Extraído do site : http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/02/24/insper-traz-ao-brasil-ensino-de-engenharia-inedito-aulas-ja-comecaram/
Insper traz ao Brasil ensino inédito de
engenharia; aulas já começaram
POR SABINE
Nesta semana, um novo grupo de 90
estudantes vai passar a frequentar o prédio da instituição de ensino
superior privada Insper, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo: os alunos de
engenharia.
Famoso por cursos de elite em economia e de
administração, o Insper agora entrou com tudo na formação de
engenheiros nas especialidades mecânica, mecatrônica e computação. A
diferença em relação a outras escolas brasileiras, dizem os idealizadores da
nova graduação, é que o foco da formação dos engenheiros do Insper não será
técnico –traduzida em muitos números e cálculos. A ideia é formar engenheiros
empreendedores.
“O objetivo é formar engenheiros capazes de
inovar, de criar produtos e de empreender. Priorizamos o aprendizado de
competências ligadas ao empreendedorismo, gestão de projetos e o trabalho em
equipe”, explica Irineu Gianesi, diretor dos cursos de engenharia.
Por que essa iniciativa é interessante? Simples:
porque é novidade no Brasil. Por aqui, a formação de engenheiros predominante
ainda tem salas de aula com carteiras enfileiradas, lousas cheias de cálculos e
muitas horas de aula expositiva.
Para desenhar o novo curso de engenharia, o Insper
foi beber na fonte de escolas de ponta dos EUA. Trouxe alguns conceitos, criou
outros. OAbecedário visitou recentemente as instalações de
engenharia do Insper e viu que lá, assim como nas melhores escolas de
engenharia do mundo, não há carteiras individuais: todos os alunos trabalham em
grupos. Isso, claro, muda toda a dinâmica de ensino. O professor –a ideia é que
sejam dois por aula–acaba assumindo um papel de guia e orienta os exercícios,
que são baseados em resolução de problemas.
PROFESSORES EMPREENDEDORES
E os professores estão acostumados com essa
dinâmica menos expositiva? Não, claro que não. “Encontrar professores com um
perfil mais empreendedor é um dos desafios do curso”, disse o engenheiro
eletricista Vinicius Licks ao Abecedário. Ele foi o
primeiro professor contratado para as engenharias do Insper, depois de um
período que passou na Universidade Harvard, a melhor do mundo de acordo com
rankings internacionais. Hoje, a escola tem cerca de 15 docentes; algumas
aulas também serão comandadas por CEOs, por investidores e por empreendedores.
Licks é autor, por exemplo, de uma disciplina
interessante chamada “grandes desafios da engenharia”. A ideia do curso é
apresentar um problema social, discutir suas dimensões e levantar soluções de
engenharia. Neste primeiro ano, a disciplina vai tratar de mobilidade urbana;
no ano que vem o tema deve mudar. “A ideia é que os alunos sejam capazes de
pensar em soluções e de apresentá-las, de comunicá-las”, diz. Os alunos serão
avaliados pela sua capacidade de comunicação oral e escrita, pelo conhecimento
do contexto e pelo trabalho em equipe.
Quem derrapar durante o curso será acompanhado de
perto por mentores e por um coaching –outra novidade. Esses profissionais
também vão ajudar os estudantes a desenhar individualmente a sua carreira.
Todas essas novidades, claro, têm um preço: são
R$3.500 mensais que os alunos pagam pelo ensino em período integral –lembrando
que as aulas ocupam uma parte do dia e, na outra, os estudantes se ocupam em
atividades em laboratórios e em espaços de inovação e de empreendedorismo. Dos
90 alunos aprovados em uma processo seletivo que teve até dinâmica de grupo, 12
são bolsistas.
POUCAS VAGAS
O Insper ainda não tem planos ambiciosos de
expansão. Deve aumentar de 90 para 120 o número de alunos de engenharia no
próximo ano. Para se ter uma ideia do que isso significa, a Poli-USP
oferece, hoje, 750 vagas por ano.
Os novos engenheiros do Insper tampouco vão
“resolver” a falta de engenheiros do país. O Brasil forma hoje cerca de 40 mil
engenheiros anualmente –mais ou menos metade do que precisaria para se
desenvolver minimamente. Mas isso não importa agora. Se a nova escola no
Insper ajudar a estimular e a espalhar a ideia de ensino de empreendedorismo e
de inovação entre aqueles que mais devem criar –os engenheiros– o ganho já será
grande.
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