Texto extraído do livro escrito pelo Dr.
Mauro Muszkat e que teve a colaboração da Dra. Christina Cupertino,
coordenadora do Núcleo Paulista de Atenção à Superdotação (do qual eu sou
assessora jurídica), chamado : “Inclusão e Singularidade, Desafios da Neurociência Educacional", Editora All Print, pág 81 e segs. Para
adquirir o livro, entre no site : http://www.allprinteditora.com.br/inclusao-e-singularidade-desafios-da-neurociencia-educacional
A superdotação
manifesta-se principalmente como uma assincronia no desenvolvimento. Uma ou
mais capacidades desenvolvem-se primeiro ou mais que as outras, que permanecem
no seu nível normal de desenvolvimento ou até abaixo dele. A pessoa com altas
habilidades tem um desenvolvimento desigual nos diferentes aspectos que a
constituem, confirmando que o estabelecimento definições implica mais
relatividade que dados precisos e absolutos.
É dessa maneira que
funciona a maioria dos superdotados, em oposição aos raríssimos casos de
pessoas com múltiplas capacidades. Podemos assumir que são crianças ou pessoas
como as outras, que se destacam em um aou mais área do empreendimento humano.
Essa pessoa faz aquelas coisas com mais frequência, melhor que os outros e
emlhor que as coisas que ela mesma faz.
Nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, são apontadas as seguintes características gerais
observadas em pessoas com altas habilidades : alto grau de curiosidade ; boa
memória ; atenção concentrada ; persistência ; independência e autonomia ;
interesse por áreas e tópicos diversos ; facilidade de aprendizagem,
criatividade e imaginação, iniciativa ; liderança, vocabulário avançado para a
idade cronológica ; riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de
idéias) ; habilidade para considerar pontos de vista de outras pessoas ;
facilidade para interagir com crianças mais velhas ou adultos ; habilidades
para lidar com idéias abstratas ; habilidades para perceber discrepâncias entre
idéias e pontos de vista ; interesse por livros e outras fontes de conhecimento
; alto nível de energia ; preferência por situações / objetos novos ; senso de
humor, originalidade para resolver problemas.
Com relação á
afetividade e à sociabilidade, temos dois cenários possíveis. Quando são
atendidas em suas necessidades, as pessoas com altas habilidades tendem a ser
bem-sucedidas e felizes. São mais sensíveis que as demais, preocupam-se com as
consequências, uma vez que têm uma visão mais ampla e completa dos
acontecimentos e de suas repercussões. São capazes de grande empatia e
interessadas por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais.
Se não forem
atendidas, podem apresentar problemas como : dificuldades de relacionamento com
colegas da mesma idade que não compartilham dos mesmos interesses ;
perfeccionismo ; vulnerabilidade a críticas dos outros e de si mesmo ;
indisciplina, especialmente frente a tarefas pouco desafiadoras ; tédio ;
questionamento de regras.
Temos que lembrar
que tais listas de características servem para refinar o olhar de quem
desconfia de que está diante de uma pessoa com altas habilidades, mas, não são
fixas. Constituem configurações pessoais, nas quais algumas podem estar
presentes e outras não.
A assincronia no
desenvolvimento pode manifestar-se, também, de forma muito acentuada, nos casos
de duplas excepcionalidade. Nesses casos, a mesma pessoa é capaz de desempenho excepcional
em um ou mais domínios, mas apresenta déficits de algumas funções. As altas
habilidades podem estar associadas à deficiências físicas, auditivas ou visuais
ou aos demais transtornos e síndromes, o que gera especificidades bem definidas
para seu atendimento adequado. A dupla excepcionalidade demanda atenção
especial, uma vez que podemos deixar passar uma alta habilidade oculta pelo que
já classificamos como deficiência ou, como vem sendo cada vez mais comum, transtorno
de comportamento.
Lembretes :
1 – A criança com
altas habilidades/ superdotação precisa ser identificada de modo a ter suas
necessidades educacionais especiais atendidas. O superdotado não “vai sozinho”
por ter um dom.
2 – Crianças superdotadas
precisam de intervenções efetivas no ambiente escolar para que possam
desenvolver suas capacidades.
3 – A identificação
das altas habilidades deve se basear em dados qualitativos e quantitativos,
pois os comportamentos inteligentes assumem configurações particulares.
4 – Da mesma forma
que a identificação, o planejamento de atividades deve corresponder às
particularidades de cada caso de altas habilidades na escola.
5 – A genialidade é
apenas uma das muitas manifestações das altas habilidades, que podem aparecer em
diferentes graus.
Sobre o
livro do Dr. Mauro Muszkat :
Delineamos neste pequeno
livro algumas ideias sobre conceitos centrais na inclusão escolar frente às
necessidades de aprimorar a interface saúde e educação e singularizar o
acompanhamento de pessoas com deficiências diante de falsos mitos e
preconceitos que cerceiam uma postura mais solidária e pragmática para as
questões complexas da inclusão. Abordamos também a delimitação de estratégias
assertivas para compreender pessoas com problemas na percepção e cognição
social e aspectos conceituais e práticos relacionados às crianças com altas
habilidades, discutindo alguns pressupostos teórico-práticos no gerenciamento
de metas em equipes interdisciplinares apresentando o SERENE enquanto projeto
interdisciplinar na abordagem de pessoas com transtornos neuropsiquiátricos e
do neurodesenvolvimento.
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