Extraído do site : http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/05/o-ensino-nao-esta-pronto-para-receber-superdotados-diz-professor.html
Instituto de Educação do Paraná foi o primeiro local a ter uma sala específica para atender os alunos no estado
(Foto: Samuel Nunes/G1)
Estimativa aponta que até 39 mil crianças sejam superdotadas no Paraná. Dessas, apenas 526 em idade escolar recebem acompanhamento.
A Organização Mundial da Saúde estima que de 3% a 5%
da população mundial pode ser chamada de “superdotados”. No Paraná, de acordo
com a Secretaria de Educação (Seed), o número de alunos com essa condição,
entre o 6º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio, pode chegar a
39 mil pessoas.
Para o professor André Ribas, que há
quase nove anos cuida da primeira sala de recursos destinada ao atendimento
desses alunos no Paraná, um dos problemas que dificulta a identificação desses
alunos está no próprio ensino. "A escola ainda é a mesma que eu
frequentava há 20 anos, que meus pais frequentavam há 40. O ensino não está
pronto para recebê-los”, acredita Ribas.
A preocupação dele é compartilhada pela
Secretaria da Educação. Segundo a técnica pedagógica Denise Matos Lima, que
trabalha no Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional, um dos
motivos para o atendimento ainda não ter alcançado números maiores é a
dificuldade de identificação dos alunos e a novidade que o atendimento
diferenciado a eles representa na pedagogia. "As universidades ainda não
formam os professores para identificar os alunos que possuem altas habilidades.
Eles costumam receber formação justamente para o contrário, ajudar os alunos
que têm dificuldades", diz.
Ribas diz que materiais usados com os alunos geralmente são
doados (Foto: Samuel Nunes/G1)
Descobrindo superdotados
O professor Ribas diz que um dos primeiros locais em que os alunos superdotados
são identificados é dentro das próprias famílias. Ele explica que, para essas
crianças, a fase dos "porquês" nunca passa. “Elas são mais curiosas e
estão sempre questionando tudo e todos. Costumam chamar os professores de
burros, às vezes não gostam de ir à escola, o que é óbvio, já que elas
selecionam o que querem aprender. Quando algo não lhes interessa mais, passam
para o próximo tópico”, conta.
Caso haja uma identificação das
habilidades cognitivas do aluno, a criança é encaminhada para a sala de
recursos. Dali, ela vai para uma avaliação com um psicólogo, que emite um laudo
apontando os pontos em que a criança está acima da média e aqueles em que ainda
precisa ter um acompanhamento melhor. “Nós também trabalhamos para deixar essa
área [deficitária] o mais próximo possível da média dos demais alunos”, pontua
Ribas.
Quando o laudo chega às mãos do
professor que coordena a sala de recursos, é preciso encontrar formas de
adaptar os materiais às habilidades que o aluno possui. Para isso, são usadas
diversas ferramentas que variam desde jogos até projetos acadêmicos, em
parceria com outras instituições de ensino e com a comunidade.
Atendimento
A sala comandada por Ribas funciona no Instituto de Educação do Paraná Erasmo Pilotto, em Curitiba. O projeto atualmente atende todo o público interno do colégio, mas em casos especiais acaba recebendo alunos de outras unidades de Curitiba. A escola possui alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.
Na sala, os alunos desenvolvem vários
projetos que tentam se adaptar às necessidades e às curiosidades de
conhecimento que os alunos possuem. Um deles, por exemplo, é uma oficina de
robótica, que funciona em parceria com a Universidade Federal Tecnológica do
Paraná (UTFPR). Nela, três
alunos do ensino médio tentam montar um pequeno robô para participar de uma
competição. A iniciativa é patrocinada pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Da mesma forma que aqueles que possuem
dificuldades de aprendizagem, os alunos superdotados necessitam de
acompanhamento diferenciado. No Instituto de Educação, a sala de recursos
funciona no contraturno escolar.
O espaço, segundo Ribas, se adapta às
necessidades de cada aluno. O professor pontua que a metodologia usada por ele
contempla a superdotação pelas áreas de conhecimento. “Ninguém é bom em tudo.
Ao todo, são 11 tipos de inteligência que a gente considera. Alguns são
melhores em determinadas áreas, mas deficientes em outras”, diz o professor.
Competição de robôs
Gabriela de Abraão Passos, de 15 anos, é uma das alunas que participam do
projeto. Ela conta que procurou, por conta própria, há um ano, a sala de altas
habilidades porque se interessou na ideia de aprender sobre computação. Antes
de aprenderem robótica, os alunos passaram por outra oficina, de programação.
“Eu sempre tive curiosidade. Gosto de descobrir várias coisas e por isso
acabei entrando no projeto”, diz Gabriela. A menina diz que sempre sentiu mais
facilidade nas matérias de Química, Física e História. “São temas que eu gosto
bastante”, conta. Segundo ela, os meses que passou aprendendo a programar já
fizeram pensar em seguir a carreira como engenheira de computação.
Da parte da UTFPR, duas alunas do curso de engenharia de computação
ministraram aulas ao grupo do Instituto de Educação. Kaya Sumire Abe e Bianca
Alberton passaram os últimos meses explicando aos alunos o processo de
construção de um robô.
Bianca diz que o grupo não teve o rendimento esperado na oficina e acha
difícil que consigam montar o robô a tempo da competição, que deve ocorrer em
cerca de um mês. “Acho que um dos motivos foi porque não conseguimos passar
como se fazia a programação. Mesmo assim, o pessoal da faculdade de engenharia
demora bastante a conseguir. Mas para o próximo ano acredito que eles já
consigam montar um”, diz.
Objetivos do atendimento
O sucesso ou fracasso no concurso de robôs, porém, não é o que move os objetivos da sala de recursos. De acordo com Ribas, o projeto visa ajudar os alunos com altas habilidades a se encontrar e a se relacionar melhor com os colegas. “Muitos deles chegam aqui e dizem ‘esse é um lugar em que vão me entender’”, conta o professor.
Segundo ele, a maior parte desses alunos
é incompreendida pelos colegas e até por alguns professores, que os veem como
pessoas problemáticas. “Ele [aluno] é incompreendido, porque a gente não tem
paciência para ouvir”, diz.
É a situação de Gabriela, por exemplo. A
menina diz que os conflitos com professores sempre foram constantes. "Às
vezes, não concordo com o que eles dizem ou com a forma como ensinam",
lembra.
Mitos dos
superdotados
Um dos principais mitos em relação aos alunos superdotados é chamá-los de gênios. “Gênio é aquele que deixou alguma contribuição para a sociedade. Steve Jobs foi um gênio? Isso depende do ponto de vista. Do ponto de vista do design e do modo de se usar computadores, sim”, argumenta Ribas. Para ele, o conceito de “gênio” é relativo e depende do contexto em que se avalia cada caso.
Da mesma forma, os alunos superdotados
nem sempre tiram as maiores notas em todas as matérias na escola. “Tem muitos
superdotados que tiram zero e reprovam, seja por não gostarem da matéria, seja
por pirraça ou até por dificuldade em entender aquele conteúdo”, diz
Gabriela Passos é uma das alunas atendidas no Instituto de Educação do Paraná, em Curitiba (Foto: Samuel Nunes/G1)
Altas habilidades' X 'superdotados'
Embora pareça pequena, existe uma diferença de significados entre os dois
termos. Ribas explica que o conceito de aluno superdotado trabalha apenas com
dois tipos de inteligência e privilegia a facilidade acadêmica das crianças.
Dessa forma, pessoas que têm a possibilidade de se destacar em outras áreas,
acabavam sendo excluídas do atendimento especial. "Um jogador de futebol
pode um superdotado, mas isso não significa que ele seja bom na escola",
pontua.
Segundo ele, o termo "altas
habilidades" é o que mais tem aparecido entre as pessoas que estudam o
tema atualmente. Esse conceito atua nas várias inteligências que as pessoas
podem desenvolver. Assim, conforme o professor, é possível pensar em atividades
que possam ampliar as habilidades cognitivas específicas de cada aluno,
evitando, inclusive, que saiam da escola.
Teatro, jogos e outras atividades são usadas
para incentivar as áreas de inteligência dos alunos
(Foto: Samuel Nunes/G1)
para incentivar as áreas de inteligência dos alunos
(Foto: Samuel Nunes/G1)
Outros locais
de ensino
A Secretaria de Educação informou que as salas especiais de atendimento aos alunos superdotados estão disponíveis em 28 cidades do Paraná. Ao todo, 54 escolas oferecem o serviço. Denise Matos diz que o objetivo da Secretaria da Educação é expandir o projeto aos poucos, até chegar a outras cidades. "Nosso primeiro passo é formar um grupo de multiplicadores, que possam passar os conhecimentos nessa área a outros professores", diz.
Ela ainda revela ainda que a Secretaria
da Educação e o Conselho Brasileiro para a Superdotação estão organizando um
congresso internacional sobre o tema, que deve ocorrer em Foz do Iguaçu, em
2014. "A escolha da cidade foi justamente para ampliar a nossa atuação nas
cidades da região. Nesses eventos, além de professores, sempre aparecem pais
interessados no tema", conta.
Abaixo, você pode conferir a lista de
cidades que disponibilizam a atenção especial. Nos núcleos regionais de
educação é possível saber quais escolas estão aptas a receber os alunos que
apresentam superdotação. De acordo com a Secretaria da Educação, nenhuma escola
particular dispõe de atendimento especializado.
Cidades com atendimento especializado no Paraná
Pinhais Campo Largo
Campo Mourão
Fazenda Rio Grande
São José dos Pinhais
Cascavel
Corbélia
Curitiba
Francisco Beltrão
Guarapuava
Cambará
Londrina
Rolândia
Maringá
Sarandi
Colorado
Pato Branco
Chopinzinho
Coronel Vivida
Itapejara do Oeste
Pitanga
Ponta Grossa
Toledo
Umuarama
Iporã
União da Vitória
Jaguariaíva
São José da Boa Vista
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É o fruto da FALTA DE PREPARO DOS PROFESSORES para identificação e atendimento de alunos superdotados em sala de aula, principalmente em ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES de todo o Brasil.
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