Extraído do site : http://agencia.fapesp.br/15867
Experiência da diversidade na infância pode
promover a abertura ao diferente e evitar o preconceito de forma duradoura,
sugerem pesquisadores da USP (Milton Michida/GESP)
Impacto da educação inclusiva na pré-escola é
avaliado em pesquisa
12/07/2012
Por
Karina Toledo
Experiência da diversidade na infância pode
promover a abertura ao diferente e evitar o preconceito de forma duradoura,
sugerem pesquisadores da USP (Milton Michida/GESP)
Agência
FAPESP – Vivenciar a
experiência da educação inclusiva na pré-escola pode promover a abertura em
relação ao diferente e evitar o preconceito de forma duradoura, aponta uma
pesquisa feita no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
A
pesquisa qualitativa foi feita com seis alunos com idades entre 7 e 16 anos
egressos de uma creche pública com características inclusivas e ambiente
diversificado. Além de crianças com deficiência, a instituição situada na
cidade de São Paulo atende alunos de diferentes classes sociais e etnias.
“A
ideia era entrevistar esses alunos, agora no ensino fundamental e em escolas
diferentes, para avaliar se a experiência da educação inclusiva pré-escolar
teve impacto em suas atitudes e valores”, contou Marie Claire Sekkel,
coordenadora da pesquisa que
teve apoio da FAPESP.
Segundo
Sekkel, a investigação teve como base diversas teorias da psicologia que
apontam as experiências vividas na infância como fundamentais para definir as
características mais marcantes do caráter de uma pessoa.
“Todos
os entrevistados demonstraram uma abertura para se relacionar com pessoas
significativamente diferentes em suas novas escolas. Nesse conceito estão
incluídas não apenas deficiências físicas e intelectuais, mas também orientação
sexual, religião, etnia, classe social e demais questões que caracterizam o
diferente”, disse.
Também
foi possível observar pelas entrevistas que os estudantes percebem claramente
as situações que fogem da norma, mas não as veem como algo negativo. “Eles não
têm a ideia preconcebida de que uma pessoa com deficiência, por exemplo, é
triste ou insatisfeita. Percebemos nos relatos uma relação de respeito”, contou
Sekkel.
Os
entrevistados também demonstraram agir de forma diferenciada no ambiente
escolar. “Enquanto a maioria das pessoas se cala diante de uma cena de
discriminação ou agressão, eles se preocupam e alguns interferem na tentativa
de ajudar. Isso mostra que a formação foi capaz de criar uma consciência
suficientemente forte para desencadear também ações e compromissos”, disse.
Essa
abertura para com o diferente, de acordo com a pesquisadora, manteve-se
independentemente dos valores familiares. “Há algo comum na educação dessas
crianças para o qual a escola exerce forte determinação. Isso mostra o
potencial das instituições de educação na formação desses alunos”, disse.
Sekkel
pretende agora investigar também o impacto dessa experiência pré-escolar
inclusiva nos pais dos alunos. “A fase pré-escolar é quando os pais estão mais
próximos da criança e da escola. Então tudo o que acontece com os alunos acaba
influenciando a vida familiar”, disse.
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