Extraído do site : http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/alunos+pulam+a+faculdade+e+vao+direto+ao+mestrado/n1597165761557.html
Renan, Mateus e Hugo aproveitam competições internacionais para conhecer Europa
Destaques nacionais em matemática são
convidados a começar estudos avançados antes mesmo da graduação
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo
Um dos ditados mais conhecidos da
matemática diz que a ordem dos fatores não altera o produto final. Jovens
estudiosos da área levaram o ensinamento para a carreira acadêmica. Hugo
Fonseca Araújo, de 19 anos, ainda no 2º ano da faculdade, já está no mestrado.
Renan Henrique Finder, da mesma idade, iniciou primeiro o mestrado em 2010 e só
este ano entrou na graduação. O caçula Matheus Seco, 18, está no 1º ano do
curso superior, mas já dá aulas em cursinho.
Os três começaram a estudar conteúdos além da série em
que estavam matriculados ainda no ensino fundamental para participar de
competições educacionais. Todos acumulam prêmios nacionais e internacionais, os
mais recentes da Competição Internacional de Matemática para Universidades, na
Bulgária, no início de agosto. Das 13 medalhas da equipe brasileira, a única de
ouro foi a do calouro da PUC do Rio, Renan, que já está no quarto semestre do
mestrado no Instituto de Matemática Pura Aplicada (Impa). “Na graduação,
confesso que falto bastante, já vi quase tudo”, diz.
Catarinense de Florianópolis, ele participou das Olimpíadas Brasileiras
de Matemática desde a 6ª série, quando se mudou para Joinville com a família.
Desde então, era convidado para a reunião anual de medalhistas no Rio de
Janeiro e foi em uma delas que ouviu falar pela primeira vez na possibilidade
de avançar nos estudos e iniciar pesquisas na área, mas não levou a sério. “Eu
achava que era história fantástica, coisa para gênio, estrela”.
A precocidade começou aos 15 anos. Enquanto a maioria
dos jovens só sai de casa para fazer faculdade, ele se mudou para cursar o
ensino médio. “O colégio onde eu fiz o ginásio não me desafiava e pedi para
morar em São Paulo, com uma tia. Ela me ensinou a me virar sozinho, fazer
supermercado, cuidar da casa, etc.”
"Meus amigos em geral são mais velhos, tanto em casa quanto nas aulas. Às vezes, sou meio bobo, mas acho que em geral amadureci
mais rápido."
Ainda assim, Renan planejava seguir a ordem comum dos estudos. Em 2009,
prestou a primeira fase do vestibular na Universidade de São Paulo (USP) e na
Universidade de Campinas (Unicamp), mas foi convidado a ingressar no Impa e se
mudou para o Rio antes mesmo da segunda etapa do processo seletivo nas
instituições paulistas, em janeiro de 2010. “Vim experimentar o curso de verão e fiquei”, conta.
Só em 2011 começou a graduação, que será exigida para validar seu
diploma de mestrado. Hoje ele tem uma bolsa de estudos e divide apartamento com
outros três alunos da pós-graduação de 25 e 26 anos. “Meus amigos em geral são
mais velhos, tanto em casa quanto nas aulas. Isso tem um lado bom e um ruim,
como tudo quando se trata de relações humanas. Às vezes, sou meio bobo, mas
acho que em geral amadureci mais rápido.”
Outros que anteciparam etapas são Hugo e Matheus. O primeiro é coetâneo
e o segundo, ainda mais novo que Renan. Os três têm muito em comum. Hugo saiu
de Juiz de Fora para fazer o ensino médio no Rio e também é um dos
representantes do Brasil em competições internacionais. Demorou um pouco mais a
começar o mestrado e entrou primeiro na faculdade, por conselho da mãe, Maria
Angélica Fonseca: “Eu sempre achava que era bobagem ele antecipar, pular
etapas, mas ele foi convidado e gosta tanto do que estuda que se dedica de
qualquer forma e acabei concordando”, conta ela, lembrando de quando o filho
pediu para participar de uma competição pela primeira vez. “Era de astronomia e
ele estava no ginásio. Quando ele me falou, eu disse ‘mas você não entende nada
disso’ e ele respondeu que sabia, tinha visto na TV. Então, foi lá, ganhou e
foi representar o Brasil na Índia.”
Matheus é o único que já morava no Rio. Desde o
colegial acompanha algumas matérias do mestrado do Impa como “Introdução a
teoria dos números” e “Tópicos de matemática discreta”, mas ainda não é aluno
oficialmente. Em compensação, alterna as aulas que recebe na graduação com as
que dá em um cursinho para interessados em treinamento para competições
matemáticas. “Não sou professor das aulas regulares, nem poderia, mas os que
querem se aprofundar em matemática fazem aulas especiais comigo”, explica.
Precedente
de sucesso
Antes dos três, Alex Correa Abreu antecipou o mestrado e o doutorado antes da graduação. “Comecei o mestrado aos 15 anos, na minha 8ª série. Primeiro só frequentava as aulas, depois veio a matrícula e em seguida o doutorado”, conta hoje com 25 anos. O que foi rápido na pós, ele demorou na faculdade. Como faltava bastante no curso de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi reprovado algumas vezes e levou cinco semestres a mais para concluir o curso. “Fiz mais para poder oficializar o doutorado”, diz.
Formado, ele foi chamado para ser professor pesquisador da Federal
Fluminense, onde está atualmente.
Poucas instituições no País permitem que estudantes de graduação
acompanhem também aulas de mestrado e sempre em regime de exceção.
Meus comentários :
E, pelo que li na reportagem,
estes alunos que fazem o mestrado, antes de se formarem, são obrigados a cursar
a universidade. Não é que eles são "dispensados" dela, tal como os
alunos da outra reportagem, de Goiás, em que eles são dispensados da conclusão do
ensino médio ...
O título da reportagem está errado. Não é que os alunos pulam a faculdade, no sentido de deixar de
fazê-la e vão direto pro Mestrado. Apenas lhes é autorizado cursar o Mestrado e
o Doutorado, enquanto cursam a faculdade. O título induz o leitor a outra
situação ....
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