OPINIÃO MÁRIO GRUBER (1927-2011)
Este artigo que saiu
publicado no Jornal “ A Folha de São Paulo” de hoje me chamou a atenção por um
simples motivo. O artista abaixo, a quem eu confesso a vocês que, até hoje, eu não
o conhecia, simplesmente pelo fato dele ter estilos e idéias inovadores e
revolucionárias para a sua época, foi desprezado, e criticado, não sendo, em
vida, compreendido ...
Já notei que alguns
gênios da humanidade também foram subestimados ou ridicularizados por suas
idéias inovadoras, mas, eles não se deixaram se abater ou se levar pelas
críticas, para dar continuidade em seus trabalhos, e só posteriormente (após a
sua morte) é que foram reconhecidos. A seguinte frasedo artigo abaixo me marcou
: “Pagou por isso alto preço a uma crítica que nem sempre o
compreendeu e muitas vezes fez questão de ignorá-lo”. Mas permaneceu fiel
a seu mundo de ideias. Criou um universo pictórico pessoal, que povoou de
mascarados, crianças, fantasiados, carnavalescos e figuras bizarras, sempre
partindo de imagens do cotidiano, mas observadas em meio a uma atmosfera
mágica.
Extraído de : http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/17965-nem-sempre-compreendido-artista-foi-fiel-a-suas-ideias.shtml
Gruber
pode ser considerado um precursor do realismo fantástico
JOSÉ ROBERTO TEIXEIRA LEITE
ESPECIAL PARA A FOLHA
Autodidata em pintura, o santista Mário
Gruber, que morreu no último dia 28, aos 84 anos, tinha 20 anos quando tomou
parte, em São Paulo, no imediato pós-Guerra, na hoje histórica exposição do
Grupo dos 19.
Nela se revelou toda
uma constelação de jovens pintores e desenhistas que nos próximos anos
desempenhariam destacado papel nos cenários artísticos paulista, brasileiro e
inclusive internacional.
Dava assim início a
uma carreira que, em mais de 60 anos, iria enriquecer nosso acervo cultural
com uma obra vasta e original, tecnicamente apurada e de alta qualidade
artística, tanto na pintura quanto na gravura e no muralismo. Isso sem
mencionar a constante atividade docente, mestre e incentivador da gravura que
foi.
Autor de dezenas de
individuais dentro e fora do país, possuidor de obras em museus nacionais e
estrangeiros, ele acumulou longas temporadas de aperfeiçoamento e trabalho
em Paris, Nova York e Olinda.
Mas foi em Santiago,
em 1957, durante um Congresso Continental de Cultura, que se deu o encontro que
lhe nortearia os passos até os últimos dias: a aproximação de Diego Rivera,
Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
O consequente
intercâmbio de ideias e de experiências com o que havia de melhor nas artes,
nas letras e no pensamento latino-americanos confirmou suas posições estéticas
e políticas.
Gruber foi um artista
imperturbavelmente figurativo, mesmo quando se tornaram moda quase obrigatória
os abstracionismos, concretismos e demais tendências que nas últimas décadas se
manifestaram na arte brasileira.
Pagou por isso alto
preço a uma crítica que nem sempre o compreendeu e muitas vezes fez questão de
ignorá-lo.
Mas permaneceu fiel
a seu mundo de ideias. Criou um universo pictórico pessoal, que povoou de
mascarados, crianças, fantasiados, carnavalescos e figuras bizarras, sempre
partindo de imagens do cotidiano, mas observadas em meio a uma atmosfera
mágica.
Pode inclusive ser
considerado um dos precursores do realismo fantástico latino-americano - ainda
que esse reconhecimento nem sempre lhe seja dado.
Agora que Gruber não
está mais conosco, talvez seja tempo de observarmos com mais atenção e agudeza
sua produção, a singularidade de sua arte, as muitas e estranhas belezas que
deixou.
JOSÉ ROBERTO TEIXEIRA LEITE é
historiador da arte.
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