Extraído do site : http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/02/pais-brasileiros-lutam-pelo-direito-de-educar-os-filhos-longe-da-escola.html
O homeschooling não é aceito no
Brasil e muitas famílias que a implantam respondem a processos judicias de
"abandono intelectual". Mas, resolvem a questão para que seus filhos
obtenham um certificado de conclusão, ao prestarem o ENEM, quando completam 18
anos, pois neste exame (ENEM) existe a possibilidade de o aluno obter o
certificado de conclusão de ensino médio, mesmo que ele não o tenha cursado, se
ficar comprovado que ele tem conhecimentos suficientes para tanto, o que se
verifica com a realização do ENEM e também é possível, neste mesmo ato em que o
aluno presta o ENEM, que ele ingresse numa universidade. A questão é que o
aluno terá que esperar até os 18 anos para prestar vestibular, mas, tb é válido
se esta for a opção da família :
Para pedagoga Maria Stela
Graciani, crianças deixam de interagir quando não há convívio escolar.
Cerca de mil famílias ensinam filhos em casa.
Na companhia da mãe e na companhia virtual, Calebe, de 13 anos, passa os dias aprendendo em casa. Ele saiu da escola há três anos por decisão dos pais, que moram em Belo Horizonte.
“Se você quer formar cidadão e pessoas,
a física e a química não vão formar”, explica o pai e empresário Gilmar de
Carvalho.
A irmã de Calebe tem 15 anos e também
não frequenta a escola desde os 12. Os pais dizem que os filhos, hoje, rendem
muito mais.
“Eu lembro quando eles faziam a
interpretação de texto, eu mais interpretava para eles do que eles mesmos”,
conta a mãe e dona de casa Vânia Lúcia de Carvalho.
Em casa, Calebe tem um cantinho de
estudo, o escritório da casa. Ele não tem um rotina muito rígida, uma
quantidade específica de horas para estudar, mas uma coisa é obrigatória todos
os dias: a leitura.
Será que Calebe gosta mesmo de estudar
em casa ? “Prefiro, porque aqui eu consigo estudar tranquilo”, diz o
adolescente.
A Justiça determinou no mês passado que
Calebe e a irmã voltem para a escola até o começo de março, porque a legislação
brasileira não prevê a educação domiciliar.
O mesmo aconteceu com um casal que vive na
zona rural de Caratinga, interior de Minas Gerais. Eles também
tiraram os filhos do colégio. O Fantástico contou em 2008 a história da
família.
“Eles se tornaram autodidatas, sem
aquela dependência para serem ensinados para aprender”, diz o designer Cleber
Andrade Nunes.
Os filhos, hoje, com 18 e 19 anos, estão há sete longe
da escola.
“Em casa a gente aprendeu a gostar
daquilo que a gente estava aprendendo”, conta o webdesigner Jonatas Nunes.
“A gente que fazia os horários, a gente
que fazia todo o esquema de estudo”, lembra o programador Davi Nunes.
Quando tinham 12 e 13 anos passaram no
vestibular de Direito, só pra provar que podiam. Agora, eles
pretendem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, para tentar conseguir um
certificado de conclusão do curso, o que é permitido pelo Ministério
da Educação.
A irmã mais nova de Jonatas e Davi segue
o mesmo caminho.
A Ana tem cinco anos, nunca foi a uma
creche ou escola e os pais querem que continue assim, que a educação seja só em
casa. Ela já está sendo alfabetizada.
“Ela já está alfabetizada com cinco.
Desde quatro aninhos ela já estava lendo e alfabetizada em inglês também”,
conta a mãe Bernadeth Amorim.
“Nossos filhos não precisam da escola. A
escola deve ser a última alternativa”, afirma Cleber Andrade Nunes.
Essa decisão custou caro para o casal,
que até hoje tem problemas com a justiça. Eles devem mais de R$ 10 mil e
respondem por abandono intelectual. “Nós
corremos esse risco e estaríamos disposto a ir até as últimas consequências”,
diz Cleber.
Eles não estão sozinhos. A Associação
Nacional de Educação Domiciliar afirma que, no Brasil, cerca de mil famílias
dão lições aos filhos menores em casa.
Nos Estados Unidos, a educação domiciliar é aceita
em vários estados. Em 2007, 1,5 milhão de crianças estudava assim.
No Brasil, um projeto de lei em
tramitação no Congresso Nacional pretende liberar esse tipo de aprendizado, mas
as crianças teriam que passar por exames periódicos.
Para a pedagoga da PUC de São Paulo Maria Stela
Graciani, quem não tem convívio escolar deixa de interagir. “Ela perde a
essência da convivência comunitária”, explica.
Os pais rebatem. Ana brinca com
amiguinhas do bairro todos os dias e Calebe faz aulas de violão e também tem
amigos.
Para o promotor da infância e juventude
de Belo Horizonte Celso Penna Fernandes Júnior, esses pais desrespeitam o
Estatuto da Criança e do Adolescente, que diz que eles devem matricular os
filhos na rede regular de ensino.
Já os pais se apoiam num artigo da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz que eles têm prioridade na
escolha do aprendizado.
“A Declaração Universal dos Direitos do
Homem não é incompatível com a lei brasileira e nem poderia ser. O que eu acho
que ela não quer que aconteça é que o estado resolva estabelecer um único tipo
de educação para toda a sociedade”, diz o promotor.
Ele multou os pais de Calebe em três
salários mínimos cada um por desrespeito ao estatuto. Eles também podem perder
a guarda dos filhos se os adolescentes não voltarem à escola.
“Vamos lutar pra que a lei no nosso país
admita essa instrução domiciliar”, diz o pai de Calebe.
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