Considerando os diferentes tipos de inteligências
descritos por GARDNER, pode-se pensar então que não existe uma pessoa mais
ou menos inteligente que outra e sim que determinada pessoa possa ter
desenvolvido melhor algumas inteligências do que outras. Sendo assim, pode-se perceber que os indivíduos que têm um bom
desenvolvimento acadêmico acabam sendo considerados como os mais inteligentes,
e na verdade o que acontece é que eles desenvolveram mais a inteligência
lógico-matemática do que outros. Enquanto isso
os outros alunos considerados não tão inteligentes podem ser muito bons em
música ou apresentarem talentos incríveis nas aulas de educação artística. Eles
podem não ter a inteligência lógico-matemática tão desenvolvida, mas podem apresentar
um ótimo desenvolvimento em outras inteligências, como na inteligência musical,
ou espacial.
O mesmo pode
acontecer na pessoa com autismo, ou seja, ela pode ter algumas inteligências
mais desenvolvidas do que outras, assim como qualquer outro indivíduo 'normal'.
Pensando-se no autismo através da teoria das inteligências múltiplas pode-se
perceber que as pessoas com autismo apresentam prejuízos em algumas
inteligências e em outras podem apresentar até um alto nível de desenvolvimento,
ou seja, há alguns prejuízos em determinadas áreas que acabam comprometendo seu
desenvolvimento, mas em outras áreas podem obter excelentes rendimentos.
O quadro do
autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 por Leo Kanner,um psiquiatra
infantil de origem austríaca e radicado nos EUA. Kanner ficou intrigado com
um menino de cinco anos de idade que conseguia dizer o nome de todos os
presidentes e vice-presidentes, falar as letras do alfabeto na seqüência
habitual e de traz para frente, e recitar de forma impecável o salmo 23, mas
era incapaz de manter uma conversação ordinária, não estabelecia contato com as
pessoas, e se dirigia a outras pessoas como eu e a si mesmo como você.
Kanner também descreveu a tendência ao isolamento, as dificuldades na
comunicação, os problemas comportamentais e as atitudes inconsistentes que
constituem a marca registrada do autismo. (SCHWARTZMAN, 2003). Em paralelo
com a teoria das inteligências múltiplas, pode-se observar que esse menino
tinha um ótimo desenvolvimento na inteligência lingüística, porém grande
comprometimento nas inteligências intrapessoal e interpessoal.
Vários são os
autores que se dedicaram ao estudo do autismo, entre eles destaca-se GAUDERER
(1997, p.3), que resume a definição de autismo dizendo que é uma inadequacidade
no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave, durante toda a vida. É
incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete
cerca de cinco em cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos
que meninas. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer
configuração racial, étnica e social. A pessoa com autismo apresenta
dificuldades em três grandes áreas do desenvolvimento, ou seja, há prejuízo na
interação social, comunicação e no comportamento. Essa
inadequacidade no desenvolvimento é a causa do comprometimento em algumas
inteligências, normalmente, no caso do autismo, as inteligências que mais
aparecem comprometidas são a interpessoal e intrapessoal.
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