Extraído do blog : http://essencialespacopsicopedagogico.blogspot.com.br/2012/05/o-cerebro-e-aprendizagem.html?spref=fb
Garantir a aprendizagem dos alunos é o desejo de
todo professor. Capacitá-los de fato para enfrentar os desafios não é tarefa
fácil. Conhecer bem o conteúdo de sua disciplina e trabalhar com os recursos
tecnológicos pode não ser o suficiente. Entender um pouco do funcionamento do
cérebro e como ocorre a aprendizagem pode ajudar nesta tarefa. Com esse
conhecimento é possível desenvolver metodologias mais eficientes, capazes de
despertar no aluno o interesse pela matéria e pelo aprendizado.
O cérebro armazena fatos separadamente, entre
neurônios, e a aprendizagem ocorre quando esses fatos, associados através das
sinapses, são propagados. “O ato de aprender é inato do ser humano. O aprender
é biológico, mas a relação de aprendizagem é afetiva. É preciso que exista uma
motivação, um interesse”, explica a psicopedagoga e psicanalista Marta Relva
Pires, coordenadora do curso de neurociência pedagógica da Faculdade Integrada
AVM-Candido Mendes.
A especialista, que é mestre em Anatomia e
Fisiologia Humana, explica que existe a aprendizagem mecânica — aquela que
passa pelos estímulos — e a emocional — que está relacionada à afetividade. “O
aprender é biológico, ou seja, nascemos com essa capacidade, mas a relação de
aprendizagem é afetiva. O aprender significa mudar de comportamento. A
informação para ser processada precisa ter coerência para o aluno”, ressalta.
O cérebro possui uma grande plasticidade e, por
isso, sofre alterações constantes. Essas alterações ocorrem quando ele é
estimulado. É a partir desses estímulos que começa a aprendizagem. A primeira
etapa é o estímulo sensorial, que será assimilado pelo cérebro de forma rápida
e curta. Nesta etapa, a memória utilizada é a de curto prazo ou de trabalho
(que armazena no cérebro informações conscientes por um curto período de
trabalho). Alguns recursos como filmes e músicas podem ser utilizados como
estímulo.
Associação de
ideias
A fase seguinte exige o uso da memória de longo
prazo, pois há a associação de fatos e ideias. “Nesta fase, lidamos com a
questão da coerência e da afetividade. O aluno precisa compreender a
importância do conteúdo. Ver sentido no que é apresentado. Uma forma de mostrar
ao aluno a importância de um tema é levá-lo a investigar sobre o assunto; é não
dar respostas, e sim apresentar questões”, diz a neurocientista.
Apresentar os conceitos de forma coerente,
relacioná-los com o dia a dia do aluno são pontos fundamentais para despertar
no jovem o interesse pelo que está sendo passado. “O aprender está
no processo de reflexão, de análise. O cérebro retém o que acha importante. É
preciso que a aula desperte o aluno.”
Provocar desafios,
elaborar projetos de leitura, organizar debates, criar jogos com os assuntos
debatidos, apresentar músicas, trabalhar conceitos são estratégicas que
facilitam e tornam as aulas mais dinâmicas e interessantes para os jovens. “Essas aulas
costumam ter bons resultados, pois os alunos sentem-se motivados a participar”,
diz Marta Pires.
A última etapa neste processo é a fixação, que deve
ser feita por meio de exercícios e também de ações. “Aprender significa mudar
de atitude, de comportamento, senão o que temos é um conteúdo armazenado no
cérebro”, diz a especialista, ressaltando, ainda, que a atitude do professor em
sala faz a diferença.
Na visão da especialista, o professor que chega,
senta e faz a chamada está na contramão do processo de aprendizagem. “Esse
comportamento desmotiva o aluno, a ideia que passa é que o professor está
cansado e desanimado. Acaba com a curiosidade do aluno.”
Outro erro, na avaliação da psicopedagoga, é o
grito. “Gritar não é papel do educador. Ele deve ser o exemplo, por isso
deve manter a postura”.
Para saber mais
sobre o assunto: Neurociência e Educação - potencialidades dos gêneros na sala
de aula (WAK Editora), Marta Relva Pires.
Fonte: Sinepe Rio
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