AUTISMO – SINDROME
DE ASPERGER
Parte 1
Autor:
Karen Williams
Crianças
diagnosticadas com Síndrome de Asperger (SA) apresentam um desafio
especial no sistema educacional . Vistos tipicamente como excêntricos e
peculiares pelos colegas , suas habilidades sociais inatas freqüentemente as levam
a serem feitas de bode expiatório . Desajeitamento e interesse obsessivo em
coisas obscuras contribuem para sua apresentação "ímpar" . Crianças
com SA falham no entendimento das relações humanas e regras do
convívio social ; são ingênuos e eminentemente carentes de senso comum . Sua
inflexibilidade e falta de habilidade para lidar com mudanças leva esses
indivíduos a ser facilmente estressados e emocionalmente vulneráveis . Ao mesmo
tempo , crianças com AS (na maioria rapazes) tem
freqüentemente inteligência na média ou acima da média e tem memória
privilegiada . Sua obsessão por tema único de interesse pode levar a grandes
descobertas mais tarde na vida .
Síndrome
de Asperger é considerada uma desordem do fim do espectro do autismo .
Comparando indivíduos dentro desse espectro , Van Krevelen (citado em Wing,
1991) notou que crianças com autismo de baixa funcionalidade "vivem em seu
próprio mundo", enquanto que crianças com autismo de alta funcionalidade
"vivem em nosso mundo , mas do seu próprio jeito" (pg.99) .
Naturalmente
, nem todas as crianças com SA são diferentes . Exatamente
porque cada criança com SA tem sua própria personalidade ,
sintomas SA "típicos" se manifestam de formas
específicas para cada indivíduo . Como resultado , não existe uma receita exata
para abordagem em sala de aula que possa ser usada para todos os jovens com SA ,
da mesma forma que os métodos educacionais não atendem às necessidades de todas
as crianças que não apresentam SA .
Abaixo
estão descrições de sete características que definem a SA ,
seguidas de sugestões e estratégias de sala de aula para lidar com esses
sintomas . (intervenções em sala de aula são ilustradas com exemplos de minha
própria experiência lecionando na Escola de Psiquiatria do Centro Médico para
Crianças e Adolescentes da Universidade de Michigan . Essas sugestões são
oferecidas somente no sentido mais geral , e devem ser adequadas às
necessidades únicas de cada estudante com SA .
Insistência
em semelhanças
Crianças
com SA são facilmente oprimidas pelas mínimas mudanças ,
altamente sensíveis a pressões do ambiente e às vezes atraídas por rituais .
São ansiosos e tendem a temer obsessivamente quando não sabem o que esperar . Stress , fadiga e sobrecarga emocional facilmente os afeta .
Sugestões:
- Fornecer ambiente previsível e seguro ;
- Minimizar as transições ;
- Oferecer rotinas diárias consistentes . A criança precisa entender
cada rotina do dia e saber o que a espera , de forma a ser capaz de se
concentrar na tarefa que tem em mãos ;
- Evitar surpresas : preparar a criança previamente para atividades
especiais , mudanças de horários ou qualquer outra mudança de rotina ,
independente de quão mínima seja ;
- Afastar o medo do desconhecido , mostrando à criança as novas
atividades , professor , classe , escola , acampamento , etc com
antecedência , tão cedo quanto possível depois dele/dela ser informada da
mudança, para prevenir medo obsessivo . (por exemplo , quando a criança
com SA precisa trocar de escola , ela deve ser
apresentada ao novo professor , passear pela escola e ser informada de sua
nova rotina antes de começar . A transição da escola velha precisa ser
feita nos primeiros dias de forma que a rotina seja familiar para a
criança no novo ambiente . O novo professor pode descobrir as áreas de
especial interesse da criança e ter livros ou atividades relacionadas
disponíveis no primeiro dia da criança .
Dificuldades
em interações sociais
Crianças
com SA mostram-se inábeis para entender regras complexas de
interação social ; são ingênuas ; são extremamente egocêntricas ; podem não
gostar de contatos físicos ; falam junto as pessoas em vez de para elas ; não
entende brincadeiras , ironias ou metáforas ; usa tom de voz monótono ou
estridente , não-natural ; uso inapropriado de olhar fixo e linguagem corporal
; são insensíveis e com o sentido do tato deficiente ; interpretam errado as
deixas sociais ; não conseguem julgar as "distâncias sociais"
exibindo pouca habilidade para iniciar e sustentar conversas ; tem discurso bem
desenvolvido mas comunicação pobre ; são às vezes rotulados de "pequeno
professor" porque seu estilo de falar é semelhante ao adulto e pedante ;
são facilmente passados para trás (não percebem que outros às vezes os roubam
ou enganam) ; normalmente desejam ser parte do mundo social .
Sugestões
- Proteger a criança de ser importunada ou bulida ;
- Nos grupos mais velhos , tentar educar os colegas sobre a criança
com SA , quando a dificuldade social é severa ,
descrevendo seus problemas sociais como uma autêntica dificuldade .
Elogiar os colegas quando o tratam com jeito . Isso pode prevenir que se
torne bode expiatório , ao mesmo tempo que promove empatia e tolerância nas
outras crianças ;
- Enfatizar as habilidades acadêmicas da criança com SA ,
criando situações cooperativas onde suas habilidades de leitura ,
vocabulário , memória e outras sejam vistas como vantajosas pelos colegas
, aumentando dessa forma sua aceitação ;
- Muitas crianças com SA desejam ter amigos , mas
simplesmente não sabem como interagir . Eles precisam ser ensinados a
reagir a situações sociais e a ter um repertório de respostas para usar em
várias situações sociais . Ensinar as crianças o que dizer e como dizer .
Modelar interações bidirecionais e treinar . O julgamento social dessas
crianças se desenvolve somente depois que lhes são ensinadas regras que os
outros entendem intuitivamente . Um adulto com SA escreveu
que ele aprendeu a "imitar o comportamento humano" . Um
professor universitário com AA observou que seu esforço para entender as
interações humanas o fez "sentir-se como um antropólogo em
Marte" (Sacks, 1993, pg. 112) ;
- Embora sua dificuldade para entender as emoções dos outros ,
crianças com SA podem aprender a forma correta de reagir
. Quando insultam sem querer , por imprudência ou insensibilidade ,
precisa ser explicado a eles porque a resposta foi inapropriada e qual
teria sido a resposta correta . Indivíduos com SA precisam
aprender as habilidades sociais intelectualmente : seu instinto social e
intuição são falhos ;
- Estudantes mais velhos com SA podem se beneficiar
do "sistema amigo" . O professor pode educar um colega sensível
e hábil quanto à situação da criança com SA e sentá-los
próximos . O colega pode cuidar da criança SA no ônibus , no recreio , nos
corredores , etc , e tentar incluí-lo nas atividades da escola ;
- Crianças com SA tendem a ser reclusos ; o
professor precisa incentivar o envolvimento com outros . Encorajar
atividades sociais e limitar o tempo gasto em interesses isolados . Por
exemplo , um auxiliar do professor sentado na mesa do lanche pode
ativamente encorajar a criança com SA a participar da
conversa com os colegas , não somente solicitando suas opiniões e lhe
fazendo perguntas , mas também sutilmente incentivando as outras crianças
a fazer o mesmo .
Gama
restrita de interesses
Crianças
com SA tem preocupações excêntricas ou ímpares, fixações
intensas (às vezes colecionando obsessivamente coisas não-usuais). Eles tendem
a "leitura" implacável nas áreas de interesse ; perguntam
insistentemente sobre seus interesses ; tem dificuldades para ir avante com
idéias ; seguem as próprias inclinações , a despeito da demanda externa ; às
vezes recusam-se a aprender qualquer coisa fora do seu limitado campo de
interesses .
Sugestões
- Não admitir que a criança com SA discuta
perseverativamente ou faça perguntas sobre interesses isolados . Limitar
esse comportamento designando um tempo específico do dia , quando a
criança pode falar sobre isso . Por exemplo : a uma criança com SA com
fixação em animais e tem inumeráveis perguntas sobre um tipo de tartarugas
ser permitido fazer essas perguntas somente durante o recreio . Isso fará
parte de sua rotina diária e ela aprenderá rapidamente a se interromper
quando começar a fazer esse tipo de perguntas em outros horários do dia ;
- Uso de reforço positivo seletivo , direcionado a formar um
comportamento desejado , é uma estratégia crítica para ajudar crianças com SA .
Essas crianças respondem a elogios (por exemplo, no caso de um perguntador
contumaz , o professor poderia premiá-lo consistentemente assim que ele
pare e congratulá-lo por permitir que os outros também falem) . Essas
crianças também devem ser premiadas por comportamentos simples e esperados
que absorva de outras crianças ;
- Algumas crianças com SA não querem ensinamentos
fora de sua área de interesse . Exigência firme deve ser feita para
completar o trabalho de classe . Deve ficar muito claro para a criança SA que
ela não está no controle e tem que seguir regras específicas . Ao mesmo
tempo , no entanto , encontrar um meio-termo , dando-lhe a oportunidade de
perseguir seus próprios interesses ;
- Para crianças particularmente obstinadas , pode ser necessário
inicialmente individualizar todos os conteúdos em redor de sua área de
interesse (por exemplo , se o interesse é dinossauros , oferecer sentenças
de gramática , problemas de matemática , leitura e escrita sobre
dinossauros) . Gradualmente introduzir outros
tópicos .
- Estudantes podem receber a tarefa de relacionar seus interesses com
o tema em estudo . Por exemplo , durante o estudo sobre um país específico
, uma criança obssecada por trens pode receber a tarefa de pesquisar os
meios de transporte usados naquele país ;
- Usar as fixações da criança como um caminho para abrir seu
repertório de interesses . Por exemplo , durante uma unidade
"corredores da floresta" o estudante com SA que
tinha obsessão por animais foi levado não somente a estudar os animais
corredores da floresta , mas a própria floresta , que é a casa dos animais
. Ele se motivou a aprender sobre o povo local que era forçado a cortar as
árvores do habitat dos animais da floresta para sobreviver .
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