Você já ouviu falar do desejo inconsciente de uma
mãe ter um filho superdotado ?
Pois é.. a psicologia tem uma explicação para
isso, em artigos científicos.. Achei interessante a abordagem. A quem
interessar, segue o link do artigo sobre este tema :
Extraído do artigo acadêmico : http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n5/152-09.pdf
The influence of the
parental desire in the high abilities/superendowment: a psychoanalytical
approach Janaína Pereira Pretto (1)
Rev.
CEFAC. 2010 Set-Out; 12(5):859-869
De acordo com a revisão de literatura discutida, no processo
de constituição do superdotado, foi possível constatar a presença maciça da
sexualidade dos pais, principalmente no que esta se refere ao desejo materno. A
criança superdotada, embora de uma forma inconsciente, pode ser um substituto
capaz de recobrir as perdas da infância, o retorno ao tempo perdido, os amores
perdidos, os ideais parentais, atendendo prontamente à demanda incondicional do
Outro. Neste sentido, as altas habilidades/superdotação surgem como um traço,
direcionado a responder ao fantasma parental, sobretudo, naquilo que este se
relaciona ao desejo materno.
Mannoni (1), ao colocar que a demanda da mãe em relação ao filho
se constitui no invólucro de seu desejo perdido, faz uma menção à função que o superdotado ocupa para sua mãe,
perguntando-se sobre o que ocorre quando a mãe solicita que o filho seja
inteligente. A autora responde ao questionamento afirmando que por trás dessa fantasia materna há demanda
de outra ordem relacionada ao histórico da mãe, diante do qual a criança permanecerá
como sombra. A relação mãe-filho vai estabelecer-se através de um prisma
deformante. A criança não sabe que é chamada a desempenhar um papel para
satisfazer o voto inconsciente da mãe (papel do superdotado, do débil, do
doente). Sem o saber, ela é certo modo ‘raptada’ no desejo da mãe (p.43).
Já o
desejo narcisista da mulher que quer se
completar por meio da criança é mais diferenciado. A mãe vê, na criança desejada, em primeiro lugar, uma extensão de seu
próprio self, um apêndice de seu corpo. A criança dá, para essa mãe, nova potência
a sua imagem corporal, acrescentando-lhe uma dimensão a mais, que pode ser
orgulhosamente exibida. Ao lado do desejo de ser completo há ainda a fantasia
da simbiose, da fusão com a criança, desejo este que vem acompanhado da vontade
de retornar à unidade com a própria mãe. Ao proporcionar oportunidade de
gratificação de tais fantasias de simbiose, a gravidez é também uma época para
sonhar e se deleitar com fantasias de união. Depois do nascimento do bebê, o
desenvolvimento e a continuidade das atitudes de apego maternal dependem da
capacidade que a mulher tem de retomar suas fantasias de unidade com a própria
mãe. O futuro bebê encerra em si a promessa de uma relação íntima, de uma
realização de fantasias de infância.
O desejo
acalentado pela mulher de gerar uma criança pode também conter em si a
esperança da autoduplicação, mantendo uma noção de imortalidade: a criança será
um testemunho vivo da continuidade da existência da mãe. Brazelton e Cramer (2),
dizem que esse fenômeno é o desejo da mãe de se espelhar na criança. Esse
anseio pela imagem especular abarca também os ideais e a tradição familiar,
pois a criança representa, nesse sentido, uma promessa de continuidade, uma
personificação desses valores.
Se você
achou interessante, então, leia mais o artigo todo, cujo link está aqui :http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n5/152-09.pdf
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA :
1 - . Mannoni M. A criança retardada e a mãe. São Paulo:
Martins Fontes; 1988.
2 - 15. Brazelton TB, Cramer GB. As primeiras relações. São
Paulo: Martins Fontes; 1992.
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