O papel da mãe da criança superdotada é importantíssimo
na vida desta criança.
Hoje estávamos conversando sobre um caso que
aconteceu, no meu grupo do Facebook, “Mãe de Crianças Superdotadas” e percebi,
ainda mais claramente, da importância do papel da mãe de uma criança
superdotada, em sua educação, desenvolvimento e resultados apresentados.
Quando digo mãe, posso parecer estar sendo feminista.
Mas, explico : É porque dos mais de 600 membros que participam do meu grupo no
facebook, 95% dos mais atuantes (em termos de lutar pelos direitos de seus
filhos), são mães. Temos também alguns pais fabulosos e muito ativos. Porém, a
maioria atuante, ainda é composta de mães.
Para quem olha de fora, pode parecer normal, que uma
criança aprenda sozinha a ler, aos 3 anos, fazer contas de cabeça e que todo o
seu futuro dependerá de seu talento, dom e facilidade de aprender.
Mas, são poucos os que, realmente, conhecem as
barreiras encontradas pelos pais de crianças superdotadas, em seu
desenvolvimento educacional.
A começar pela identificação : A escola, no mais das
vezes, não identifica um talento ; um aluno superdotado.
Na grande maioria das vezes, a percepção de que a
criança se destaca além de seus pares, vem dos pais. São eles que percebem a
grande curiosidade da criança, o poder de observação, a excelente memória, as
analogias, o raciocínio rápido, a facilidade de aprender, enfim, a maior parte
das características de uma criança superdotada.
Aí, podem comentar ou não com a escola e ver qual será
a sua reação.
No mais das vezes, a reação da escola é : nenhuma.
A escola não se importa ou não dá credibilidade se a criança é superdotada ou
não. Ainda mais se ela for do tipo acadêmico, pois significa menos uma
preocupação para a professora em transmitir o conhecimento para o aluno. Menos
um aluno, com quem ela tem que se preocupar, em ensinar, em sala de aula. Ou
então, pensam que já que é superdotado, ele “vai sozinho”. Não precisa de mais
nada para aprender, além de seu próprio dom.
Ledo engano.
O aluno superdotado precisa de muitas coisas. Precisa
de apoio em reconhecê-lo como tal. Ele sabe que é e pensa diferente. Então, a
constatação, da sua condição de superdotado, vai ajudá-lo a perceber o porquê e
aonde ele é diferente e o que representa esta diferença, no seu dia a dia.
A grande maioria das crianças superdotadas é
hipersensível. Quer dizer que sentem as coisas mais forte. Quer dizer que, se
estão tristes, elas estão muiiiiito tristes. Se estão felizes, então, ficam
extremamente felizes. Nessas horas em que a hipersensibilidade da criança
superdotada fala alto, eles precisam da mãe, ali do lado deles, para dar
suporte e fazer com que seus sentimentos fiquem mais amenos.
Crianças superdotadas (os adultos também.. he he) são
perfeccionistas e sofrem, por vezes muito, com este perfeccionismo. Então, não
vão admitir errar, perder um jogo, uma brincadeira, aprender uma coisa e não
entender. Perder uma competição. Porque vão se cobrar , chorar e sofrer. Nestas
horas, vão precisar da mãe, aquela única pessoa que entende aquele
perfeccionismo, de onde vem, para que lhe ajude a desvendar e tentar fazer este
perfeccionismo ir embora e a criança parar de sofrer por causa dele.
Por vezes, as crianças superdotadas também não vão
conseguir lidar com o fato de apresentarem uma habilidade muito grande numa
área, porém, “normal” ou aquém em outra área. Por exemplo : o aluno ser um
leitor voraz, que aprendeu a ler aos 3 anos, porém, não consegue, ainda, aos 8 anos
amarrar os seus sapatos. Isto se chama
assincronismo e é difícil para quem vê uma criança lendo aos 3 anos, aceitar
que esta mesma criança não consiga amarrar os seus sapatos, aos 8 anos. Mas,
isto acontece e é muito normal entre as crianças superdotadas. Mas, os pais, a
própria criança, seus professores e amigos irão cobrar da criança aquele
resultado, porque ela é mais inteligente. Se é mais inteligente, tem que ser
boa em tudo. Se não é boa em tudo, ou se apresenta alguma dificuldade, em
alguma área que não seja aquela que ela apresenta habilidade, então, ela não é
superdotada. E isto se torna um ciclo vicioso, capaz de colocar em dúvida, a
superdotação da criança.
E, nestes casos, em que estamos falando de uma criança
que precisa ser identificada, reconhecida como diferente, ser cuidada em sua
hipersensibilidade, receber um abraço carinhoso, quando sofrer, ou quando
errar, sem que seja criticado por ser muito sensível ou manhoso, é que o papel
de Mãe de uma criança superdotada se faz mais do que importante ;
imprescindível.
Mas, o que me motivou a fazer este “post”, foi o papel da mãe da criança superdotada, em relação ao
desenvolvimento educacional de seu filho.
São as mães que vão atrás de informações. De um lugar
ou profissional para que seus filhos sejam devidamente avaliados. Que fazem de
tudo para convencer a escola de que aquela criança é, de fato, diferente e esta
diferença tem um nome : superdotação. E mostrar que esta superdotação está
comprovada através de um laudo. E que este laudo fala que a escola tem que
aplicar alguma proposta pedagógica diferente para este aluno, que pode ser ou a
frequência do aluno nos NAAH´s , ou na sala de recursos, ou que a escola tem
que aplicar a sua filho um enriquecimento curricular ou a que seu filho precisa
ser acelerado de série.
Ih... quando falo em aceleração de série, estou
querendo dizer que é muito provável que esta mãe vai ter que comprar uma briga
muito grande com a escola de seu filho, ou com a diretoria de ensino, ou com a
secretaria da educação e estar, até mesmo preparada, para ter que contratar um
advogado e acionar o Judiciário para fazer valer os direitos de seu filho, em
ter uma educação especializada. Educação especial esta, que está prevista em
nossa lei de diretrizes básicas da educação, em nossa Constituição Federal,
Normas e Resoluções dos Conselhos de Educação (estaduais e nacional), bem como
no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas, que as escolas, diretorias de
ensino e secretarias da educação insistem em “desconhecer”.
É nestas horas que eu penso que a
criança só vai conseguir ser superdotada, se a mãe dela encontrar a força
necessária para que seu filho tenha acesso aquela educação, que a lei chama de
especial.
Tenho notado, nesta minha trajetória de mãe de
crianças superdotadas, blogueira, proprietária de um grupo no facebook, e
advogada militante na área da inclusão, da educação e da superdotação que uma
criança superdotada sem uma mãe engajada, corre o risco de ser somente mais uma
criança ...
Se a criança não tiver a sorte de ter
uma mãe que lute pelos direitos de seu filho ; o direito de ser identificada ;
de ser respeitada pelas suas diferenças ; de ter uma educação especial, ela só
vai ser mais uma criança como outra qualquer ... rebelde, entediada, frustrada,
reprimida. Tudo isso, menos superdotada ....
Como sempre, mais uma postagem estimulante e encorajadora!
ResponderExcluirMuita coisa mudou nas nossas vidas depois que conheci esse blog e o grupo do face
Não canso de agradecer...
Bjos
Muito pertinentes as ideias, dá forças para as mães tentarem um diagnóstico de seus filhos.
ResponderExcluirAmei as discussões aqui apresentadas.
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