Extraído do site : http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/04/1615768-decisao-inedita-coloca-jovem-que-estudou-em-casa-na-faculdade.shtml
Após quatro anos, Lorena Dias, 17, voltará a ter
colegas de classe. De 2011 a 2014, ela estudou em casa, com os pais no lugar
dos professores. Agora, acaba de se matricular na faculdade graças a uma
vitória na Justiça.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede
em Brasília, concedeu liminar favorável à jovem para que ela obtenha o
certificado de conclusão de ensino médio.
O IFB (Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia) e o Inep (instituto ligado ao MEC), que emitem o documento, ainda
podem recorrer.
Lorena, 17, com os pais, Lilian e Ricardo Dias, e
o irmão Guilherme: ela só se matriculou na faculdade após decisão judicial,
Trata-se de decisão inédita no país, segundo
Alexandre Magno, diretor jurídico da Aned (Associação Nacional de Educação
Domiciliar).
No final do ano passado, Lorena foi aprovada em
jornalismo em Brasília, onde mora. Para ingressar no curso, prestou o Enem.
Desde 2012 o Ministério da Educação permite que o
desempenho na prova seja utilizado como certificado. Lorena tirou a pontuação
necessária, mas foi impedida de obtê-lo por ser menor de idade, um dos
requisitos. Foi então que ela entrou na Justiça.
A jovem frequenta as aulas desde de março. Ela
relata não ter problemas de sociabilidade por causa da educação domiciliar –uma
crítica comum de especialistas a essa forma de ensino. "Fui eleita a
representante da turma já na primeira semana", diz.
Lorena saiu da escola porque, segundo ela, sofria
bullying e os pais estavam preocupados com as greves e a presença de drogas no
colégio em que estava matriculada, em Contagem (MG).
Ao menos 2.000 famílias praticam ensino
domiciliar, segundo a Aned. Ao contrário dos Estados Unidos, no Brasil a prática
não é regulamentada. Assim, não há consenso sobre sua legalidade.
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