Extraído do site :
http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=569
Interessante artigo que retrata como muitos alunos
superdotados se sentem, em sala de aula
Artigo de autoria de Melissa Samanta Holetz - Professora de
Matemática e de Ciências, formada em Matemática Habilitação em Licenciatura
pela Universidade Federal Fluminense (UFSC/SC) e pós-graduada em Psicopedagogia
pelas Faculdades Integradas Maria Thereza (Famath/RJ).
O superdotado em sala de aula
Os superdotados estão inseridos nas
classes comuns. Muitas vezes, passam despercebidos. Há alunos que, inclusive, embora
superdotados, têm rendimento escolar inferior, pois, freqüentemente, manifestam
falta de interesse e de motivação para os estudos acadêmicos e para a rotina
escolar, ou ainda, por não se ajustarem aos colegas de classe, o que pode
desencadear problemas de aprendizagem e de adaptação escolar.
Na Escola, se nosso ensino fosse voltado às reais
necessidades do grupo, à criatividade, a situação do superdotado seria menos
preocupante. Ele
estaria produzindo, não apenas reproduzindo e se entediando em sala de aula. Estaria entre seus colegas, superdotados
ou não, sendo respeitado em seu estilo de pensar e aprender, recebendo
atendimento de enriquecimento nas áreas que desejasse. (PRISTA, 1992, p.
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Segundo Alencar e Fleith (2001), em sala de aula, o
espaço para a fantasia e a imaginação, para o jogo de idéias é reduzido, sendo
o potencial criador, que está presente em toda criança, muitas vezes bloqueado,
inibido, e, em alguns casos, destruído.
Para Freehill (1982), o bom ensino para alunos
superdotados e talentosos salienta a descoberta, a intuição, a diversidade de
resultados, os aspectos pessoais do aprendizado e a importância do significado
como orientador do ensino.
Freeman e Guenther (2000), acreditam que o primeiro
problema que a criança bem-dotada enfrenta, em sala de aula, é o tempo de
espera. Segundo ele, ela perde muito tempo, pois, de um modo geral,
aprende mais rápido e, desta forma, resolve as situações escolares mais
depressa que os colegas, e, como resultado, está sempre esperando que os outros
terminem o que já fez.
Para preencher esse espaço vazio,
algumas crianças voltam-se para si mesmas, alienando-se voluntariamente do que
está acontecendo em sala de aula, distraindo-se, deixando passar o tempo. Esse tipo de comportamento pode criar
um desinteresse por parte do aluno com relação ao trabalho escolar, e acabar
baixando sua produção ao mínimo necessário.
Alguns, inclusive, aprendem a trabalhar num ritmo mais
lento para acompanhar seus colegas e tornar a aula menos tediosa. Outros vão
simplesmente preencher o tempo vago com outras atividades, que em nada tem haver
com o conteúdo ministrado, que podem ser desde ler um livro ou historinhas em
quadrinhos, desenhar, ou
até cometer indisciplina.
Seja qual for a situação adotada pela criança, o
resultado final é sempre uma ameaça sobre a criança, que além de ser considerada
inconveniente pelos professores, terá seu potencial totalmente ou parcialmente
intocado, a ponto de se tornar um aluno “médio” na escola e, provavelmente, na
vida.
Segundo Novaes (1979), comentários do tipo “tal
aluno deve tirar boas notas porque é superdotado” fazem com que este aluno
abdique e desista de seus talentos e aptidões, uma vez que, para tê-los, tem
mais preocupações e obrigações do que os outros colegas.
Em minha experiência na área educacional, pude
observar que, infelizmente, são poucos os professores que buscam abrir
espaços para o desenvolvimento e expressão da criatividade dos alunos, para as
descobertas, permitindo com que esses alunos tenham livre expressão de
sentimentos e necessidades.
Pelo contrário, em muitos casos, os
superdotados são considerados pelos professores como crianças difíceis,
agressivas, desatentas. Isso
porque a grande maioria das crianças superdotadas é questionadora e algumas não
conseguem manter sua atenção voltada aos conteúdos escolares, que muitas vezes
não são incentivadores ou até já são conhecidos por elas. As crianças
superdotadas querem criar, resolver situações, conhecer mais.
Hurlock (1964), citado em Novaes (1979), ressalta que uma
criança superdotada é freqüentemente encarada como uma ameaça pelos companheiros,
pois, ela pode fazer com que padrões de trabalho de classe passem a ser mais
rigorosos e o professor passe a esperar mais dos alunos. Alguns até chegam
a negar seu potencial com medo de serem discriminados.
Até porque, as crianças de QI médio não
se sentem confortáveis quando junto a uma criança muito inteligente, porque
parecem menos capazes quando comparadas com ela.
...em virtude da falta de apoio e
compreensão do meio ambiente, são comuns estados de indiferença, de apatia,
reações agressivas, havendo casos em que superdotados têm a preocupação de
ocultar seus talentos, a fim de não criarem situações embaraçosas para os
demais e não serem rejeitados pelo grupo de amigos e colegas. (NOVAES, 1979, p.21)
Além disso, alguns alunos superdotados,
não apresentam preocupação com as suas notas. Enquanto outros estudantes se preocupam
em tirar boas notas para passar de ano, eles gastam seu tempo lendo textos
científicos, livros de filosofia ou até mesmo revistinhas de ficção científica,
engajados em atividades e leituras que nada tem a ver com suas disciplinas
curriculares, e, como conseqüência disso, acabam não alcançando bons
resultados.
Daí, a importância do professor, que deve
se preocupar em descobrir o motivo do desinteresse do aluno ou do seu comportamento
inoportuno, para não criar um estigma e desencadear um processo crescente de
inadaptações do aluno.
Quando o superdotado traz para a sala de
aula suas experiências, passa a ser percebido como o diferente, o que atrapalha
a aula e não deixa o professor ensinar o conteúdo. Pouco a pouco, em vez de serem
estimulados, este potencial, esta curiosidade, sua expressão, seus pensamentos
e sentimentos são inibidos. A conseqüência pode ser o fechamento, a negação de
si ou a agitação. (PRISTA, 1992, p. 53)
Segundo Novaes (1979), para conviver bem com um
superdotado em sala de aula, é preciso, antes de tudo, que o professor o aceite
como tal, e assuma seus próprios limites, a fim de ser solícito e ao mesmo
tempo firme; de forma que não haja competição com o aluno, e sim, uma
relação de ajuda mútua.
Há casos em que, dependendo da reação do
professor, o aluno superdotado chega a organizar “represálias” com os demais
alunos, com a intenção de castigar o professor, elaborando verdadeiros combates, às vezes,
“contaminando” a turma quando o seu papel de líder o permite.
Não é raro que a criança superdotada seja
até hostilizada, direta ou indiretamente, por alguns professores, quando estes
constatam que ela já sabe a matéria a ser ensinada ou até quando domina, em
poucos dias, coisas que seus colegas de sala de aula levam semanas ou meses. Como conseqüência, ele se acomoda e
produz menos do que é capaz, simplesmente porque está desestimulado.
Segundo Pickard (1976), também citado em Novaes
(1979), o professor, em geral, aprecia na criança três características:
habilidade acadêmica, alta motivação e conformismo social. Assim, é de se
supor que as crianças que fogem a tais “moldes”, como é o caso da esmagadora
maioria dos superdotados, tornem-se insatisfeitas e frustradas e desapontem
pais e professores.
Segundo José e Coelho (1999), na escola, esse tipo
de criança merece atenção especial, pelo menos para ter oportunidades
educacionais correspondentes à sua idade mental e a suas outras aptidões, e
para desenvolver plenamente suas potencialidades sociais, estéticas e
intelectuais. Currículos
demasiadamente fáceis, que não oferecem desafios, e aulas ministradas com
vistas a média classe irão aborrecê-la e, conseqüentemente, diminuir seu
interesse.
ola, parabens pelo blog achei muito esclarecedor gostaria de lhe perguntar se voce poderia falar um pouco mais sobre os levemente superdotados,seus comportamentos e capacidades, e tambem tenha uma segunda pergunta: qual o desvio de padrao de qi utilizou neste post?http://maedecriancassuperdotadas.blogspot.com.br/2010/03/niveis-de-superdotacao-o-potencial-as.html
ResponderExcluirOlá. Sou a Melissa, autora do artigo publicado acima. Fico feliz em saber que mais pessoas estão se interessando e se dedicando ao estudo de superdotados no Brasil. Abraço!!!
ResponderExcluirOi, eu sou o Marcelo Pai da Alice e do Alberto ,Alice é uma menina inteligente e ensina o Alberto , então , ele também é inteligente . A Alice absorve as informações com facilidade e tem uma oscilação de humor diretamente ligada a depressão , bom , a pergunta é , como saber se ela é inteligente , superdotada ou algum percentual de alguma síndrome?
ResponderExcluirMarcelo,
ResponderExcluirProcure uma neuropsicóloga e psiquiatra infantil, para avaliação da depressão e diagnóstico. Pela avaliação neuropsicológica você descobrirá se sua filha tem superdotação e avaliará as oscilações de humor. O psiquiatra auxiliará na depressão e oscilação de humor também.