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sexta-feira, 10 de maio de 2013
Em audiência pública na Câmara dos
Deputados na última terça-feira, dia 7, deputados, especialistas e
gestores discutiram políticas educacionais para os alunos com altas
habilidades ou super dotação. Dados de 2012 do último Censo Escolar
revelam que existem por volta de 11 mil estudantes com desempenho intelectual
acima da média matriculados na educação básica.
Para a pedagoga Vera Lúcia Pereira, que
representa o Conselho Brasileiro para Super dotação há muito alunos
superdotados que não foram identificados na rede escolar.
“Infelizmente, poucas escolas sabem como
trabalhar com esse tipo de alunado e cabe a nós, especialistas em altas
habilidades, fazer a identificação corretamente e saber diferenciar alguém bom
de alguém superdotado”, diz a educadora Camila D´Amico, coordenadora do
Colégio Graphein, em São Paulo, especializado em trabalhar com alunos
especiais, entre eles, os superdotados.
Segundo Camila, para aprender a detectar
talentos, os educadores precisam estudar conceitos de inteligência,
precocidade, talento e aprender a identificar as características desses
estudantes e a trabalhar com eles e suas famílias. “Um talento não
identificado e não estimulado é um talento perdido”, diz a educadora
especialista.
Durante a audiência, foi salientada a
falta de recursos financeiros, de estrutura adequada e de professores
capacitados para atender estes estudantes. O Brasil tem apenas 27 centros de
atendimento especializados.
Para D´Amico, é necessário que o
educador conheça algumas estratégias de ensino que ajudam no processo
de aprendizagem do aluno. Entre elas, cita.
- Conhecer o estudante e seus
centros de interesse.
- Elaborar adaptação curricular a fim de
deixar o conteúdo conceitual menos repetitivo e entediante.
- Envolver os pais no processo ensino
aprendizagem.
- Propor ao estudante contato com outros
que possuem interesses iguais aos seus e/ou nível de inteligência semelhante.
- Oferecer experiências de aprendizagens
variadas.
- Evitar rotular o estudante de
superdotado para a turma, pois isso gera uma cobrança sobre ele.
“ Trabalhar esses estudantes não é
tarefa fácil, mas necessário. Esse potencial não desenvolvido, pode se perder
por falta de estímulo e incentivo. O “superdotado/altas habilidades” é um
grande desafio aos educadores, que se torna pólo de referência do
desenvolvimento desse aluno”, diz D´Amico.
Para identificar o aluno com o perfil de
“altas habilidades”, é observar se ele apresenta:
- Boa memória;
- Liderança;
- Iniciativa;
- Facilidade de interagir com crianças
mais velhas e adultos;
- Riqueza na elaboração e fluência de
ideias;
- Originalidade para resolver problemas;
- Alto grau de curiosidade;
- Comportamento atípico;
- Habilidade para lidar com questões
abstratas, entre outras.
A presidente da Associação de Pais,
Professores e Amigos dos Alunos com Altas Habilidades ou Super dotação do
Distrito Federal, Valquíria Theodoro, acredita que, no atual quadro, futuros
talentos estão sendo desperdiçados.
"Nós temos mentes brilhantes, temos
capital humano escondido nas salas que pode, futuramente, trazer soluções e
resultados para inúmeros problemas que temos hoje."
Na mesma linha, o deputado Eduardo
Barbosa (PSDB-MG) afirmou que o tema encontra pouca visibilidade, inclusive na
Comissão de Educação. "Esse tema passa de forma muito superficial em todas
as discussões", disse.
A mudança pode vir com a tramitação na
Câmara de projeto de lei do Senado (PL4700/12) que cria um cadastro nacional de
alunos com altas habilidades ou super dotação matriculados na
educação básica ou superior. A proposta vai ser analisada pelas comissões de
Educação; e de Constituição e Justiça, sem necessidade de aprovação em
Plenário. A audiência desta terça-feira foi sugerida pelos deputados Nilmário
Miranda (PT-MG) e Erika Kokay (PT-DF).
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