Dr. Walter
Camargos, psiquiatra especializado em autismo, em seu livro, “Síndrome de
Asperger e Outros Transtornos do Espectro do Autismo de Alto Funcionamento”, às
fls. 161, aponta para três causas como sendo responsáveis pelas dificuldades
sociais dos Aspergeres: Uma delas é a Fraca Coerência Central (FCC), mas, não
necessariamente ocorre em todos. Outra delas é a fraca teoria da mente (ToM),
mas, a mesma coisa se aplica (nem todos os Aspergeres apresentam fraca teoria
da mente - ToM) e a outra é o Déficit das Funções Executivas (DFE).
O Dr. Walter
Camargos considera o autismo uma síndrome bastante heterogênea. Acredita-se
que, para cada sintoma comportamental existe uma ALTERAÇÃO COGNITIVA
RESPONSÁVEL POR ESTE.
Os
principais modelos cognitivos
capazes de explicar alguns sintomas são estes 3 que eu citei acima (Fraca
Coerência Central Fraca teoria da mente e o Déficit das Funções Executivas).
O Déficit das Funções
Executivas é apurado através dos testes de QI. Ele também é responsável pelas
disfunções executivas que causam severos prejuízos funcionais nascida dos
indivíduos com TEA. Estes indivíduos (com DFE) não conseguem planejar
adequadamente suas atividades, não conseguem organizar seu tempo, levando-os a
ser mal sucedidos, até mesmo nos propósitos mais básicos. A falta de
flexibilidade mental e o fraco controle inibitório os impedem de adequar seu
comportamento à situações inesperadas no dia-a-dia, fazendo com que se desorganizem
mentalmente e falhem em seus projetos, além de interferirem profundamente no
relacionamento social destes indivíduos. Além disso, este comportamento
impede que estes indivíduos alternem seu foco de atenção entre atividades
distintas, levando-os a comportamentos perseverantes..
Felizmente, assim
como na ToM, as Funções Executivas podem ser desenvolvidas com êxito, dentro de
um ambiente terapêutico estruturado e alcançam um resultado bastante positivo,
em indivíduos com TEA.
A capacidade de
planejamento, a alternância atencional e o controle inibitório podem ser
treinados sistematicamente, através de estratégias de “circuito de trabalho”,
onde as atividades são alternadas entre si, fazendo com que o paciente se dedique
a cada tarefa, durante um espaço de tempo limitado, e em seguida, passe para uma
nova atividade, retornando posteriormente às atividades, anterior, em um grau
um pouco mais avançado, até que o objetivo de todas as tarefas tenha sido cumprido.
O uso desta estratégia tem se mostrado
muito eficiente no desenvolvimento das funções executivas, fazendo com que o paciente
com transtornos executivos adquiram um maior controle inibitório sobre suas
ações, mantenham a memória de trabalho atividade e consigam planejar e
organizar melhor o seu tempo, em cada tarefa.
Ainda neste
sentido, estratégias de auto monitoramento podem ser aprendidas, dando ao
indivíduo com TEA autonomia para nortear o seu comportamento fora do
consultório, em sua rotina diária. Por último, a colaboração dos pais e família
é fator imprescindível para a evolução destes indivíduos, principalmente quando
se trata de crianças.
Estes 03 modelos de comportamentos são
independentes e complementares e interativos.Apesar de alguns estudos
encontrarem correlação entre eles, outros estudos não encontram correlação.
Acredita-se que a
TOM pode ser responsável por prejuízos na interação social e na comunicação ; a
FCC, pode ser responsável por prejuízos na comunicação e pelas diferenças nas
habilidades visuais e espaciais presentes na síndrome e o DFE são responsáveis
pelo alto nível de rigidez , perseveração e a também pela elaboração de rituais
ou dificuldades de lidar com mudanças na rotina.
É fantástico poder reuir todas essas
características/informações funcionais, para compreender o ser humano com
TEAAAF e assi promover um planejamento terapêutico, que seja o mais eficaz
possível. Também é maravilhoso
podermos aplicar esse conhecimento àqueles que apresentam estilos cognitivos
diferentes, mas, que não apresentam sintomas de prejuízo na interação social
(ou seja, que não possuem TEA).
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