Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ASPERGER : Tipo de autismo tem sintomas camuflados


Sem deficiência cognitiva e com a fala preservada, portadores da síndrome de Asperger não têm diagnóstico precoce



Antonio Costa/Gazeta do Povo / Vicente, 9 anos, descobriu no teatro e na oficina de história em quadrinhos aliados para enfrentar os traços do autismo






Publicado em 02/04/2011 | ADRIANA CZELUSNIAK



A empresária Tatiana Souza, 38 anos, não sabe dizer quantas vezes ouviu na rua que era para ela procurar a Super Nanny, a personagem do programa de tevê que tenta colocar nos eixos os filhos mais temperamentais. A indicação era motivada pelo comportamento do Vicente, 9 anos, que sofre de autismo. Dentro do ônibus, ele não conseguia ficar muito tempo quieto, gritava e causava espanto em quem estava por perto. “Às vezes eu conseguia falar que ele não era mal-educado, que tinha dificuldades, mas na maioria das vezes não dava nem tempo de falar nada”, conta Tatiana.



Ela mesma custou a acreditar que Vicente fazia parte dos quase 70 milhões de pessoas (dado da Organização das Nações Unidas) que vivem sob as dificuldades do transtorno invasivo do comportamento. O filho já tinha 5 anos quando ela conheceu o nome síndrome de Asperger, que dentro do espectro autista está do lado oposto ao do autismo severo. “Ele evitava brincar com outras crianças, não falava e se jogava no chão de cabeça quando contrariado. Mas era carinhoso, adorava colo e gostava de se relacionar com pessoas”, diz.



A visão clássica do autismo é a daquele indivíduo que fica alheio a tudo, sentado no canto, se balançando para frente e para trás. Embora essas características possam estar presentes em casos severos da doença, aliado à deficiência mental, com a sín­drome de Asperger as características são outras. Um asperger costuma ter pouco ou nenhum comprometimento cognitivo ou de linguagem e há quem os chame de “anjinhos”, por carregarem por toda a vida uma ingenuidade que chega a prejudicá-los no convívio social.



Antonio More/Gazeta do Povo / Os pais de Leonardo descobriram o transtorno quando o garoto tinha 6 anos

Os pais de Leonardo descobriram o transtorno quando o garoto tinha 6 anos


Sinais do autismo


A intervenção precoce é valiosa para bons resultados no tratamento

. Fique atento aos seguintes sinais:


- Evita olhar nos olhos.

- Não responde quando é chamado.

- Parece estar “no mundo dele”.

- Não fala, ou fala muito pouco.

- Não usa gestos para se comunicar.

- Não entende o gesto de apontar.

- Apresenta estereotipias como sacudir as mãos.

- Insiste em carregar objetos ou enfileirá-los.

- Tem interesses um rito específicos e quando foca em alguma coisa, esquece do entorno.

- Não gosta de brincar com outra crianças.

- Tem comportamentos extremos quando contrariado, como bater as mãos na cabeça ou se jogar no chão.

Fonte: Especialistas consultados.


Na prateleira


Os filmes abaixo ajudam a entender os desafios dos portadores do transtorno :

Ben X - A Fase Final

- Com cenas fortes, o filme mostra um adolescente asperger que sofre com o bullying na escola ao mesmo tempo em que se afunda cada vez mais no mundo dos jogos de videogame violentos.


Loucos de amor


- Comédia romântica que con­­ta a história de encontros e conflitos vividos por um casal de aspergers. Mostra o dia a dia de um grupo de ajuda para pessoas com autismo.


Um Certo Olhar


- Depois de um trágico acidente de carro, que acaba com a morte da garota a quem dava carona, um viajante acaba descobrindo que a menina morava com a mãe, que tem autismo.


Rain Man


- O personagem inter­pretado por Tom Cruise descobre em um hospital psiquiátrico que tem um irmão com autismo, interpretado por Dustin Hoffman e tem de aprender a conviver com as “esquisitices” dele.




De acordo com o psiquiatra Estevão Vadasz, especializado em autismo, o asperger é aquele que não tem retardo mental, mas encontra as dificuldades nas mesmas áreas do autismo clássico : linguagem, socialização e imaginação. “Eles podem chamar a atenção por terem um vocabulário muito rico e por serem muito apegados a regras gramaticais. Mas também po­­dem ser tidos como desengonçados, esquisitões e excêntricos. Quase todos sofrem bullying desde a escola primária até a chegada ao ensino médio”, explica o médico, que coordena o Progra­ma de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquia­tria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC).



Aceito pelos colegas da escola e cursando a 4.ª série em uma vaga de inclusão, hoje o comportamento de Vicente surpreende quem o conheceu em seus primeiros anos. Além de frequentar uma clínica particular especializada em autismo duas vezes por semana, o garoto faz aulas de teatro e participa de uma oficina de história em quadrinhos, de onde saíram desenhos recentemente premiados. A mãe conta que o perfeccionismo do filho ainda traz muitos problemas, mas que pouco a pouco ele se revela mais flexível consigo mesmo. “Para mim é claro que ainda terei muito trabalho com ele, mas não tenho medo do futuro ou dos desafios. Tenho tempo para aprender e vou fazer o que for preciso para ajudá-lo”.



Vida social


“Se um garoto é asperger aos 12 anos, também será asperger aos 60. Mas dependendo da idade, ele vai precisar de diferentes intervenções. O quadro depende principalmente do investimento feito ainda na infância. É por isso que hoje se busca a intervenção precoce e a descoberta do autismo ainda em bebês”, explica o Vadasz.



Quando Leonardo nasceu, há dez anos, Claudia Prado percebeu que havia algo estranho já nos primeiros dias de vida do filho. Os testes de reflexo feitos em recém-nascidos não tinham o resultado esperado e o menino apresentava atrasos em várias etapas do desenvolvimento. Leonardo começou a falar aos 4 anos e aos 6 teve o diagnóstico de síndrome de asperger, depois de passar por muitos especialistas. “Ele frequenta o 5.º ano e tem notas ótimas. Sua característica asperger aparece principalmente quando ele começa a falar em um assunto que o interessa. Se torna repetitivo e isso incomoda as outras crianças. Também é muito sincero e chega a ser inconveniente”, conta Claudia.



Todas as quartas-feiras, Vadasz coordena o grupo de cerca de 60 jovens que se reúnem no ambulatório do HC de São Paulo para melhorar suas habilidades sociais. Os aspergers têm muita dificuldade em encontrar emprego, pois ainda não contam com os benefícios e vagas especiais como as destinadas a pessoas com deficiência mental“.


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