Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A DIFICULDADE DE SER UM SUPERDOTADO QUE APRESENTA UMA DUPLA EXCEPCIONALIDADE, OU SEJA, UM TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM, DE COMPORTAMENTO OU DE DESENVOLVIMENTO ALIADO À SUPERDOTAÇÃO




Uma das características predominantes das crianças superdotadas é a lucidez, que se manifesta na facilidade com que compreendem, desde cedo, conceitos dos adultos.




Voltadas para a abstração, são fascinadas pela ideia da morte. Diante de qualquer situação, percebem imediatamente os riscos, as possibilidades de fracasso ou de derrota. Essa consciência pode paralisá-Ias. Em vez de enfrentar um exame escolar, por exemplo, respondendo às questões uma após a outra, uma criança superdotada analisa a todo instante os riscos ligados a uma resposta errada. É claro que muitos superdotados dominam essa angústia e obtêm resultados brilhantes. Entretanto, basta um pequeno grão de areia na engrenagem para que a criança se feche perigosamente em si mesma.




Tomemos como exemplo, o caso de Julien. O medo de se sair mal era, sem dúvida, a razão de seus resultados ruins na escola. Com medo de ser avaliado por outras crianças, ele se distanciava. Suas verdadeiras capacidades intelectuais só se revelaram quando ficou à vontade com o psiquiatra e soube que os testes a que seria submetido não teriam nenhuma consequência. A obsessão do fracasso é geralmente a causa dos transtornos manifestados por crianças superdotadas. O problema é agravado em duas situações frequentes : a dislexia, outros transtornos de aprendizagem ou de desenvolviemento e os problemas motores.




Como ocorre em relação às outras crianças, de 8% a 10% das superdotadas são disléxicas, isto é, têm problemas para aprender a ler e escrever. Essas dificuldades, quando não detectadas, são prejudiciais a todas as crianças, mas nas superdotadas as consequências são desproporcionais. Para diagnosticar um caso de dislexia, utilizamos o chamado teste de inversão. A criança é apresentada a pares de signos (letras, formas geométriicas, objetos) idênticos, diferentes ou invertidos. Geralmente, no maternal o aluno já dispõe os objetos, classificando-os segundo as categorias: idêntico, diferente ou invertido. Aquele que confunde as categorias é provavelmente disléxica, pois não tem a noção correta da orientação das letras, dos grupos de palavras ou dos sons.




Nos casos de crianças superdotados que têm algum outro transtorno associado à superdotação ocorre frequentemente que, aos 5 ou 6 anos, os superdotados com a dupla excepcionalidade constatam que compreendem tudo, mas não tiram boas notas. Eles sofrem de um conflito entre sua lucidez (eles sabem o que se espera deles) e as notas baixas que recebe : não compreendem por que não têm um bom desempenho. Assim, com uma imagem depreciada de si mesmos, eles podem se fechar e perder o innteresse pelo que Ihes é ensinado. Nessas crianças, vários sinais de sofrimento psicológico chamam a atenção : resultados escolares medíocres, ansiedade, depressão ou agravamento da dislexia ou de outro transtorno de aprendizagem se a criança tiver. Além disso, a percepção que têm da justiça torna insuportável para elas as punições que consideram desmerecidas. Em consequência, fecham-se ainda mais na solidão.




Para avaliar o atraso no desenvolvimento da orientação espacial, comparamos os resultados obtidos nas provas de performance dos testes de QI (percepção do espaço, quebra-cabeças e imagens complementares, identificação de códigos) e nas provas verbais. Se a distância entre o resultado da prova verbal e o do teste de performance geral for inferior a 10 pontos, será preciso observar melhor o desenvolvimento da criança para descobrir qualquer evolução desfavorável. Se a distância se situar entre 10 e 20 pontos, aconselha-se um acompanhamento psicomotor. Se for superior a 20 pontos, uma terapia familiar.




Na terapia familiar, os pais são atendidos junto com a criança e a história da família é evocada. O objetivo é "dissolver" as inibições, procurando o que lhe suscita o temor do fracasso. Nas que sofrem de problemas motores ou de orientação espacial, constatamos que receiam executar gestos cotidianos, como amarrar os sapatos. Elas sabem que, se tentarem, se atrapalharão e serão alvo das chacotas dos colegas. Ao indagar os pais sobre essas questões simples, o psicoterapeuta constata que eles, muitas vezes, acentuam a falta de autonomia dos filhos ao tentarem ajudá-Ios. O psicoterapeuta deve ensinar a criança a reconquistar sua autonomia, fazendo-a compreender a importância disso e aceitar a ideia do fracasso. Paralelamente, ela deve ser acompanhada por um especialista em psicomotricidade, que corrigirá seus movimentos e a ensinará a distinguir o lado direito do esquerdo. O terapeuta construirá referências espaciais por meio de desenhos e jogos.



É..  parece estranho haver transtornos ou dificuldades de aprendizagem entre os alunos superdotados, mas, existe e acontece. Imagine que, para identificar uma criança superdotada do tipo acadêmico já (que é mais fácil de ser identificada, entre todos os tipos...) já é difícil, imagine, então, como é quase impossível de se identificar aquele que tem a dupla excepcionalidade ! 




E.. imaginem como não sofrem estes alunos sub identificados ???  Complicado, não é ?

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