Confira, aqui, neste
link : http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/09/1518702-escolas-comuns-afirmam-receber-alunos-com-necessidades-especiais.shtml
João
Tavares, 17, aluno do Graphein
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"Todas as crianças devem aprender
juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou
diferenças [...]."
É o que diz o item 7 da declaração de
Salamanca (1994), que gerou diretrizes para a educação inclusiva no mundo.
Segundo essa concepção, a escola deve estar preparada para receber todos os
tipos de alunos.
Uma criança com síndrome de Down, por
exemplo, deve frequentar o ensino regular com outras crianças.
Para atender a necessidades específicas do
aluno com deficiência ou transtorno de comportamento (como hiperatividade e
deficit de atenção), as atividades podem ser adaptadas -e outras formas de
avaliação, consideradas.
Nessa perspectiva, o trabalho do
atendimento especializado deve ser complementar, de forma a "prover
condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular",
segundo o decreto 7.611 de 2011.
"Não é um reforço escolar, e sim um
atendimento que visa quebra de barreiras", explica a fonoaudióloga Viviane
Périco, supervisora do Serviço de Apoio à Inclusão Escolar da Apae de São
Paulo.
Colocar essa proposta em prática, no
entanto, ainda é um desafio. Segundo o Datafolha, 10% dos colégios consultados
em São Paulo afirmaram não atender crianças com deficiência.
Apesar de não haver mecanismo para
obrigá-los a aceitar todos os tipos de alunos, uma política escolar inclusiva
acaba sendo um diferencial que pode beneficiar também estudantes sem
deficiência, afirma Vitor Paro, pedagogo e professor titular aposentado da USP.
NOVO PAPEL
"Com a nova política de educação
inclusiva, os colégios 'especiais' estão sendo reinterpretados. É um engano
pensar que eles deixarão de existir, mas não serão como antes", diz Eder
Pires de Camargo, professor da Unesp e coordenador de um grupo de pesquisa
nessa área.
Em Perdizes (zona oeste), o colégio
Graphein aplica a "educação singularizada" -com um planejamento pedagógico para cada aluno.
Isso possibilita que turmas não sejam
necessariamente formadas por estudantes da mesma faixa etária, mas sim que
estejam em fase semelhante do desenvolvimento cognitivo, emocional e social.
"A escola é que deve se adaptar ao
aluno, e não o contrário", diz a coordenadora, Paula Cantos.
A seguir, conheça três trajetórias de
inclusão em escolas comuns.
Alfabetização, namoro e natação
No Graphein desde 2009, João está no
primeiro ano do ensino médio. Com um atraso no desenvolvimento da aprendizagem,
aos 12 anos, ele ainda não era alfabetizado.
Além da alfabetização, o colégio fez um
trabalho de mediação que permitiu o desenvolvimento de amizades.
Hoje no primeiro ano do ensino médio, João
namora e pratica natação.
Recentemente, tem competido (e ganhado) em
piscinas e em provas de mar aberto.
Escola melhorou socialização
Após seis meses no colégio Mackenzie
(centro), Joaquim melhorou na socialização e no convívio com os colegas.
Autista, "ele tinha dificuldade de
ficar na biblioteca e no teatro. Hoje ele já fica com tranquilidade", diz
a coordenadora Márcia Régis.
O plano pedagógico e as avaliações foram
adaptadas para o menino, além de um preparo realizado com os colegas.
Há reuniões mensais entre pais,
professores e terapeutas, conta a mãe, Ana Paula Barros.
Escriba e prova ampliada
Luíse só consegue ler textos com letras
enormes ou utilizando uma lupa eletrônica, que pode custar até R$ 10 mil.
A aluna do Agostiniano Mendel (zona leste
da capital) gosta de ir ao cinema. "Geralmente alguém descreve pra
mim", conta.
Boa aluna, Luíse perdeu grande parte da
visão aos nove.
Na escola, tem o auxílio de uma ledora, de
uma escriba e provas ampliadas nas avaliações.
Confiante, Luíse prestará o vestibular
para direito.
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