretação dúbia. Quem trabalha na área do direito, como eu, sabe da dificuldade que é interpretar uma lei e como as leis, mal redigidas, podem gerar muita dubiedade. Este, ao meu ver, é um desses casos. Da forma como a lei fora escrita, ela pode representar como sinônimo (AH/SD), como também pode significar a expressão E /OU. Para ilustrar tal hipótese, dou como exemplo o caso de uma pessoa com autismo, e que possui um QI de 116 e que apresente altas habilidades (hiperfoco) em história. Nós do Instituto Brasileiro de Superdotação e Alterações do Neurodesenvolvimento não consideramos esta pessoa como superdotada, e temos muitos destes casos em nosso instituto. E é assim que os neuropsicólogos vêem a questão. Ele indivíduo tem direito a atendimento educacional na área de história, neste caso, mas nós, do IBSDND, não o consideramos como SD. Como o tema é polêmico e complexo, existem várias vertentes e visões diferentes, que devem ser respeitadas. 

Mas, sei que para alguns especialistas da área, principalmente aqueles que têm o viés da pedagogia, o consideram como SD. Como eu disse, o tema é o polêmico e controverso e perguntei a opinião dos leitores a respeito. Entretanto, eu acredito (e disse isto no meu texto) que esta pessoa com autismo e QI de 116 possa ser atendida em suas "altas habilidades" (habilidades extraordinárias, neste caso) pelos NAAH´s ou salas de recursos. Este é o sentido da barra altas habilidades/superdotação.

Coloquei em palavras tudo o que se fala sobre este assunto, ao redor do mundo. De certo que algumas pessoas podem pensar diferente de mim e respeito do tema, e compreendo como pensam e porquê.  Todavia, minha visão não é somente a de advogada, mas também de especialista em neurociências e psicologia aplicada que eu sou. Tenho total ciência de que Renzulli e Gardner, que são os mais reconhecidos em termos de SD, não se baseiam em testes de QI para definir e conceituar o SD. Falei isso no meu texto, assim como demonstrei que inteligência superior é uma classificação usada em testes de inteligência. Falei dos tipos de SD (produtivo criativo e acadêmico) que Renzulli menciona. Concordo, também, que nada impede que uma pessoa seja as duas coisas ao mesmo tempo (Superdotado produtivo criativo e acadêmico). Em momento algum, os considerei como um ou outro. E também concordo que, em geral os SD do tipo produtivo criativo não têm QI muito sujeprior nos testes de inteligência e até indiquei a escala. Eu respeito a linha de Renzulli e concordo com tudo o que ele fala, mas, se estivermos falando em aceleração de série na escola, acredito que temos, sim, que nos basear em um QI muito superior. Ressalto : respeito a teoria de Renzulli. A acho sensacional. E acho super válida e nossa legislação a incorporar. Mas, acho que para fins de aceleração de série temos que pensar no tipo acadêmico. 

Muitos especialistas tendem a considerar como SD todos os aspergeres,  sem fazer distinção entre um e outro. É o ponto de vista deles. Agora que tenho formação e especialização em neurociências e psicologia aplicada, já posso dizer que está não é a minha visão do assunto. Enfim, que todos os que precisarem de atendimento educacional especial, sejam SD, ou com altas habilidades ou sinônimos os tenham, pois a lei (com /, com sinônimo ou não), assim os permite. 


Como advogada, interpreto que a legislação, ao usar / (BARRA) entre a palavra não necessariamente a refere como sinônimo, pode ter querido incorporar no mesmo grupo tanto as pessoas superdotadas quanto as que apresentam algum tipo de habilidade acima da média (autistas com hiperfoco e que não têm qi acima da média). A barra pode significar várias coisas. O que importa é que todos os casos previstos nas leis de educação especial, que usam o termo ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO tenham atendimento, não importando o viés que o especialista da área tenha sobre este assunto.

Obrigada, mais uma vez, caros leitores, pela leitura de vocês acerca dos meus textos e blog, e que ajudam a difundir, cada vez mais, este tema tão polêmico.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente com vc! Muito nos esclarece e orienta esse texto.

    ResponderExcluir
  2. Claudia a SD é um assunto complexo. Continuo a entender o seu texto e a sua posição como esclarecedora e bastante util.

    ResponderExcluir
  3. Claudia a SD é um assunto complexo. Continuo a entender o seu texto e a sua posição como esclarecedora e bastante util.

    ResponderExcluir
  4. Cláudia, é um prazer ler teus textos e entender quase tudo, agora, depois de 3 anos do curso de Psicologia. Quero especializar-me nessa área e trazer as contribuições do profissional Psicólogo para a pessoa com AH/SD, seus pais e familiares, amigos e cônjuges, ambiente educacional e ambiente profissional. Esta não é uma questão somente para Pedagogos e Advogados. É uma questão multifatorial e exige interação multidisciplinar, interdisciplinar e, nos grupos mais maduros, um trabalho sério transdisciplinar, sempre contando com a presença de Psicólogos, Psicopedagogos, Neuropsicólogos, Neurologistas e demais especialistas que cada caso demandar. Minha visão como Psicóloga é levar mais qualidade de vida ao indivíduo com AH/SD. Adiantar a série somente será uma boa estratégia se isso lhe trouxer mais qualidade de vida e o aproximar de sua melhor versão. Como portadora de AH/SD senti na pele os efeitos de não ter podido avançar na escola, mas afirmo que isso não é o maior problema do mundo para os AH/SD. Há outros desafios, de todos os tamanhos e em todas as esferas, ao longo da vida. Contem comigo!

    ResponderExcluir