Extraído do site : http://porvir.org/porpensar/como-professores-devem-lidar-jovens-talentosos/20130124
Trabalhar com alunos com altas
habilidades pode ser um grande problema para os professores, que, muitas vezes,
não têm tempo e ferramentas suficientes para identificar esses talentos durante
o convívio escolar. Para tratar sobre o tema, Guilherme Hartung, defensor
da educação baseada em projetos, será um dos palestrantes da mesa Como Lidar
com Jovens Talentosos dentro da Escola, que acontece dia 29 de janeiro, em São
Paulo, durante a Campus Party 2013 – um dos principais eventos
voltados à inovação tecnológica, internet e entretenimento eletrônico do mundo.
A palestra vai abordar como os educadores podem identificar, estimular e
desenvolver o potencial desses jovens e também como transformar a sala de aula
em um espaço inovador e criativo.
Segundo Hartung, que atua como professor
de ensino médio em uma escola pública, em Petrópolis (RJ), para lidar com
esses jovens, normalmente com perfis e características bastante distintas –
como precocidade para ler, grande capacidade para resolver problemas ou excesso
de criticidade – é preciso que o professor assuma o papel de psicólogo, ou
seja, acompanhe mais de perto esses alunos, entendendo suas necessidades extra
classe e também trabalhe para manter o equilíbrio da sala, já que muitos
estudantes podem se sentir “superiores” aos colegas.
Para Hartung, que também trabalha
como orientador tecnológico na Secretaria Estadual de Educação do Rio, o
professor precisa ainda estar preparado para motivar esses alunos e dar orientações
dirigidas sobre cursos e atividades que podem realizar autonomamente.
De acordo com o Censo Escolar, produzido
pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira), em 2009, no Brasil existiam 2.769 estudantes portadores de altas
habilidades, o que corresponde a 0,004% dos mais de 55,9 milhões de alunos dos
ensino básico no país. Mas, para Hartung, esse número poderia ser maior,
caso não fosse a ausência de informação e sensibilidade dos professores quanto
às habilidades dos alunos.
“Muitos estudantes talentosos continuam
escondidos porque falta preparo dos professores para identificar o seu
potencial. É preciso que a escola desenvolva estratégias que, ao em vez de
comprometerem o rendimento, estimulem o desenvolvimento deles”, afirma Hartung.
“A educação baseada em projetos é uma
alternativa para inovar em sala de aula, além de identificar e potencializar as
aptidões dos alunos”
Para isso, ele aposta na educação
baseada em projetos como
uma das alternativas para inovar em sala de aula, além de identificar e
potencializar as aptidões dos alunos. É o que ele busca fazer, por exemplo, em
um projeto que desenvolve há anos com seus estudantes, no qual eles programam
jogos educativos e criam personagens em 3D. “Se o aluno não quiser programar,
ele pode aprender a editar músicas para os jogos ou desenhar com as ferramentas
de edição. É uma iniciativa que dá diferentes alternativas para potencializar
as habilidades de jovens com diferentes perfis”, diz.
Pródigos programadores
Pedro Franceschi, 18, é um desses jovens
talentosos que também participará da mesa na Campus Party . Aos 8 anos, já
realizava seus primeiros experimentos em C e C++ – linguagem de programação que
leva instruções para o computador. Assim que a Apple lançou o iPhone, há cinco
anos, descobriu como hackeá-lo. Hoje, o jovem que estuda o 2o ano do ensino médio, trabalha em uma empresa
de telecomunicações no Rio.
Franceschi vem aprendendo programação
fora da escola porque não existe esse opção no currículo, apesar de alguns
especialistas em inovação em educação apostarem no ensino de programação como
algo essencial nos dias de hoje. É o que reforça Hartung, ao lembrar que no fim
da década de 1980, quando os computadores ainda eram raros, as pessoas antes de
usá-los passavam por aulas ou buscavam conhecimentos mínimos de programação,
hábito que se perdeu. “Os jovens estão se tornando apenas consumidores de
tecnologia, sem pensar no que acontece por trás, como tudo funciona. A programação
é fundamental para o estimular raciocínio lógico e matemático”, diz.
É o que tem feito Lucas Teske, jovem que
também contará sua experiência na palestra. Com apenas 21 anos, ele se dedica
às aulas de sistema de informação na UFSCar (Universidade Federal de São
Carlos) e à empresa fundada por ele próprio, na qual presta serviços de
consultoria em TI. “Vou destacar minha experiência até hoje nesse
âmbito. A ideia é tentar ajudar os jovens a saberem como lidar com as
situações adversas na escola e na vida”, diz.
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