Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Nem sempre compreendido, artista foi fiel a suas ideias








OPINIÃO MÁRIO GRUBER (1927-2011)



Este artigo que saiu publicado no Jornal “ A Folha de São Paulo” de hoje me chamou a atenção por um simples motivo. O artista abaixo, a quem eu confesso a vocês que, até hoje, eu não o conhecia, simplesmente pelo fato dele ter estilos e idéias inovadores e revolucionárias para a sua época, foi desprezado, e criticado, não sendo, em vida, compreendido ...




Já notei que alguns gênios da humanidade também foram subestimados ou ridicularizados por suas idéias inovadoras, mas, eles não se deixaram se abater ou se levar pelas críticas, para dar continuidade em seus trabalhos, e só posteriormente (após a sua morte) é que foram reconhecidos. A seguinte frasedo artigo abaixo me marcou : Pagou por isso alto preço a uma crítica que nem sempre o compreendeu e muitas vezes fez questão de ignorá-lo”. Mas permaneceu fiel a seu mundo de ideias. Criou um universo pictórico pessoal, que povoou de mascarados, crianças, fantasiados, carnavalescos e figuras bizarras, sempre partindo de imagens do cotidiano, mas observadas em meio a uma atmosfera mágica.






Gruber pode ser considerado um precursor do realismo fantástico










JOSÉ ROBERTO TEIXEIRA LEITE


ESPECIAL PARA A FOLHA



Autodidata em pintura, o santista Mário Gruber, que morreu no último dia 28, aos 84 anos, tinha 20 anos quando tomou parte, em São Paulo, no imediato pós-Guerra, na hoje histórica exposição do Grupo dos 19.


Nela se revelou toda uma constelação de jovens pintores e desenhistas que nos próximos anos desempenhariam destacado papel nos cenários artísticos paulista, brasileiro e inclusive internacional.



Dava assim início a uma carreira que, em mais de 60 anos, iria enriquecer nosso acervo cultural com uma obra vasta e original, tecnicamente apurada e de alta qualidade artística, tanto na pintura quanto na gravura e no muralismo. Isso sem mencionar a constante atividade docente, mestre e incentivador da gravura que foi.



Autor de dezenas de individuais dentro e fora do país, possuidor de obras em museus nacionais e estrangeiros, ele acumulou longas temporadas de aperfeiçoamento e trabalho em Paris, Nova York e Olinda.




Mas foi em Santiago, em 1957, durante um Congresso Continental de Cultura, que se deu o encontro que lhe nortearia os passos até os últimos dias: a aproximação de Diego Rivera, Gabriela Mistral e Pablo Neruda.




O consequente intercâmbio de ideias e de experiências com o que havia de melhor nas artes, nas letras e no pensamento latino-americanos confirmou suas posições estéticas e políticas.



Gruber foi um artista imperturbavelmente figurativo, mesmo quando se tornaram moda quase obrigatória os abstracionismos, concretismos e demais tendências que nas últimas décadas se manifestaram na arte brasileira.



Pagou por isso alto preço a uma crítica que nem sempre o compreendeu e muitas vezes fez questão de ignorá-lo.



Mas permaneceu fiel a seu mundo de ideias. Criou um universo pictórico pessoal, que povoou de mascarados, crianças, fantasiados, carnavalescos e figuras bizarras, sempre partindo de imagens do cotidiano, mas observadas em meio a uma atmosfera mágica.



Pode inclusive ser considerado um dos precursores do realismo fantástico latino-americano - ainda que esse reconhecimento nem sempre lhe seja dado.




Agora que Gruber não está mais conosco, talvez seja tempo de observarmos com mais atenção e agudeza sua produção, a singularidade de sua arte, as muitas e estranhas belezas que deixou.



JOSÉ ROBERTO TEIXEIRA LEITE é historiador da arte.



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