Extraído do site : http://vozdooeste.com.br/2017/07/13/chapeco-tem-ensino-publico-voltado-para-alunos-com-superdotacao-e-altas-habilidades/
Por Anderson Favero - 13 de julho de 2017 às
06:00150
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de 118 estudantes entre seis e 17 anos potencializam dons naturais através de
oficinas em todas as áreas do conhecimento
O estudante Bruno da Silva Alves, de 15 anos, possui alta habilidade para desenhar. No CAPP, ele desenvolve um projeto no qual transforma elementos da tabela periódica em desenhos (Fotos: Anderson Favero/VOZ)
O estudante Bruno da Silva Alves, de 15 anos,
possui alta habilidade para desenhar.
No CAPP, ele desenvolve um projeto no qual transforma elementos da tabela
periódica em desenhos (Fotos: Anderson Favero/VOZ)
A facilidade para desenhar, desde sempre,
acompanhou o adolescente Bruno da Silva Alves, de 15 anos. Com o passar do
tempo, tanto em casa quanto na escola, a habilidade do garoto, matriculado no
primeiro ano do ensino médio, começou a chamar a atenção daqueles que o
cercavam. No ano passado, ele participou de uma triagem que percorre as escolas do município e foi admitido para integrar a oficina de artes
do Centro Associativo de Atividades Psicofísicas Patrick (CAPP), voltada
para crianças e adolescentes com altas
habilidades e superdotação.
– Indivíduos como o Bruno, que demonstram um potencial elevado associado a
um grande poder criativo, acima da média se comparado com outras pessoas, são
considerados superdotados e com alta habilidade. Então, para que eles
possam desenvolver ainda mais esse potencial, o CAPP, através de triagens nas redes de ensino público e privado, convida-os para participarem de oficinas
semanais e aprofundar ainda mais esse talento. Ou seja, nessas oficinas,
admitimos aqueles educandos com alto
grau de excelência, que seriam, num linguajar mais popular, o topo dos
alunos matriculados nas escolas do município – explica a pedagoga e
coordenadora do projeto, Roseli Ana Fabrin.
Assim como Bruno, outros 118 alunos na faixa etária dos seis aos 17 anos participam de
oficinas para superdotados no CAPP. Eles são divididos em oito áreas diferentes, conforme a habilidade de cada um: oficina de artes, oficina exploratória,
oficina de língua portuguesa,
oficina de matemática, oficina de robótica, oficina de práticas corporais
(esporte), oficina de teatro e oficina de física. Todas gratuitas.
Na manhã de ontem, em uma sala compartilhada com
mais cinco colegas, Bruno fazia uma pesquisa para subsidiar o projeto que está
desenvolvendo durante este ano na oficina. O estudante, que também é entusiasta
da química, está criando uma série de desenhos inspirados nos elementos da
tabela periódica – no plano pedagógico elaborado pelo CAPP, todo educando
precisa se debruçar sobre um projeto anual.
Mediadores
Os 11
professores que acompanham as oficinas atuam como mediadores desses trabalhos,
portanto, não estão ali para ensinar, mas sim para indicar caminhos. Por conta
disso, uma vez admitido, o aluno precisa
demonstrar autonomia, independência e responsabilidade para dar andamento em
sua proposta letiva. Na conclusão do projeto, no final do ano, eles
apresentam o trabalho desenvolvido podendo, inclusive, comercializá-los, como é
o caso dos alunos da oficina de artes.
– Com a oficina do CAPP estou conseguindo
desenvolver ainda mais minha técnica. Aqui, encontro inspiração, foco e suporte
para fazer os desenhos que eu gosto. No futuro, penso em trabalhar com isso, já
que não me vejo fazendo outra coisa – avalia Bruno que, neste semestre, conta
com o apoio da professora Marlene Maria Fabrin para dar andamento em seu
projeto.
João Pedro Siqueira, 13 anos, aluno da oitava
série, além de ser um exímio tocador de violão e guitarra, tem no desenho seu
maior passatempo. Suas produções, compostas por caricaturas e desenhos de
caveiras mexicanas, estão sendo produzidas em série durante este ano, na
oficina de Arte do CAPP
Triagem
Na busca por alunos com este perfil, a equipe do CAPP, sob a supervisão da
coordenadora Roseli, vai até as escolas
do município e, com a permissão da direção, aplica um teste nas turmas. Na sequência, esses dados são tabulados. Quando uma
avaliação apresenta 51% de competência, o
aluno e sua família são convidados para uma entrevista no CAPP para elaboração
de um parecer pedagógico. O próximo passo, será submeter o candidato aos testes relacionados à sua habilidade e, diante
de um protocolo, é atestada ou não, a superdotação.
Além
das escolas, a própria família também pode contatar o CAPP.
Estudantes medalhistas no esporte ou em competições nacionais como a Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a Olimpíada Brasileira
de Física (OBF), também são bem-vindos nas triagens.
– A palavra que estabelece uma divisão entre uma pessoa superdotada e uma
“pessoa comum” é excelência. No caso
da oficina de artes, por exemplo, recebemos alguns estudantes que elaboram um
desenho, não gostam e apagam. Eles repetem isso diversas vezes e quando o fazem
não demonstram uma real aptidão para a tarefa. São diferentes daqueles que se dedicam integralmente a
essa arte desde sempre e demonstram estar à vontade quando pegam o lápis e o
papel na mão. Além disso, para fazer parte das nossas oficinas, em primeiro
lugar, é necessário que o aluno tenha
interesse, já que o perfil que temos aqui é de educandos independentes. E trabalhar com eles é incrível –
esclarece Solange Parizotto, educadora especial que faz parte da equipe que
busca esses talentos.
Projeção
Nesse contexto, não é raro que alunos do CAPP
sejam projetados para voos maiores. O caso mais recente é de um menino de 13
anos, com alta habilidade para o esporte que, no ano passado, precisou se mudar
para Porto Alegre para integrar a equipe do Internacional, onde treina como
goleiro.
– No caso deste educando, a família, desde
sempre, potencializou o seu talento até que chegou em um ponto no qual ele
precisou sair do seu espaço para adentrar em um novo mundo. É importante
salientar, também, que aqueles que têm
altas habilidades carregam consigo uma grande energia, então, se os pais e
escola não souberem focar essa energia, o aluno corre o risco de optar por
caminhos tortuosos. Imagina um adolescente com 13 anos, cheio de disposição,
tendo apenas nos amigos o mecanismo para potencializar essa energia. O que irá
acontecer com ele? Por isso, temos essa preocupação de encaminhá-los às
oficinas corretas e dar todo esse suporte – reforça a coordenadora Roseli.
Rede de
parcerias
O
serviço de atendimento a demanda de superdotação passou
a ser conduzido no CAPP há três anos, quando a entidade firmou uma parceria com
a Fundação Catarinense de Educação
Especial, de São José, litoral
do Estado. Desde então, por estar localizado em um espaço pequeno, o CAPP, que
também atua com alunos com deficiência intelectual, precisou buscar parceiros
para desenvolver as oficinas.
Nesse sentido, as universidades, a Escola de
Artes e o Conservatório de Artes Musicais, entre ouros, tem tido papel
fundamental. A oficina de robótica, por exemplo, acontece na Unoesc. Nas aulas,
os educandos, acompanhados pelo professor, vão até a instituição onde recebem
orientação dos profissionais ligados à área.
– Estamos sempre com os olhos voltados a novas
parcerias para abrir caminhos para nossos educandos pois entendemos que, se
eles conseguirem aliar suas habilidades a uma atividade com a qual se
identificam, além da satisfação pessoal, darão uma grande contribuição para a
sociedade nas mais diversas áreas do conhecimento. Trata-se de uma população
que abrange de 3 a 5% do total de indivíduos e que precisa ser atendida e
potencializada da forma correta – conclui a diretora do CAPP, Vera Maria da
Rosa.
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