Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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domingo, 27 de janeiro de 2013

O PAPEL DA MÃE DE UMA CRIANÇA SUPERDOTADA EM SUA VIDA ESCOLAR



 



O papel da mãe da criança superdotada é importantíssimo na vida desta criança.




Hoje estávamos conversando sobre um caso que aconteceu, no meu grupo do Facebook, “Mãe de Crianças Superdotadas” e percebi, ainda mais claramente, da importância do papel da mãe de uma criança superdotada, em sua educação, desenvolvimento e resultados apresentados.




Quando digo mãe, posso parecer estar sendo feminista. Mas, explico : É porque dos mais de 600 membros que participam do meu grupo no facebook, 95% dos mais atuantes (em termos de lutar pelos direitos de seus filhos), são mães. Temos também alguns pais fabulosos e muito ativos. Porém, a maioria atuante, ainda é composta de mães.




Para quem olha de fora, pode parecer normal, que uma criança aprenda sozinha a ler, aos 3 anos, fazer contas de cabeça e que todo o seu futuro dependerá de seu talento, dom e facilidade de aprender.




Mas, são poucos os que, realmente, conhecem as barreiras encontradas pelos pais de crianças superdotadas, em seu desenvolvimento educacional.




A começar pela identificação : A escola, no mais das vezes, não identifica um talento ; um aluno superdotado.




Na grande maioria das vezes, a percepção de que a criança se destaca além de seus pares, vem dos pais. São eles que percebem a grande curiosidade da criança, o poder de observação, a excelente memória, as analogias, o raciocínio rápido, a facilidade de aprender, enfim, a maior parte das características de uma criança superdotada.



Aí, podem comentar ou não com a escola e ver qual será a sua reação.




No mais das vezes, a reação da escola é : nenhuma. A escola não se importa ou não dá credibilidade se a criança é superdotada ou não. Ainda mais se ela for do tipo acadêmico, pois significa menos uma preocupação para a professora em transmitir o conhecimento para o aluno. Menos um aluno, com quem ela tem que se preocupar, em ensinar, em sala de aula. Ou então, pensam que já que é superdotado, ele “vai sozinho”. Não precisa de mais nada para aprender, além de seu próprio dom.



Ledo engano.




O aluno superdotado precisa de muitas coisas. Precisa de apoio em reconhecê-lo como tal. Ele sabe que é e pensa diferente. Então, a constatação, da sua condição de superdotado, vai ajudá-lo a perceber o porquê e aonde ele é diferente e o que representa esta diferença, no seu dia a dia.




A grande maioria das crianças superdotadas é hipersensível. Quer dizer que sentem as coisas mais forte. Quer dizer que, se estão tristes, elas estão muiiiiito tristes. Se estão felizes, então, ficam extremamente felizes. Nessas horas em que a hipersensibilidade da criança superdotada fala alto, eles precisam da mãe, ali do lado deles, para dar suporte e fazer com que seus sentimentos fiquem mais amenos.




Crianças superdotadas (os adultos também.. he he) são perfeccionistas e sofrem, por vezes muito, com este perfeccionismo. Então, não vão admitir errar, perder um jogo, uma brincadeira, aprender uma coisa e não entender. Perder uma competição. Porque vão se cobrar , chorar e sofrer. Nestas horas, vão precisar da mãe, aquela única pessoa que entende aquele perfeccionismo, de onde vem, para que lhe ajude a desvendar e tentar fazer este perfeccionismo ir embora e a criança parar de sofrer por causa dele.




Por vezes, as crianças superdotadas também não vão conseguir lidar com o fato de apresentarem uma habilidade muito grande numa área, porém, “normal” ou aquém em outra área. Por exemplo : o aluno ser um leitor voraz, que aprendeu a ler aos 3 anos, porém, não consegue, ainda, aos 8 anos amarrar os seus sapatos.  Isto se chama assincronismo e é difícil para quem vê uma criança lendo aos 3 anos, aceitar que esta mesma criança não consiga amarrar os seus sapatos, aos 8 anos. Mas, isto acontece e é muito normal entre as crianças superdotadas. Mas, os pais, a própria criança, seus professores e amigos irão cobrar da criança aquele resultado, porque ela é mais inteligente. Se é mais inteligente, tem que ser boa em tudo. Se não é boa em tudo, ou se apresenta alguma dificuldade, em alguma área que não seja aquela que ela apresenta habilidade, então, ela não é superdotada. E isto se torna um ciclo vicioso, capaz de colocar em dúvida, a superdotação da criança.




E, nestes casos, em que estamos falando de uma criança que precisa ser identificada, reconhecida como diferente, ser cuidada em sua hipersensibilidade, receber um abraço carinhoso, quando sofrer, ou quando errar, sem que seja criticado por ser muito sensível ou manhoso, é que o papel de Mãe de uma criança superdotada se faz mais do que importante ; imprescindível.




Mas, o que me motivou a fazer este “post”, foi o papel da mãe da criança superdotada, em relação ao desenvolvimento educacional de seu filho.





São as mães que vão atrás de informações. De um lugar ou profissional para que seus filhos sejam devidamente avaliados. Que fazem de tudo para convencer a escola de que aquela criança é, de fato, diferente e esta diferença tem um nome : superdotação. E mostrar que esta superdotação está comprovada através de um laudo. E que este laudo fala que a escola tem que aplicar alguma proposta pedagógica diferente para este aluno, que pode ser ou a frequência do aluno nos NAAH´s , ou na sala de recursos, ou que a escola tem que aplicar a sua filho um enriquecimento curricular ou a que seu filho precisa ser acelerado de série.





Ih... quando falo em aceleração de série, estou querendo dizer que é muito provável que esta mãe vai ter que comprar uma briga muito grande com a escola de seu filho, ou com a diretoria de ensino, ou com a secretaria da educação e estar, até mesmo preparada, para ter que contratar um advogado e acionar o Judiciário para fazer valer os direitos de seu filho, em ter uma educação especializada. Educação especial esta, que está prevista em nossa lei de diretrizes básicas da educação, em nossa Constituição Federal, Normas e Resoluções dos Conselhos de Educação (estaduais e nacional), bem como no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas, que as escolas, diretorias de ensino e secretarias da educação insistem em “desconhecer”.




É nestas horas que eu penso que a criança só vai conseguir ser superdotada, se a mãe dela encontrar a força necessária para que seu filho tenha acesso aquela educação, que a lei chama de especial.




Tenho notado, nesta minha trajetória de mãe de crianças superdotadas, blogueira, proprietária de um grupo no facebook, e advogada militante na área da inclusão, da educação e da superdotação que uma criança superdotada sem uma mãe engajada, corre o risco de ser somente mais uma criança ...  




Se a criança não tiver a sorte de ter uma mãe que lute pelos direitos de seu filho ; o direito de ser identificada ; de ser respeitada pelas suas diferenças ; de ter uma educação especial, ela só vai ser mais uma criança como outra qualquer ... rebelde, entediada, frustrada, reprimida. Tudo isso, menos superdotada ....



3 comentários:

  1. Como sempre, mais uma postagem estimulante e encorajadora!
    Muita coisa mudou nas nossas vidas depois que conheci esse blog e o grupo do face
    Não canso de agradecer...
    Bjos

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  2. Muito pertinentes as ideias, dá forças para as mães tentarem um diagnóstico de seus filhos.

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