Extraído do site : http://ocientista.com.br/bullying-e-superdotados-existe-uma-relacao/
Por Rodrigo Ferreira em 6 de fevereiro de 2013
Nos últimos anos, um tipo específico de
violência escolar tem atraído tanto a atenção da literatura especializada
quanto da grande mídia, sendo inclusive considerado um problema de saúde
pública: o bullying. O
fenônemo se refere aos comportamentos agressivos, físicos ou não, praticados
intencionalmente e repetidamente, onde os envolvidos possuem uma relação
desigual de poder.
Especialistas apontam que o bullying tem maior probabilidade de ocorrer
entre crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais, grupo
esse que abrange crianças com deficiências mentais, com dificuldades de
aprendizagem e com altas habilidades (superdotados). Dois
pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora publicaram um artigo na
revista Psicologia: Reflexão e
Crítica onde descrevem sua
pesquisa sobre como o bullying ocorre entre os alunos com e sem altas
habilidades.
Para isso, os psicólogos Juliana Oliveira
e Altemir Barbosa aplicaram um Questionário de Bullying a 339 alunos do 6º ao 9º ano do ensino
fundamental de uma escola pública da zona da mata em Minas Gerais, sendo 148
(43,7%) do sexo masculino. Do total de alunos, 59 (17,4%) foram identificados previamente com altas
habilidades, sendo que 25 (42,4%) destes eram do sexo masculino.
Os pesquisadores constataram que não
houve diferença em relação ao envolvimento com bullying. Ambos os grupos de alunos com e sem altas
habilidades apresentaram um envolvimento em torno de 30%. Mesmo quando os
grupos foram subdivididos em vítimas, agressores e vítimas-agressivas não foi
encontrada diferença significante. No que se refere ao tipo de agressão
(físicas, não físicas ou ambas) os resultados também foram semelhantes. O estudo revelou também que os
alunos com habilidades especiais apresentam comportamento de auxílio às vítimas
de bullying mais frequente do que os do outro
grupo, e que entre esses alunos aqueles com habilidade especial para artes
tendem a ser mais vitimizados do que os alunos com habilidades em outros
domínios.
Os cientistas reconhecem as limitações do
estudo realizado e encorajam outras pesquisas que venham a utilizar métodos
mais completos e amostras mais amplas, entretanto acreditam que a pesquisa
levanta algumas questões importantes, entre elas estão estimular as
instituições de ensino para que trabalhem para prover um ambiente saudável e
seguro, incentivar os alunos a relatarem os casos de bullying que venham a sofrer ou presenciar e
despertar as famílias, escolas, sociedade e responsáveis por políticas públicas
para a importância do problema e da sua prevenção.
Artigo: OLIVEIRA, J. C.; BARBOSA, A. J. G. Bullying entre estudantes com e sem
características de dotação e talento. Psicologia:
Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 25, n. 4, p. 747-755, 2012. [ Link ]
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