Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quinta-feira, 24 de março de 2016

Qual é a diferença entre superdotação, altas habilidades e inteligência superior ?

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O conceito de superdotação e a sua definição é muito polêmico e complexo. Alguns teóricos que seguem a linha da psicometria (que é a área da Psicologia que estuda a mensuração da inteligência) consideram como superdotados somente as pessoas que apresentam QI total avaliado no teste WISC e agora no SON R e o Wais, escala de inteligência para adultos,  acima de 130. Psicólogos da área da psicometria, seguindo os passos de Lewis Terman, em 1916, associavam superdotação a Q.I’s elevados. Até hoje, a superdotação e Q.I elevado continuam, por muitos teóricos e profissionais, a ser sinônimo

Os alunos que apresentam QI acima de 130 nos testes psicológicos (de inteligência) acima mencionados são os candidatos à aceleração de série, quando apresentam interesse acadêmico, facilidade de aprendizagem e maturidade para tanto. Note que não basta ter um QI acima de 130 para ser acelerado.

Diferentes Teorias surgiram para explicar o conceito de superdotação : Teoria Triárquica da Inteligência (STERNBERG, 2000), Modelo Diferenciado de Superdotação e Talento (GAGNÉ, 2000), à Teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER, 1983), a Teoria dos Três Anéis (RENZULLI, 1986).

Teóricos como Renzulli, (1986) e Garner (1.983) consideram como superdotados aqueles que apresentam uma habilidade acima da média em quaisquer uma das áreas do saber ou do conhecimento, com envolvimento com a tarefa e criatividade. O maior defensor desta teoria é o Renzulli (1.983).

Definição de Renzulli (1986), “Teoria dos três anéis":  Superdotação é o resultado da interação entre três fatores (três anéis): habilidade acima da média + motivação (alto nível de produtividade ) + criatividade.  

Para Renzulli (1.986) existem 2 tipos de superdotação : A ACADÊMICA E A PRODUTIVO/CRIATIVA

SUPERDOTADO ACADÊMICO (Renzulli&Reis, 1997) :  Notável desempenho acadêmico, aprende rapidamente. Mais facilmente identificado nos testes de QI. Indivíduos tradicionalmente selecionados para participar de programas especiais.

SUPERDOTAÇÃO PRODUTIVA-CRIATIVA : implica o desenvolvimento de materiais e produtos originais. Não necessariamente tem um QI superior. Pensa por analogias.

Segundo a Cartilha elaborada e organizado pela Secretaria da Educação de São Paulo, “Um olhar para as altas habilidades” :  “Superdotado é o indivíduo que demonstra desempenho superior ao de seus pares em uma ou mais das seguintes áreas : habilidade acadêmica, motora ou artística, criatividade, liderança”.

O Conselho Mundial de Superdotação incorporou o conceito de superdotação de Renzulli e também o de Howard Garnder sobre as múltiplas inteligências, para definição do superdotado. E nossa legislação também seguiu este conceito, ao considerar como superdotado aquele que : (...) III – Alunos com altas habilidades/superdotação : aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. (Res. 4/2009 do CNE).

Já o Parecer 17/2001 do CNE vai ainda mais longe, ao definir não somente quem é o aluno superdotado acadêmico e como ele deve ser atendido, em sala de aula, vejamos : “ (...) 2.3. altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa escolar.

Como se vê, tanto o Conselho Mundial de Superdotação quanto o MEC adotaram a teoria e conceito de  Renzulli, na medida em que considera como público alvo do atendimento educacional especializado não somente os superdotados acadêmicos, mas também aqueles que apresentam altas habilidades nas seguintes áreas : intelectual, liderança, psicomotora (esporte), artes (visuais ou dramáticas) e criatividade.

Da maneira como nossa legislação adotou o termo, para se referir a este público alvo da educação especial, como sendo alunos com altas habilidades/superdotação, podemos até considerar que estas duas características : superdotação e altas habilidades sejam sinônimos, mas não são. Muitas pessoas apresentam altas habilidades em determinada área, mas não necessariamente têm um QI acima de 130 (psicometria) ou não necessariamente são criativos, mas, mesmo assim, têm direito ao atendimento educacional especializado, se for comprovada ou caracterizada suas altas habilidades. Este atendimento se dará, em sala de aula regular, mediante enriquecimento curricular ou aceleração de série (para os alunos com superdotação acadêmica e aqui implica em ou excelente desempenho verificado pela escola através de provas e avaliações ou mediante laudo que ateste o QI acima de 130 e excelente desempenho acadêmico e maturidade para ser acelerado de série), ou então, em salas de recursos ou NAAH´s, nos locais em que estes existirem (aonde os alunos com altas habilidades em artes, música, esportes poderão ser atendidos, cada um em sua especificidade e forma).

Muitas pessoas com autismo ou também aqueles que somente apresentam altas habilidades numa determinada área, e não necessariamente possuem um QI acima de 130, poderão ser atendidos no ensino regular ou em salas de recursos ou nos Naah´s nas áreas  em que concentram as suas altas habilidades, por exemplo : um aluno que tenha muita facilidade em história ou na matemática. Nem sempre o aluno com altas habilidades apresenta um QI acima de 130, mas pode demonstrar altas habilidades numa determinada área e repito ; isto é muito comum dentre as pessoas que apresentam o transtorno do espectro do autismo e que possuem hiperfoco em determina área de seu interesse (específico e restrito). Estes alunos também merecem atendimento educacional especializado, mesmo não sendo superdotados, na visão da psicometria.

Por fim, inteligência superior é diferente de inteligência muito superior (superdotação). As tabelas de interpretação e classificação de escores dos testes de inteligência do tipo WISC ou SON R para crianças e o Wais, escala de inteligência para adultos,  consideram como inteligência superior as pessoas que apresentam um QI entre 121 a 129 (pela classificação de escores propostas por  Wechsler - Sattler, 1992) ou com altas habilidades, as pessoas que pontuem como QI total entre 121 a 130  (pela  classificação de escores proposta por Struiksma & Geelhoed, 1996). Já, as pessoas que atingem um QI total no teste WISC ou SON R acima de 130 são consideradas como portadoras de uma inteligência muito superior, e, portanto, superdotadas, na visão da psicometria.

Portanto, inteligência superior (que se situa entre 120 a 129 - aonde encontramos como resultado “altas habilidades”)  é diferente de inteligência muito superior (que se situa acima de 130 pontos no QI geral).

Como vocês puderam perceber, este assunto sobre altas habilidades / superdotação / inteligência superior é bem complexo e polêmico. E você... qual é a sua interpretação e definição de superdotação diante disso tudo ?

Texto de autoria de Claudia Hakim. É proibida a veiculação deste texto ou a sua reprodução sem dar os devidos créditos à esta autora. 

11 comentários:

  1. Claudia muito obrigada pela partilha. O texto é excelente e muito esclarecedor.
    Eduarda

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  2. Entendo que o governo deveria levar esses testes até as escolas. Há muitas crianças a serem descobertas que estão perdendo interesse no ensino por não serem "diagnosticadas". As escolas também não estão preparadas o que também piora.

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  3. Entendo que o governo deveria levar esses testes até as escolas. Há muitas crianças a serem descobertas que estão perdendo interesse no ensino por não serem "diagnosticadas". As escolas também não estão preparadas o que também piora.

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    1. Concordo ! Ainda temos muito a conquistar em favor destas crianças!

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  4. Também concordo com serem feitos os testes em escolas, a identificação. Mas com muito cuidado e planejamento! Simplesmente fazer os testes resultaria numa marcação pura, o que pode ser prejudicial para o convívio social dos superdotados, que já têm, muitas vezes, dificuldades de socialização. Testes só devem ser feitos quando já existe um propósito claro, bem definido.

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    1. Concordo, Bruno,que a identificação só tem validade, quando a escola tem um programa para atendimento ao aluno superdotado ou a cidade conta com salas de recursos ou Naahs que os atendam.Ou se a família puder atender de outra forma, com atividades extra curriculares ou de iniciativa da própria família. Porém, ressalvo que não são muitos superdotados que têm dificuldade em se relacionar. O que pode acontecer é que, dentre os superdotados podem existir muitos autistas de alto funcionamento ou Asperger e estes sim tem dificuldades de se relacionar. E a identificação destes alunos, com suas dificuldades, é imprescindível para os devidos tratamentos (terapia, medicação quando necessário, terapia ocupacionaL e fono, quando houver indicacao neste sentido) e, nos casos dos transtornos do espectro do aúltimo, quanto mais cedo são feitas as intervenções, melhor ser o prognóstico e desenvolvimento da criança. Por fim, ressalto que uma coisa é identificar o potencial cognitivo da criança com testes de inteligência e outra, que eu recomendo como sendo o melhor tipo de avaliação, é uma avaliação neuropsicologica, com não somente aplicação de testes de QI , mas com a aplicação de outros testes neuropsicologicos que poderão apurar outras condições além da eventual Superdotação, tais como o Tdah,os TEA (transtorno do espectro do autismo, entre os quais a Sindrome de Asperger se insere, dislexia, TDO, etc.

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    2. errata : TEA = transtornos do espectro do autismo

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    3. errata : TEA = transtornos do espectro do autismo

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    4. Concordo, Bruno,que a identificação só tem validade, quando a escola tem um programa para atendimento ao aluno superdotado ou a cidade conta com salas de recursos ou Naahs que os atendam.Ou se a família puder atender de outra forma, com atividades extra curriculares ou de iniciativa da própria família. Porém, ressalvo que não são muitos superdotados que têm dificuldade em se relacionar. O que pode acontecer é que, dentre os superdotados podem existir muitos autistas de alto funcionamento ou Asperger e estes sim tem dificuldades de se relacionar. E a identificação destes alunos, com suas dificuldades, é imprescindível para os devidos tratamentos (terapia, medicação quando necessário, terapia ocupacionaL e fono, quando houver indicacao neste sentido) e, nos casos dos transtornos do espectro do aúltimo, quanto mais cedo são feitas as intervenções, melhor ser o prognóstico e desenvolvimento da criança. Por fim, ressalto que uma coisa é identificar o potencial cognitivo da criança com testes de inteligência e outra, que eu recomendo como sendo o melhor tipo de avaliação, é uma avaliação neuropsicologica, com não somente aplicação de testes de QI , mas com a aplicação de outros testes neuropsicologicos que poderão apurar outras condições além da eventual Superdotação, tais como o Tdah,os TEA (transtorno do espectro do autismo, entre os quais a Sindrome de Asperger se insere, dislexia, TDO, etc.

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