Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Projeto procura crianças que possuem talento nato em Rio Preto


 Lara Marques Bernardo no Gerador de Van de Graaff (1).JPG
Lara Marques Bernardo no Gerador de Van de Graaff (1).JPG

Especialistas conseguem identificar 140 estudantes com altas habilidades que estudam na rede municipal de ensino de Rio Preto

Toda criança tem um talento nato. Algumas nos esportes, outras em matemática, ciências ou informática.
A grande diferença é que algumas possuem uma aptidão maior do que outras. Além disso nem todas conseguem identificar esse talento ou demoram para descobrir as tais habilidades.
Esse não é o caso da Lara, do Matheus, do Everton e do Willian, que já descobriram quais são suas habilidades e agora estão trabalhando para lidar com elas e aprimorá-las. Os quatro fazem parte de um grupo de 140 alunos da rede pública de Rio Preto que participam de cursos do Centro para o Desenvolvimento do Potencial e Talento (Cedet). Trata-se de um espaço com profissionais capacitados para identificar o nível dessas habilidades nas crianças e desenvolver atividades em grupos para aprimorar essas potencialidades.
Carla Cristina Pereira Job, coordenadora do Cedet, conta que o trabalho começa nas escolas municipais da cidade, com aplicação de um questionário pelos professores aos alunos, com objetivo de descobrir esses talentos.
"Primeiro, identificamos as crianças e depois começamos a acompanhar o aluno na escola e as atividades que ele gosta de fazer" explica. Os alunos identificados são convidados a participar do Cedet, que é organizado em "clubes" de alunos de acordo com suas aptidões.
Uma das alunas é Lara Marques Bernado, de 14 anos, que faz parte do Clube de Matemática. Ela coleciona medalhas das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
"Ela tem um raciocínio que me encanta, tudo que é apresentado é fácil para ela. A gente fica com muito orgulho, porque somos de classe média e desenvolvimento que ela conquistou foi com ajuda de professores" diz a auxiliar financeira Maria Izabel Marques, mãe de Lara.
Ela conta que começou a perceber a aptidão da filha pela matemática nos primeiros anos da vida escolar. "Ela não tinha dificuldades e sempre fez os exercícios com muita tranquilidade. Desde criança foi independente com essas tarefas, nem me pedia ajuda", conta a mãe.

Mais matemática
Outro que tem facilidade com os números é Matheus Regis Albano, 11 anos, que já sabe o quer quando crescer: ser programador e trabalhar com games. "Não só cálculos. Ele tem facilidade para outras coisas como quebra-cabeça. Já compramos alguns para idades avançadas e ele consegue montar com uma rapidez impressionante", diz Felipe Kabakian Albano, pai do menino.
Para o professor Luís Augusto Taolini, o menino tem tudo para ser um grande profissional da matemática. "O aprendizado dele vai para além da sala de aula. Ano passado, participamos da Olimpíada de Matemática e ele foi o melhor colocado a nível nacional da nossa região.

Ex-alunos são voluntários

Além de professores e psicólogos, os Cedet conta com o trabalho voluntário de ex-alunos. É o caso de Everton de Almeida Saurin, 17 anos, que está no último ano do ensino médio. Ele já foi aluno do Cedet e hoje é voluntário do projeto como professor de desenho.
"A sensação de ajudar, assim como eu fui ajudado é bem gratificante, porque você está passando algo que você apreendeu para quem gosta. O pessoal aqui é bem entrosado. É mais fácil ensinar e aplicar várias técnicas a eles", conta.
Outro ex-aluno que já foi voluntário é Willian Wallace Colla Correia, de 18 anos, que atualmente é estudante de Ciências da Computação na Unesp de Rio Preto.
"Eu percebi minha facilidade no ensino fundamental. Eu sempre tirei nota boa em matemática. O que eles achavam difícil, eu conseguia fazer com facilidade. Faço bastante exercício e eu consigo memorizar. Dependendo da matéria, só de ter uma conversa rápida com o professor eu consigo entender a lógica da questão", conta. Ele entrou no Cedet com 11 anos de idade e saiu quando tinha 17 anos. "Agradeço muito ao pessoal, que me ajudou bastante".

Testes começam com alunos de sete anos

Os testes para identificar estudantes com altas habilidades são aplicados quando eles estão com idades entre 7 e 9 anos. O primeiro teste é aplicado em alunos do segundo ano do ensino fundamental. No ano seguinte, o teste é repetido com os mesmos alunos, desta vez no terceiro ano.
Após a identificação, os alunos que apresentam algum tipo de habilidade são convidados para participar de cursos no Cedet de Rio Preto. Em seguida, um especialista chamado de "facilitador" passa a frequentar a escola e começa a acompanhar o aluno, com o objetivo avaliar melhor o estudante e criar um plano individual de de atividades.
"Esse plano vai depender muito do que o aluno tem interesse. Se ele disser que ele tem facilidade em matemática, começamos a filtrar o que ele gosta. Alguns dizem que querem saber o que é álgebra, o que é raiz quadrada (antes dele ver isso na escola)", diz Carla Cristina Pereira Job, coordenadora do Cedet.
O lado emocional é outro ponto que também é trabalhado no Cedet. Segundo os especialistas, é comum crianças com altas habilidades ficarem dispersas em aulas de disciplinas que elas dominam

Definição
Segundo a psicóloga Denise Arantes Brero, de 39 anos, crianças com altas habilidades são pessoas que se destacam em relação aos seus pares de idade. "Se destacam pela sua inteligência acima da média, além da criatividade e motivação. Pode ser uma combinação de áreas ou apenas uma", conta.
Existem duas formas de identificar se uma criança é ou não diferenciada. Além do critério pedagógico, que é aplicado no Cedet, existe também o teste do Quociente de Inteligência (QI). "Temos um critério de avaliação psicológica, que observa dados qualitativos e quantitativos, onde fazemos entrevistas, com testes voltados a inteligência, criatividade e motivação. Na escola, o professor também apresenta instrumentos para identificação, reconhecendo tanto pela avaliação pedagógica como pela psicológica" afirma.
Carina Alexandra Rondini, professora no Departamento de Ciência da Computação e Estatística da Unesp de Rio Preto, conta que já existe uma resolução que define o aluno de altas habilidades, como aquele que apresenta grande conhecimento, seja intelectual, de liderança, psicomotora, artes ou criatividade.
"Não temos o costume de dar o nome de superdotado. Vai mais prejudicar do que ajudar. Assim como os alunos com deficiência e autismo, as crianças com altas habilidades fazem parte de educação especial. Quando vamos nomear 'você é superdotado', muitas vezes esse aluno acaba sofrendo preconceito, pois pensa que precisa se dar bem em todas disciplinas. Isso é um mito. O aluno com altas habilidades nem sempre é quem tem um Quociente de Inteligência (QI) elevado. Ele pode ser um excelente jogador de futebol, por exemplo."

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