Extraído do
site : http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-09-23/aulas-de-musica-na-infancia-valem-para-a-vida-toda-dizem-cientistas.html
Estudo mostra que crianças que
aprendizado pode levar a mudanças no cérebro que persistem anos após a
interrupção das classes
Getty Images
Uma
lição para sempre: ondas cerebrais registram formação musical feita na infância
Quando as crianças aprendem a tocar
um instrumento musical, elas reforçam uma série de habilidades auditivas.
Estudos recentes sugerem que esses benefícios se estendem por toda a vida, pelo
menos para aqueles que continuam envolvidos com música.
Porém, um estudo publicado no mês
passado foi o primeiro a mostrar que ter aulas de música na infância pode levar
a mudanças no cérebro que persistem anos após a interrupção das aulas.
Pesquisadores da Universidade
Northwestern gravaram as respostas auditivas do tronco encefálico de estudantes
universitários – isto é, as suas ondas elétricas cerebrais – em reação a sons
complexos. O grupo de estudantes que relatou ter tido uma formação musical
durante a infância apresentou respostas mais robustas – o seu cérebro conseguiu
identificar elementos essenciais, como afinação, nos sons complexos quando eles
foram submetidos aos testes. E o mesmo ocorreu inclusive quando os estudantes
haviam parado de estudar música há anos.
De fato, os cientistas estão
desvendando as conexões entre a formação musical na infância e a aprendizagem
baseada na linguagem – por exemplo, a leitura. Aprender a tocar um instrumento
pode conferir alguns benefícios inesperados, sugerem estudos recentes.
Não estou falando do "efeito
Mozart", a alegação de que ouvir música clássica pode melhorar o
desempenho das pessoas em testes. Refiro-me, sim, a estudos sobre os efeitos de
um envolvimento ativo e da disciplina.
Esse tipo de formação musical melhora a capacidade cerebral de discernimento
entre os componentes do som – a altura, o duração e o timbre.
"Para aprender a ler, é preciso
ter boa memória operacional, a capacidade de distinguir os sons da fala, de
fazer conexões entre sons e significados", disse a professora Nina Kraus,
diretora do Laboratório de Neurociência Auditiva da Universidade Northwestern.
"Cada uma dessas coisas parece realmente ser reforçada pelo envolvimento
ativo com um instrumento musical."
A habilidade de apreciar as
qualidades sutis do som, mesmo em meio a um fundo confuso e barulhento,
revela-se importante não só para a criança aprender a compreender a fala e a
linguagem escrita, mas também para uma pessoa idosa que sofre de perda
auditiva.
Em uma pesquisa realizada com pessoas
que continuam a tocar instrumentos, publicada neste trimestre, pesquisadores
descobriram que, à medida que os músicos envelhecem, eles vivenciam o mesmo
declínio na audição periférica – o funcionamento dos nervos auditivos –
vivenciado pelos não músicos. No entanto, os músicos mais velhos preservam as
funções cerebrais, as habilidades de processamento auditivo central que podem
ajudá-los a compreender uma fala no contexto de um ambiente barulhento.
"Nós muitas vezes nos referimos
ao problema do 'fenômeno da festa de coquetel' – imagine ir a um restaurante
onde um monte de pessoas fala ao mesmo tempo", disse Claude Alain, diretor
assistente do Instituto de Pesquisa Rotman, em Toronto, e um dos autores do
estudo. "Os adultos mais velhos que tiveram aulas de música têm melhor
desempenho na compreensão de falas em testes de ruído – eles usam mais o
cérebro, não o sistema auditivo periférico."
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