A inteligência é bastante estável, segundo Robert Colom, em Introdução á Psicologia das
Diferenças Individuais, Ed. Artmed, fls. 59. Segundo ele, é fácil acordar
deprimido e, no dia seguinte, cheio de energia, mas acordar um dia com um
quociente intelectual de 120 (superior) e no dia seguinte com um QI de 90 é
algo que não acontece. A inteligência pessoal está relacionada com mais de 60
fenômenos sociais (alguns ex. são rendimento acadêmico, rendimento no trabalho,
a saúde, a sensibilidade emocional, longevidade, a resposta à psicoterapia,
vulnerabilidade à acidentes e o nível sócioeconõmico alcançado).
Os problemas nos testes de inteligência tentam ativar a
inteligência que as pessoas utilizam em sua vida cotidiana. Os escores que os psicólogos atribuem às pessoas nos
testes de QI NÃO ESTÃO LIVRES DE ERROS
DE MEDIDA, as diferenças entre esses
escores, EM MOMENTOS DIFERENTES, também não o estão (fls. 350 do referido
livro, em artigo de autoria de Júlio Olea e Francisco José Abad, A medição das
diferenças individuais).
Não descarto que mudanças
em relação ao amadurecimento do corte pré frontal, à densidade das regiões
cerebrais do córtex motor, do cerebelo, mas acho que isto demanda mais estudos
específicos. Alguns estudos já indicam que o QI das crianças podem variar e por
isso é recomendável que este seja medido, com mais precisão, a partir dos 7/8
anos. Por isso que dizemos que não é tão confiável medir o QI antes disso.
Fatores psicológicos ou
até mesmo de transtornos não tratados ou tratados também podem influenciar (para
mais ou para menos) na variação de resultados dos testes de QI.
Ademais, um psicólogo
pode cometer certos erros de vieses , tanto na aplicação quanto na apuração dos
resultados dos testes, quando realiza entrevistas de avaliação, ou quando faz
valorações profissionais, a partir de dados obtidos mediante registros
observacionais.
Quando o instrumento de avaliação é uma pessoa,
podem produzir-se vieses como o de "efeito
halo" (deixando-se levar por uma impressão global da pessoa que se
está avaliando, e não tnto pela dimensao concreta de interesse), ou de "brandura-dureza", por
tendência pessoal do avaliador de atribuir, de forma sistemática, notas altas
ou baixas) ou de “tendência central"
e outros derivados das expectativas e predisposições do avaliador (Flores-Mendoza e Colom, 2.006, Artmed). Eu mesma já
recebi laudos de crianças que foram tidas como superdotadas num primeiro teste
de QI e num segundo teste, realizado por outra profissional o QI da pessoa era
de 115 (já vi isto acontecer mais de uma vez ") e a criança vinha
apresentando dificuldades de aprendizagem, mas, o viés do profissional que
aplicou o primeiro teste era para a SD, então, a tendência dela era
supervalorizar determinadas respostas, atribuindo um falso resultado ao teste
de QI.
Outro problema que pode entrar em colisão com a
validade dos escores que proporciona um teste é que determinadas pessoas não
respondem com veracidade, no momento da realização do teste. (Flores-Mendoza e Colom, 2.006, Artmed). Sabemos que as
expectativas que uma pessoa tem sobre as consequencias de sua avaliação
psicológica, em interação com determinadas tendências pessoas, podem levá-la a
manifestar, em um teste, piores sintomas do que os que realmente tem ou
respondendo aos itens sem prestar a devida atenção ao seu conteúdo (respostas
aleatórias, tendência a dizer não, ou o contrário, aquiescência). Então, seriam respostas distorcidas dadas
pelo paciente. Outros podem ir preparados para um treinamento específico
que lhes permita obter um escore superior ao devido.
Enfim, são muitas as
variáveis que podem gerar a variação de resultados em testes de QI,
principalmente, na adolescência em que os jovens estão mais vulneráveis, com
alterações hormonais e psicológicas também. Mas, o mais importante é que não devemos confundir resultados dos
testes de QI com a inteligência, esta sim, estável.
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