Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Reportagem publicada no site Rede Brasil atual




Prefeitura de São Paulo desrespeita direitos de pessoas com altas habilidades, diz associação
Entidade paulista, especializada em projetos educacionais de estímulo a superdotados, acusa a Secretaria Municipal de Esportes de omissão e descaso



Por: Cida de Oliveira, especial para a Rede Brasil Atual


Publicado em 08/03/2010, 16:39


Última atualização às 17:09


O cancelamento de um projeto de educação inclusiva, com enfoque em altas habilidades corporais, para detectar na comunidade crianças com talentos acima da média, encomendado pela própria Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação mostra o desrespeito aos direitos dessas pessoas. Esta é a constatação feita opr especialistas, pais e familiares de alto habilidosos no desenvolvimento de ações de apoio e de promoção de políticas públicas voltadas a esse público.


O projeto foi pedido em outubro de 2007, depois de uma palestra proferida por técnicos da entidade aos professores do Centro Olímpico. O documento foi entregue no final de novembro daquele ano à assessoria do secretário Walter Feldman. E dias depois representantes da entidade e da secretaria se reuniram duas vezes. Como a promessa de um novo contato, ainda naquele ano, não foi cumprida, a equipe voltou a procurar o órgão público várias vezes. Ela conta que no último encontro foram questionados alguns itens do projeto, que deveriam ser adequados, mas mesmo assim saíram de lá com um manual de convênios da Secretaria, que entre outras coisas lista todos os documentos necessários para a assinatura do convênio.


Segundo a entidade, duas outras reuniões foram marcadas logo após a tomada das providências. Mas nenhuma delas aconteceu. Depois de vários telefonemas e desencontros, em agosto de 2008 a associação recebeu um e-mail de uma assessora técnica do gabinete do secretário, que não tinha participado dos encontros para o andamento do projeto. A mensagem diz que, apesar da relevância indiscutível da proposta, o ambiente ideal para sua realização é o escolar e que os custos são elevados.


Indivíduos com altas habilidades não estão só dentro de escolas, onde, aliás, há um tempo mínimo destinado às atividades corporais e não há equipamento adequado. Além disso, os clubes-escolas são frequentados por crianças de todas as idades, inclusive da faixa entre 6 e 7 anos, idade em que as crianças têm maior interesse em desenvolver atividades esportivas. Então, a que apresentasse a alta habilidade para esportes seria convidada a participar de treinamentos específicos.


“Indivíduos com altos talentos têm necessidades especiais específicas, que geralmente são ignoradas pela família e pelos professores. Sem estímulo para desenvolver suas habilidades eles passam a ter problemas de socialização e são incompreendidos. Por que então negar oportunidade para a detecção e desenvolvimento dessas potencialidades?”, questiona Ada.



Procurado pela reportagem da Rede Brasil Atual, o secretário Walter Feldman admitiu falhas na comunicação entre a Secretaria durante todo o processo e reiterou que o foco da pasta, no momento, é estabelecer e consolidar “programas para desenvolver políticas públicas básicas”. E que “a proposta de nossa equipe técnica é a implantação e o refinamento de projetos especializados à medida em que essas políticas públicas se sedimentem, e não antes disso, o que certamente propiciará maior possibilidade de êxito ao processo.”


Entre as leis que garantem os direitos da pessoa com altas habilidades está a 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Segundo os artigos 58, 59 e 60, a expressão “necessidades educacionais especiais” pode ser utilizada para se referir a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender.



Superdotados são ignorados no Brasil


Futuros líderes em potencial no campo da ciência, economia, política e da cultura, entre outros, crianças e adolescentes com altas habilidades – também chamada de superdotação – estão em toda parte: nas escolas, nos clubes e até nas ruas, vítimas da evasão escolar.


Segundo referenciais teóricos utilizados por especialistas, 20% de toda a população mundial tem alguma habilidade acima da média. Longe da figura de gênio ou nerd, são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes sequer conhecem o seu potencial.


A psicóloga Jane Farias Chagas, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, é autora de uma pesquisa com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda do Distrito Federal. Segundo ela, o rendimento escolar de superdotados é similar ao dos outros alunos. Dos jovens com altas habilidades avaliados, 42% já tinham sido reprovados ou estavam defasados em relação à idade/série. Entre os outros alunos, essa taxa chega a 50%.


Para ela, o dado é explicado por fatores socioeconômicos, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e despreparo dos professores. Como não encontram condições para explorar seu potencial, ficam frustrados e muitos até desistem de estudar. E justamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos superdotados passam despercebidos. "É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correto", afirma a psicóloga. “Mais retraídos e com baixa auto-estima, muitos desses talentos serão desperdiçados se pais e professores não entenderem que notas baixas não são sinônimos de incapacidade”.


Segundo Jane, nem pais nem professores estão preparados para detectá-los principalmente porque ainda não há conhecimento suficiente sobre o assunto e o que já se sabe é pouco disseminado. Sem contar que muitas vezes as informações disponíveis são confusas e carregadas de mitos.


Há sinais clássicos para os quais os pais devem estar atentos. Crianças que demonstram habilidades não esperadas para a sua faixa etária, como ler precocemente ; que aprendem com facilidade a tocar algum instrumento musical ou dominar elementos numéricos; que dominam movimentos cinestésicos, como pular, dar cambalhotas, dançar ; desenham com traços firmes e cheios de detalhes ; são criativas e dão muitas respostas a um dado problema ; têm imaginação vívida ; curiosidade e desejo por correr riscos certamente estão entre os 20% da população formada por superdotados. “Essas habilidades não precisam ser extraordinárias, mas acima da média”, diz Jane.


Para os pais que suspeitam que os filhos têm altas habilidades, ela recomenda procurar um atendimento especializado, indicado por psicólogos. E em casa, devem incentivá-los, responder às suas exigências, permitir que se envolvam nas atividades que lhes deem prazer e promover a interação com outras pessoas de sua área de talento. “Os pais devem ter altas expectativas sobre o desenvolvimento das habilidades dos filhos, porém sem um nível de cobrança muito intenso”, ressalta.


Ela destaca ainda que, nas escolas regulares, nem sempre há condições de identificar alunos com altas habilidades porque é grande o desconhecimento das características de crianças superdotadas. Muitos confundem superdotação com genialidade e prodigialidade – casos extremos e raros. Além disso, na maioria dos casos os currículos ainda são fechados e inflexíveis, os professores se limitam a transmitir conteúdos e não dão espaço para a demonstração de talentos que não sejam acadêmicos. “O talento não emerge onde não há um clima que favoreça a criatividade e a expressão da diversidade das potencialidades humanas”.


Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, o curso de formação de professores oferece disciplinas específicas sobre altas habilidades. Mas, segundo especialistas, o conteúdo nem chega a ser ministrado porque a prioridade é para o ensino de crianças com deficiências. Um avanço, na opinião de Jane, são os Núcleos de Atividades para Altas Habilidades (NAAH), criados em 2005 pelo Ministério da Educação em parceria com estados e municípios. O objetivo desses centros é fornecer capacitação para professores na detecção e acompanhamento aos superdotados, além de atender alunos e seus familiares.


No Estado de São Paulo, o NAAH funciona como um polo de capacitação de professores. Denise Arantes, coordenadora do núcleo, conta que o trabalho iniciado há três anos possibilitou a detecção de 1498 estudantes – o que ainda é pouco, levando-se em conta que só a rede estadual tem mais de 5 milhões de alunos. “Eles são incluídos em atividades especiais na própria escola ou estimulados a participar de olimpíadas estudantis e de projetos em parcerias com universidades”, explica Denise.



Mitos sobre pessoas com altas habilidades


As superdotação é uma questão genética e o ambiente tem pouca importância para o desenvolvimento de habilidades e competências;

O superdotado tem recursos intelectuais suficientes para desenvolver por conta própria o seu potencial superior;

O aluno com altos talentos apresenta um excelente desempenho acadêmico em todas as disciplinas curriculares, além de ser excêntrico, emocionalmente instável e isolado socialmente;

O potencial superior se desenvolve apenas em contextos de nível sócio-econômico médio ou elevado.

Fonte: Denise de Souza Fleith, Educação de Alunos Superdotados – Desafios e Tendências Atuais, Universidade de Brasília.



Direitos do superdotado


• Saber mais sobre o seu talento ;


• Aprender uma coisa nova a cada dia ;


• Desenvolver seu talento com paixão sem ter que pedir desculpas ;


• Ter uma identidade para além do seu talento ;


• Se sentir bem quando vivencia experiências de sucesso ;


• Errar ;

• Buscar ajuda no desenvolvimento de seu talento ;


• Ter muitos amigos ;


• Escolher quais áreas de talento deseja se aprofundar e se especializar ;


• Não ter que demonstrar seus talentos o tempo todo.


Fonte: Associação Nacional para Crianças Dotadas e Talentosas, Estados Unidos.

7 comentários:

  1. Vejam como esta questão das habilidades corporais, que é tão séria e tão importante, é tratada com tanto descado pela nossa Prefeitura... E com isto, inúmeros talentos são desperdiçados, diariamente... Esta forma ignorante da Prefeitura visualizar este assunto e triste.. Imaginem só, o que seria do nosso país sem um Pelé, um Garrincha, um João do Pulo, que foram crianças e adolescentes talentosos descobertos por acaso.. A Prefeitura de São Paulo pode estar dseperdiçando diversos Garrinchas, Pelés e Joões do Pulo, neste momento.. muito triste...

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  2. Muito bom!
    Queria perguntar se vocês não poderiam me ajudar na questão de direitos dos superdotados?
    Meu nome é Tatiana e sou estudante.Infelizmente ainda ñ me avaliaram,embora a psicologa tenha quase certeza, pra saber se eu sou superdotada.
    Por favor me respondam:
    tatiana_ten@hotmail.com

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  3. Oi, adorei seu blog.
    Gostaria de saber se vc conhece uma escola boa aqui em SP na zl,Meu filho ainda esta em avaliação mas a psicologa e a coordenadora tem quase certeza que ele é superdotado. Aguardo resposta. Obrigada e boa sorte.Daniele.dani.gqueiroz@ig.com.br

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  4. Olá, Dani. Não conheço nenhuma escola na zona leste. Pesquisando no google, vi que tem um colégio Objetivo da Penha.

    Quem está fazendo a avaliação ed seu filho ? A avaliadora conhece bem a questão de superdotação ? Se vc precisar falar com uma especialista, posso te indicar uma das melhores do Brasil, a Dra. Christnia Cupertino. Quais habilidades vc acha que ele possui ? O

    que posso te dizer é que a boa escola é aquela que aceita os nossos filhos com as suas diferença e os respeita desta forma.

    Em temos de superdotação, não há nenhuma escola que trabalhe especificamente e exclusivamente com crianças superdotadas.

    O Cólégio Objetivo tem o POIT que faz um trabalho extra curricular com as crianças habilidosas, mas, não conheço a fundo este trabalho.

    Como vc me diz que a psicóloga e a coordenadora da escola do seu filho o reconhecem como tal, sinto que ter o apoio do corpo diretivo ou da coordenadoria da escola já é um bom caminho, para que se confirmado o diagnóstico, ela te ajude a fazer um enriquecimento com ele, em sala de aula, ou na aceleração de série, se este for o consenso entre escola, pais, alunos e psicóloga. Infelizmente, as escolas brasileiras não estão preparadas para lidar com os alunos superdotados, e, neste caso, posso incluir, com conhecimento de causa, até as grandes e renomadas escolas. Por isto é que, netas horas, o importante é contar com o apoio da escola que melhor recebe o seu filho. Que o reconhece como superdotado ; que reconhece que ele é diferente e se propõe a trabalhar e estimular as diferenças dele como indivíduo e também no grupo !

    Abraços,

    Claudia Hakim

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  5. Meu nome e Lena Rios.Sou Mae de uma menina que com 1ano e 8 meses começou a reconhecer as letras e os numeros.Ela lia as placas dos carros.Com 2anos ela começou a lê as palvrinhas como gato,rato.coma etc...Hoje com 3 anos ela lê tudo e escreve igual a um adulto.Ela lê revista em quadrinhos,livros de hitorinhas e jornais etc...Escreve e conta de 1 ate 100.Sabe os numeros de1 ate 10 em ingles,as cores e algumas palavras em ingles.Todas as siglas dos estados do Brasil.Tambem usa o computador muito bem,digita os jogos que quer jogar,procura os videos no youtube,e conversa com os parentes pelo MSN.Tem ate MSN.Enfim mexe o computador todo e ainda quer ensinar o pai.Ela e superdotada?Obrigada!!!!

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  6. Lena. Pelo que vc me conta, parece que sim. Mas, somente uma avaliação poderia dar esta certeza. Me diga de qual cidade e estado você é, para eu indicar um especilista para você levar a sua filha, para que ela seja avaliada. Veja, também, no meu blog, a seção de dicas de livros .. Vale à pena você ler, para ter mais informações sobre o tema !!

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