Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pesquisa mostra como a baixa renda interfere no desempenho acadêmico do aluno superdotado de baixa renda


Mente Cérebro




Superdotados também tiram notas baixas

 



O que a maioria das pessoas imagina, quando se fala em crianças superdotadas, são aqueles geniozinhos típicos de filmes norte-americanos da sessão da tarde, que tiram notas fantásticas e constroem computadores para as feiras de ciências. A realidade, porém, pode ser bem diferente: os superdotados são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes nem conhecem seu potencial.



Pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB) com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda no Distrito Federal revela que o rendimento escolar de superdotados é similar ao dos outros alunos. O trabalho mostrou, inclusive, que esse desempenho pode ser ruim, pois 42% dos superdotados que participaram dos estudos já reprovaram ou estão defasados em relação ao ano letivo. No caso dos outros alunos, esse número chega a 50%.


A psicóloga Jane Farias Chagas, autora da pesquisa, atribui esse dado a fatores como dificuldades socioeconômicas, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e preparação dos professores. "O superdotado de baixa renda encontra dificuldades muito maiores e têm realidades diferentes daquelas vividas pelos mais abastados, o que reflete diretamente em seu rendimento escolar", afirma Jane. Muitos têm de trabalhar e estudar, dependem de várias conduções diariamente e não encontram na escola pública um ambiente rico em recursos sócio-culturais que respondam às suas expectativas. "Eles acabam não tendo condições de explorar seu potencial e ficam frustrados", reforça a pesquisadora.



Justamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos superdotados passam despercebidos. "É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correto", explica Jane. Dos 67 alunos matriculados na turma especial para superdotados em que Jane foi professora, apenas 14 eram menos favorecidos. "Mais retraídos e com baixa auto-estima, esses talentos podem ser perdidos se pais e professores despreparados não entenderem que notas baixas não significam falta de capacidade", alerta a psicóloga. Já existe um programa do IP voltado a dar orientações a pais de crianças superdotadas (leia abaixo). Porém, falta informação, tanto a pais quanto a educadores, para detectar os meninos talentosos.



FAMÍLIA QUE INVESTE - O trabalho é a dissertação de mestrado de Jane, que acompanhou por dois anos 14 famílias de superdotados e outras 14 de alunos não-superdotados matriculados no ensino público fundamental e médio. Durante o estudo, a psicóloga constatou alguns pontos importantes para entender a formação das crianças talentosas. Traços presentes na criação dos superdotados indicam que a participação da família é preponderante na evolução de seu potencial. "As famílias de superdotados investem mais no seu desenvolvimento", confirma Jane.



De acordo com a pesquisadora, esses pais oferecem recursos materiais para o aprimoramento do potencial da criança, dedicam-se mais ao filho e vêem a educação como prioridade em sua formação. "Eles fazem sacrifícios para oferecer à criança as condições de desenvolver suas habilidades", afirma. "Uma das famílias mudou-se do interior do Mato Grosso para dar melhores condições ao filho", lembra Jane.



Saber como funciona a estrutura familiar é indispensável para entender como uma criança desenvolve sua superdotação. "É necessário que o talento da criança seja estimulado para que este potencial possa emergir", afirma a psicóloga Denise Fleith, orientadora do mestrado. O que determina um superdotado é ter habilidades acima da média em uma ou várias áreas, acadêmicas ou artísticas, ser criativo e extremamente motivado. Assim, a inteligência cartesiana não basta: é necessário um apoio externo. "QI alto não significa superdotação", reforça Denise. Segundo ela, Pelé é um superdotado em sua área, mesmo que na infância tenha tirado notas péssimas em matemática.



PAIS APRENDEM A LIDAR COM FILHOS TALENTOSOS - Dar informações atualizadas sobre superdotação e abrir espaço para a troca de experiências entre pais de crianças talentosas é a proposta de um programa iniciado no ano passado pelo Instituto de Psicologia (IP) da UnB. O Serviço de Apoio Psicoeducacional a Pais de Alunos Superdotados e Talentosos pretende orientar os pais que vivenciam realidades especiais em suas casas. "Os superdotados têm necessidades específicas e muitos pais sentem falta de um apoio para lidar com suas inquietações", afirma a psicóloga Denise Fleith, coordenadora do projeto de extensão.


O IP já oferecia treinamento e apoio técnico a professores e psicólogos da Secretaria de Educação do Distrito Federal, que têm classes especiais voltadas aos alunos talentosos. 



"Mas notamos que a família também era carente de informações", explica Denise. Segundo ela, oferecer apoio global à formação do superdotado depende de uma orientação escolar correta, mas também de um ambiente familiar fértil.



Nesses encontros, os pais conversam com os psicólogos em grupo e individualmente, esclarecem dúvidas, apresentam seus medos, problemas e sucessos na criação dos filhos. Para Denise, a possibilidade de conhecerem as realidades de outros pais é essencial para ajudá-los a entender e conviver com os filhos especiais. "O contato entre eles é importantíssimo para trocas estratégias bem sucedidas e para aprender a contornar dificuldades que outros já enfrentaram", argumenta.



O programa consiste em reuniões semanais gratuitas, realizadas às quartas feiras no Instituto de Psicologia, às 19:15h. Um grupo de pais é aberto a cada semestre. Já foram atendidas 50 famílias desde a criação do projeto.


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