Uma das
características predominantes das crianças superdotadas é a lucidez, que se
manifesta na facilidade com que compreendem, desde cedo, conceitos dos adultos.
Voltadas para a
abstração, são fascinadas pela ideia da morte. Diante de qualquer
situação, percebem imediatamente os riscos, as possibilidades de fracasso ou de
derrota. Essa consciência pode paralisá-Ias. Em vez de enfrentar um exame escolar, por exemplo,
respondendo às questões uma após a outra, uma criança superdotada analisa a
todo instante os riscos ligados a uma resposta errada. É claro
que muitos superdotados dominam essa angústia e obtêm resultados brilhantes. Entretanto, basta um pequeno grão de areia na engrenagem
para que a criança se feche perigosamente em si mesma.
Tomemos como
exemplo, o caso de Julien. O medo de se sair mal era,
sem dúvida, a razão de seus resultados ruins na escola. Com medo de ser avaliado por outras crianças, ele se
distanciava. Suas verdadeiras capacidades intelectuais só se
revelaram quando ficou à vontade com o psiquiatra e soube que os testes a que
seria submetido não teriam nenhuma consequência. A
obsessão do fracasso é geralmente a causa dos transtornos manifestados por
crianças superdotadas. O problema é agravado em duas situações
frequentes : a dislexia, outros transtornos de aprendizagem ou
de desenvolviemento e os problemas motores.
Como ocorre em
relação às outras crianças, de 8% a 10% das superdotadas são disléxicas, isto
é, têm problemas para aprender a ler e escrever. Essas dificuldades,
quando não detectadas, são prejudiciais a todas as crianças, mas nas
superdotadas as consequências são desproporcionais. Para diagnosticar um
caso de dislexia, utilizamos o chamado teste de inversão. A criança é
apresentada a pares de signos (letras, formas geométriicas, objetos) idênticos,
diferentes ou invertidos. Geralmente, no maternal o aluno já dispõe os objetos,
classificando-os segundo as categorias: idêntico, diferente ou invertido.
Aquele que confunde as categorias é provavelmente disléxica, pois não tem a
noção correta da orientação das letras, dos grupos de palavras ou dos sons.
Nos casos de
crianças superdotados que têm algum outro transtorno associado à superdotação
ocorre frequentemente que, aos 5 ou 6 anos, os superdotados com a dupla
excepcionalidade constatam que compreendem tudo, mas não tiram boas notas. Eles
sofrem de um conflito entre sua lucidez (eles sabem o que se espera deles) e as
notas baixas que recebe : não compreendem por que não têm um bom
desempenho. Assim, com uma imagem depreciada de si mesmos,
eles podem se fechar e perder o innteresse pelo que Ihes é ensinado. Nessas crianças, vários sinais de sofrimento
psicológico chamam a atenção : resultados escolares medíocres, ansiedade, depressão ou
agravamento da dislexia ou de outro transtorno de aprendizagem se a criança
tiver. Além disso, a percepção que têm da justiça torna
insuportável para elas as punições que consideram desmerecidas. Em consequência,
fecham-se ainda mais na solidão.
Para avaliar o
atraso no desenvolvimento da orientação espacial, comparamos os resultados
obtidos nas provas de performance dos testes de QI (percepção do espaço,
quebra-cabeças e imagens complementares, identificação de códigos) e nas provas
verbais. Se a distância entre o resultado da prova verbal e o do
teste de performance geral for inferior a 10 pontos, será preciso observar
melhor o desenvolvimento da criança para descobrir qualquer evolução
desfavorável. Se a distância se situar entre 10 e 20 pontos, aconselha-se um
acompanhamento psicomotor. Se for superior a
20 pontos, uma terapia familiar.
Na terapia familiar,
os pais são atendidos junto com a criança e a história da família é evocada. O
objetivo é "dissolver" as inibições, procurando o que lhe suscita o
temor do fracasso. Nas que sofrem de problemas motores ou de orientação
espacial, constatamos que receiam executar gestos cotidianos, como amarrar os
sapatos. Elas sabem que, se tentarem, se atrapalharão e serão alvo das
chacotas dos colegas. Ao indagar os pais sobre essas questões simples, o
psicoterapeuta constata que eles, muitas vezes, acentuam a falta de autonomia
dos filhos ao tentarem ajudá-Ios. O psicoterapeuta deve ensinar a criança a
reconquistar sua autonomia, fazendo-a compreender a importância disso e aceitar
a ideia do fracasso. Paralelamente, ela deve ser acompanhada por um
especialista em psicomotricidade, que corrigirá seus movimentos e a ensinará a
distinguir o lado direito do esquerdo. O terapeuta construirá referências
espaciais por meio de desenhos e jogos.
É.. parece estranho haver transtornos ou dificuldades de aprendizagem entre os alunos superdotados, mas, existe e acontece. Imagine que, para identificar uma criança superdotada do tipo acadêmico já (que é mais fácil de ser identificada, entre todos os tipos...) já é difícil, imagine, então, como é quase impossível de se identificar aquele que tem a dupla excepcionalidade !
E.. imaginem como não sofrem estes alunos sub identificados ??? Complicado, não é ?
É.. parece estranho haver transtornos ou dificuldades de aprendizagem entre os alunos superdotados, mas, existe e acontece. Imagine que, para identificar uma criança superdotada do tipo acadêmico já (que é mais fácil de ser identificada, entre todos os tipos...) já é difícil, imagine, então, como é quase impossível de se identificar aquele que tem a dupla excepcionalidade !
E.. imaginem como não sofrem estes alunos sub identificados ??? Complicado, não é ?
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