
Henrique abriu uma empresa com um amigo há dois anosArquivo pessoal
Henrique Vasconcelos Dubugras, 19 anos,
foi um aluno inquieto no ensino fundamental, daqueles que insistem em
questionar a professora sobre conteúdos adiantados que constam nos livros
didáticos.
Aos 12 anos, programou pela primeira
vez um game no computador. A iniciativa dizia muito sobre a sua facilidade de
assimilar conteúdos complexos, mas para seus pais a atividade não passava de
uma brincadeira.
O passatempo fez o pequeno prodígio
conseguir um emprego como programador aos 14 anos.
— Basicamente, eu programava jogos
porque eu não podia pagar pelos games que existiam na internet. Meus pais
achavam que eu passava o dia jogando, mas estava programando.
A trajetória incomum fez com que o
estudante fosse convidado a ter aulas complementares no Instituto Alpha Lumen,
na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, quando cursava o
terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual Bendito Matarazo.
O instituto é especialista em
reconhecer em escolas privadas e públicas estudantes superdotados.
“Assim que achamos esses alunos,
corremos para fazer parcerias que permitam a eles estudar em universidades
públicas brasileiras ou até fora do País”, conta Nuricel Aguilera, fundadora da
instituição.
Ela foi a primeira a cogitar que
Dubugras era um estudante com altas habilidades devido à sua história e
trajetória escolar.
— Trabalho há 40 anos com educação e
trabalhei muitos anos com esse perfil. Esses estudantes são questionadores,
acabam as atividades muito rapidamente, são mais introspectivos. Mas quando o
aluno e a escola não sabem da superdotação, isso se perde. Para se desenvolver
as altas habilidades, é precioso oferecer altas oportunidades e fazemos isso
propondo desafios de estudos.
Aplicação
Dubugras afirma que sempre teve
vontade de estudar em uma universidade de excelência fora do Brasil. Portanto,
quando foi apresentado a Nuricel, não pensou duas vezes.
— Contei toda a minha trajetória para
fazer sites e ela me ofereceu uma bolsa. Frequentei o instituto depois da
escola durante o terceiro ano do ensino médio, no contraturno. Eu assistia às
aulas das matérias que eu mais precisava, que eram física e matemática.
Para conseguir uma vaga em uma
universidade norte-americana, o jovem utilizou informações que tinha da época
em que criou um site sobre o tema.
— Na empresa em que trabalhei desde os
14 anos, fui motivado pelo meu chefe a conseguir um investimento de R$ 30 mil
da Fundação Lemann para criar um site sobre orientações para brasileiros que
querem estudar no exterior.
Dubugras usou as informações do
portal a seu favor anos depois. Fez quatro provas diferentes para candidatos
estrangeiros interessados a estudar em Stanford: uma avaliação de inglês, outra
de inglês e matemática, outra só de matemática e uma última de física.
— Também tive que mandar redações sobre
minha vida para a universidade em inglês. Listei todas as minhas atividades
extracurriculares além dos projetos de sites, encaminhei cartas de recomendação
dos meus professores e preenchi um currículo. Quatro meses depois, recebi uma
resposta.
Ele foi aprovado na Universidade de
Stanford no final de 2013, mas continua no Brasil para desenvolver um novo
projeto. As aulas mesmo ele irá frequentar a partir de 2016.
— Vou ficar aqui no Brasil esses anos
para fazer dar certo a empresa que criei com um amigo [Pedro Franceschi] em
2013. Depois vamos para os Estados Unidos.
A empresa em questão se chama Pagar.me,
site que possibilita fazer pagamentos pela internet facilmente. A ideia é fazer
com que o portal chegue a uma rotatividade de R$ 500 milhões em pagamentos
anualmente.
— Com a minha formação, quero fazer
empresas de tecnologia como a Pagar.me. Não ligo para a fama, mas, se eu
conseguir construir algo tão grande como o Facebook, vou achar legal.
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