Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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domingo, 24 de janeiro de 2016

Mentes pernambucanas que brilham

Artigo extraído do site : http://www.diariodepernambuco.com.br/app/outros/ultimas-noticias/46,37,46,11/2016/01/03/interna_vidaurbana,619268/mentes-pernambucanas-que-brilham.shtml

Larissa falou aos 4 meses. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Larissa falou aos 4 meses. Foto: Ricardo Fernandes/DP


Levantamento do Ministério da Educação revelou que o Brasil tem 13.308 superdotados. O Diario conta a hoje a história de três pernambucanos

Aos 4 meses, Larissa Camargo falou a primeira palavra. Davi Fernandes leu a Bíblia Sagrada, do Gênesis a Apocalipse, aos 5 anos. Daniel Magalhães, 16, aprendeu sozinho a falar japonês. Em comum, esses pernambucanos têm o avançado pensamento lógico, a rápida memorização e a facilidade para se comunicar. Todos receberam o mesmo diagnóstico: têm altas habilidades. Larissa, Davi e Daniel são três dos 13.308 superdotados do Brasil identificados pelo Censo Escolar 2014 do Ministério da Educação (MEC).

O professor do Centro de Educação da UFPE José Luís Simões ressalta que,para entender a superdotação e as altas habilidades, é preciso lembrar, em primeiro lugar, que crianças são inteligentes e curiosas. “Consideramos (superdotação) quando apresentam uma habilidade muito acima da esperada para a sua idade”, explica. Pode ser uma criança com talento musical apurado, facilidade para desenhar ou ter raciocínio matemático muito rápido.

Depois que os pais ou professores identificam essas características, é preciso encaminhar a criança a um psicólogo ou psicopedagogo, que, por meio de testes e de um acompanhamento, fará ou não o diagnóstico de altas habilidades. “O estímulo contínuo é fundamental para desenvolver as habilidades”, pontua Simões. Na última semana de 2015, a presidente Dilma ousseff sancionou lei que prevê a criação de um cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação.

Larissa falou aos 4 meses

A professora universitária Hilsa Camargo, 37, notou que a filha tinha desenvolvimento mais acelerado que outras crianças quando ela começou a falar aos quatro meses. Com 1 ano, falava frases completas, com sujeito, verbo e complemento. “Numa consulta, ela não parava de falar. Daí o médico disse para investigarmos se era superdotação”, lembra. Larissa Camargo, 7, começou a fazer testes para identificar altas habilidades aos 2 anos.

Quando a superdotação foi comprovada, a menina foi encaminhada ao Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação do Recife. Na época, era a única do sexo feminino a ser atendida na unidade. Hoje, ela sai uma vez por semana de Palmares para frequentar o núcleo. “O diagnóstico em meninas costuma ser mais tardio. Muitas pessoas pensam que elas são naturalmente mais comunicativas e inteligentes que os meninos”, pontua Hilsa.

Fascinada pela cultura oriental, Larissa sonha em conhecer a China e sabe de cor detalhes da história, arquiterura e cultura chinesas. “Quero morar lá, mas não tenho coragem de conhecer a Muralha da China porque tem muitos degraus”, revela. Ter um filho com superdotação, segundo a mãe, tem um lado negativo. “A educação não está preparada para receber crianças assim. Falta sensibilidade em muitas situações. Larissa não gosta de tarefas de casa e chora muito quando precisa fazer os exercícios. Ela acha entediante, uma vez que já aprendeu o assunto apenas ouvindo o professor”, diz.

Com 5 anos, Davi leu a bíblia

A agricultora Maria da Conceição Fernandes, 29, lembra da primeira vez em que suspeitaram que seu único filho, Davi Fernandes, de 7 anos, tinha altas habilidades. “Na igreja, uma professora observou a fala e o comportamento de Davi quando ele tinha 2 anos. Ela me perguntou se ele era superdotado. Sem conhecer o assunto, respondi que meu filho não era adotado e tinha saído da minha barriga”, recorda. “Nunca tinha ouvido falar nisso e achei que ela estava dizendo que ele não era meu filho biológico”, justifica.

A partir do alerta da professora, Maria da Conceição começou a  prestar atenção ao assunto. “Vi um programa de TV com um  menino superdotado e percebi que Davi tinha as mesmas características”, afirma. Quando tinha cinco anos, Davi leu toda a Bíblia Sagrada. O primeiro computador da família, que mora em Paratibe, Paulista, foi comprado para ajudar a desenvolver as habilidades do pequeno superdotado. “Ele sabe mexer nisso melhor que a gente. É muito inteligente e nos dá muito orgulho”, diz o pai de Davi, o metalúrgico Deibde Fernandes, 32.


Davi começou a ler sozinho aos 2 anos, pulou três séries e monta estruturas complexas de Lego em menos de 5 minutos. “Gosto de conversar, tirar dúvidas, ler e brincar. Meu sonho é ser engenheiro civil para construir coisas como no Minecraft (jogo eletrônico que permite a construção usando blocos dos quais o mundo é feito)”, conta.

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