Extraído do Jornal “A Folha de SP” de 13/09/2011, Caderno Cotidiano
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1309201109.htm
Na capital paulista, apenas Vértice e Santa Cruz estão entre os dez melhores colégios nas cinco provas do exame
Na avaliação de pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, porém, o que vale é a média geral
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
ELTON BEZERRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os colégios particulares Vértice e Santa Cruz são os únicos que conseguiram ficar entre os dez melhores da capital paulista nas cinco áreas avaliadas no Enem 2010.
Terceiro melhor do país, o Vértice lidera em todas as provas, considerando os quase 900 colégios da cidade com notas divulgadas.
A análise pode ser feita porque o MEC informa as médias das escolas em linguagem (português e interpretação de texto), matemática, ciências da natureza (biologia e outros), ciências humanas (história e outros) e redação.
As famílias podem conferir, por exemplo, se um colégio tem boa nota em matemática. Nessa disciplina, o Palmares, 13º no ranking paulistano, sobe para 8º.
Em linguagem, Poliedro, Palmares e Pentágono (Caiubi) ganham posições e entram na lista das dez melhores.
Na opinião do pesquisador da USP José Augusto Dias, membro do Conselho Municipal de Educação, as famílias devem analisar todos os dados, da média geral aos desempenhos em cada área.
"Precisa ver se a escola tem desempenho satisfatório de um modo geral. Em segundo lugar, se ela está dando atenção àquele conteúdo que o aluno vai precisar no futuro."
Já para Clarilza Prado de Sousa, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, o que vale é a média geral. "Não adianta ter boa nota numa disciplina específica. Isso não lhe permite passar no vestibular."
Colaborou PATRÍCIA GOMES, de São Paulo
Extraído do Jornal " O Estado de São Paulo", de 18/07/2.011
Entre as 30 melhores na capital paulista do Enem de 2.009, anuidade varia até 254%
Mesmo com grande disparidade de valores cobrados, diferença máxima na pontuação obtida pelos estudantes no exame fica em 12%
18 de julho de 2010 | 23h 59
Fábio Mazzitelli, Carlos Lordelo, Paulo Saldaña, Carolina Stanisci, Luciana Alvarez - O Estado de S. Paulo
No grupo das 30 escolas da capital com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, os preços cobrados variam até 254% - enquanto a variação máxima de pontuação dos estudantes na prova fica em 12%.
Embora haja uma correlação positiva entre pagar mais e obter mais pontos no exame, puxada principalmente pelo Colégio Vértice - o melhor de São Paulo e do País e também o mais caro da capital -, o dinheiro não compra, necessariamente, a qualidade do curso. Ou seja, a diferença entre as anuidades (valor das mensalidades e de outras taxas cobradas pelos colégios) e pontuação no Enem indica que não é só escola cara que tem bom desempenho.
Para chegar a essa conclusão, o Estado comparou as notas das escolas paulistanas no Enem aplicado no ano passado, divulgadas pelo Ministério da Educação, com as anuidades cobradas das famílias. Em números absolutos, a diferença de valores entre os 30 primeiros colégios paulistanos na última etapa do ensino básico pode chegar a R$ 25,7 mil no ano. Já a diferença máxima de pontuação é menos expressiva: 79,34 pontos, numa escala de 0 a 1000.
É como se cada ponto obtido pelo estudante no Enem variasse de R$ 14,93 (Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo) a R$ 47,79 (Vértice) ao ano.
"Sempre digo aos pais que não precisa escolher a escola do topo do Enem. Se pegar uma que esteja um pouco mais atrás e razoavelmente bem colocada, os pais podem investir o que pagariam no talento individual do filho, como em esporte ou música", afirma a psicopedagoga Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC. "Um curso fora da escola é bom para que o jovem mantenha contato com outros grupos sociais."
Na avaliação do professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Munhoz Alavarse, a escola particular tem um perfil de aluno muito mais homogêneo do que a pública, sendo mais fácil obter bons resultados. "O colégio particular obviamente tem mérito, mas a maior parcela da educação vem das famílias dos alunos", diz.
Para o economista Cláudio Moura e Castro, especialista em educação, vários fatores influenciam o valor da mensalidade. "Os pais precisam considerar a variedade de serviços oferecidos pela escola. A mensalidade maior com um desempenho semelhante não significa que o colégio está roubando", afirma.
Perfil. Ele ressalta, porém, que os pais precisam ver qual o objetivo da família na hora de investir em educação. Com a diferença entre a anuidade mais cara e a mais barata dos melhores colégios, é possível pagar um ano de curso no exterior, por exemplo.
Além disso, desde que os dados por escola do Enem começaram a ser divulgados há pouca variação entre as primeiras colocadas - por diferenças às vezes menores do que 1 ponto, colégios se alternam nas melhores colocações. "Tem famílias que mudam filho para quem tem Enem melhor. Isso é uma bobagem. O ensino não é isso", afirma Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães, diretor do Colégio Santa Cruz, um dos mais bem colocados na capital.
Adilson Garcia, coordenador do Vértice, comemora a liderança, mas afirma que as escolas respondem por 25% do desempenho - o restante vem dos alunos e das famílias. "Mesmo com mensalidades maiores ou menores, você percebe que todas atraem famílias que valorizam a educação. E, se têm dinheiro, não medem sacrifício."
Na capital paulista, segundo o último Censo Escolar, a rede privada é maior que no restante do Brasil e corresponde a 17% das matrículas no ensino médio. No Estado, esse porcentual é de 14% e, no País, 12%.
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