Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Decoreba é a melhor opção aos estudos, diz neurocientista




 






Por George Vidipo


Nesse momento em que o blog anda discutindo sobre educação e o melhor método educacional, a reportagem abaixo desmistifica muitas das propostas apresentadas. Dá voz aos que os professores do chão da escola estão cansados de falar, mas não são ouvidos.






"Para aprender que flor se chama flor, não há como explicar. Só decorando", afirma o neurocientista Ivan Izquierdo


As crianças em idade escolar - e até mesmo os pais - podem não perceber, mas por trás do aprendizado do alfabeto ou da tabuada estão diferentes abordagens, por vezes opostas, que visam a consolidar ensinamentos básicos para o ser humano. A solução encontrada por muitos educadores para o ensino das letras e dos números aos pequenos é decorar: um método defendido por diversos especialistas que também é alvo de críticas, especialmente entre adeptos do construtivismo.



O neurocientista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador científico do Instituto do Cérebro do RS (InsCer), Ivan Izquierdo, afirma que não há como fugir da decoreba, pois alguns conteúdos só são possíveis de se aprender por meio desse método. Especialistas em educação defensores da teoria construtivista de Jean Piaget, contudo, dizem que nem toda informação se transforma em conhecimento, e que, por isso, os alunos precisam trilhar seus próprios caminhos de assimilação.



"Decorar é uma das técnicas mais usuais e uma das mais úteis", argumenta Izquierdo. Para o neurocientista, o uso da memória é a melhor maneira de fazer com que uma criança aprenda os números, as letras, a tabuada; na vida diária, afinal, ela decora nomes de pessoas e objetos, poesias ou letras de canções. Do ponto de vista neurobiológico, essa não seria apenas a melhor, mas a única opção. "Para aprender que flor se chama flor, não há como explicar. Só decorando. Alguém diz que é flor, depois a criança repete", frisa Izquierdo. A repetição e a absorção dessas informações pela visão e pela audição, segundo essa lógica, são a raiz de uma memória duradoura.



Na visão construtivista, contudo, o desenvolvimento do conhecimento ocorre por processos. Uma novidade ou algo desconhecido provoca um desequilíbrio. Para reordenar as ideias e criar hipóteses para atingir o aprendizado, o sujeito compreende e aprende a partir de relações com suas experiências e conteúdos previamente assimilados. "Esse é um ponto fundamental da concepção construtivista. Trata-se de um processo, uma construção permanente. A informação não necessariamente se transforma em conhecimento de forma imediata", explica o professor de psicologia do desenvolvimento da Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Mário Sérgio Vasconcelos. Diferentemente da decoreba, a teoria de Piaget prevê que as pessoas podem agir sobre as informações por meio de processos adaptativos que são a assimilação (incorporação de novos elementos) e acomodação (uma adaptação por influência do meio e do próprio ponto de vista do sujeito).



Pela lógica do construtivismo, as crianças dos primeiros anos da educação básica aprendem letras e números conforme o significado que eles têm em suas vidas. A percepção pessoal desses elementos entra em cena, por exemplo, na hora de conhecer o alfabeto. Inicialmente, os professores podem trabalhar o nome da criança e explorar as letras que o compõem, em vez de apenas expor todo o abecedário. Depois, conforme a evolução, dá para incluir outras palavras que fazem parte da vivência dos pequenos. Contudo, Vasconcelos garante que o construtivismo não nega que, se a pessoa exercitar determinada informação, ela pode compreender e conhecer. "Quando as pessoas decoram algumas coisas, elas também aprendem. Mas nem todo conhecimento pode ser assimilado dessa maneira", destaca o professor.



A importância do construtivismo, nesse sentido, é estabelecer as relações necessárias para que isso não seja esquecido. "Memória no construtivismo não é só gravar. Tem que relacionar as informações a outras aprendidas anteriormente", observa a professora de metodologia de ensino da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) Vânia Galindo Massabni. A especialista afirma que não se pode falar em aprendizagem se não há conservação do conhecimento absorvido - só quando há uma memória estável. O aluno pode simplesmente memorizar a data do descobrimento do Brasil, por exemplo, mas irá aprender de fato quando puder relacionar informações a esse acontecimento histórico. No caso dos conteúdos dos anos iniciais, entretanto, ela admite que muitas das informações vêm de acordos ou convenções sociais e não podem ser construídas, mas sim memorizadas - como é o caso do alfabeto e dos nomes. "Não tem como a criança elaborar por si só. Ela precisa guardar essa informação para que outras memórias sejam construídas dentro de um contexto", considera Vânia.



Decorar não pode ser única alternativa



Izquierdo acredita que o construtivismo é um método extremista que pretende eliminar a decoreba - a mesma que, em alguns casos, poderia ser útil. O neurocientista diz que diversos experimentos já constataram que os mecanismos do cérebro estão preparados para aprender a partir da memorização e da repetição. Mesmo assim, ele reconhece que há outras formas possíveis de ensino. "Se a decoreba é utilizada para aprender absolutamente tudo, claro que não é bom.
Algumas coisas só se aprende com o raciocínio", pondera.



Já entre os construtivistas, há dois problemas reconhecidos mesmo por aqueles que defendem a teoria: a possibilidade de deixar de lado conteúdos relevantes e a distorção da aplicação dessas ideias nas escolas brasileiras. Vasconcelos entende que, se um assunto não tem significado ou sentido para os alunos, ou não é de interesse para a cultura ou a vida pessoal, ele pode ser deixado de lado. "Evidentemente ninguém domina todos os conhecimentos", ressalva. Vânia, por sua vez, questiona o que são esses conteúdos fundamentais para cada área. "O que é relevante? Datas históricas ou compreender a importância e o impacto desses fatos?", indaga. Em relação ao uso das ideias do construtivismo, a dificuldade está na preparação dos professores, que não conseguem desenvolver o aprendizado em um ambiente mais democrático como prevê a teoria. Além disso, a divulgação distorcida, na opinião da professora, contribuiu para que se formasse uma visão de que a educação construtivista deixa a criança livre para fazer o que quer, ou estudar só o que deseja.



Enquanto Izquierdo avalia que a decoreba vem sendo injustamente desprezada pelos professores em prol de uma dinâmica que facilita, mas peca na qualidade, os entusiastas do construtivismo apostam que o método proporciona um estudo mais aprofundado. "É um conhecimento mais saudável e duradouro, pois provê os conteúdos de sentido e significado", diz Vasconcelos. Para o professor da Unesp, ainda há o que evoluir, mas a teoria é considerada por ele como a mais completa do ponto de vista da compreensão de como o processo de construção de conhecimento funciona.







Adorei o artigo e estou de pleno acordo ! Sou da época em que se decorava tabuada, datas históricas e regras gramaticais e sou a favor delas. Apesar de eu não ser professora, alfabetizei meus filhos, que têm altas habilidades acadêmicas, quando eles tinham de 3 prá 4 anos, pelo método sintético de alfabetização, aquele que estabelece uma correspondência entre o som e a grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado por letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra. Eles se alfabetizaram sem erros de ortografia e partiram para uma leitura fluente, com bastante rapidez (mas, ressalvo que eles são alunos com altas habilidades acadêmicas). Mas, o que quero dizer é que sou super favorável a todo método de ensino que usa da memorização, e decoreba.

Um comentário:

  1. Tem que voltar a memorização nas escolas o abandono dela não deu certo a prova disso que os alunos de hoje sabe menos do que o passado.

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