Super-Dotados
Tem criança que se destaca no futebol. Outra tem aptidão para desenhos e dobraduras. Existem aquelas que desenvolvem uma série de habilidades. Precocemente começam a andar, falar, escrever e realizar continhas matemáticas. Estas são as crianças superdotadas, os pequenos notáveis que atraem os holofotes na multidão infantil. Segundo o neuropsicólogo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Daniel Fuentes, apenas 5% da população mundial comporta um potencial de inteligência altamente elevado.
A inteligência de uma pessoa é constituída por diversos genes e fatores. Por isso, estima-se que a causa da superdotação seja a união da genética com fatores ambientais - educação e estímulos externos. O diagnóstico de uma criança superdotada é realizado por meio de testes psicométricos validados pelas normatizações da população brasileira. Alguns sinais são reconhecidos pelos próprios pais na fase do desenvolvimento, até os 7 anos, quando apresentam curiosidade excessiva, constantes questionamentos, aprendizagem rápida e falas requintadas. Para que não haja um mal aproveitamento das habilidades do pequeno, os responsáveis devem ficar atentos as tarefas realizadas o dia-a-dia, indica o psiquiatra infantil Francisco Assumpção Junior.
Entretanto, é muito comum confundir uma criança de classe média alta, que tem acesso á informação, estudos e cultura, com um pequeno superdotado. Neste caso, temos um fator externo favorável para o desenvolvimento da intelectualidade e não um potencial elevado, que é aquele com que a criança já nasce, afirma Fuentes. Já aquelas que são realmente superdotadas podem apresentar desinteresse na escola e um péssimo rendimento por não terem as necessidades supridas e estímulos dentro de casa. Muitas vezes, os superdotados não apresentam comportamento adequado na sala de aula por não terem paciência em ouvir os professores explicando repetidamente certos assuntos para os demais. Neste caso, a psicóloga do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento (CAD), Luciana Blumenthal, aconselha aos pais que matriculem os filhos em escolas com nível de ensino mais puxado, assim garante o bom desempenho e envolvimento das crianças com as responsabilidades. Mas não significa que os pais devam excluir os filhos dos alunos comuns. Devem simplesmente reforçar o ensino, que também pode se dar com atividades extracurriculares , sinaliza a profissional.
O desenvolvimento da criança deve acontecer de forma global.
É preciso que os pais fiquem atentos á forma como tratam os filhos para que não haja supervalorização e muitas expectativas em relação ás habilidades da criança. Exigir que o filho seja sempre o melhor e expor seus dotes para amigos e familiares pode fazer com que aconteça um efeito contrário. A criança pode acabar se retraindo e limitando suas capacidades, alerta o neuropsicólogo Daniel Fuentes.
O lado emocional do pequeno deve ser levado em consideração em todos os momentos. A vantagem de ser um superdotado só acontece quando os pais aprendem a administrar os desejos e vontades da criança. Segundo a psicóloga infantil e autora do livro Guia Prático dos Pais, Suzy Camacho, é normal que os pais se envaideçam com a intelectualidade do filho, esquecendo-se das emoções da criança. O superdotado é sempre muito exigido. Os pais devem ajudar a lidar com o fracasso, que também ocorrerá na vida deste indivíduo, ressalta a especialista.
A criança altamente habilidosa está longe de ser um Einstein, assim como a sociedade costuma achar. Daniel Fuentes explica que gênio é aquele que marca e muda rumos da história, tanto para o mal quanto para o bem, assim como Darwin e Al Capone. Nos casos de genialidades o QI não é uma condição, assim como para os superdotados o potencial de intelectualidade não é uma certeza de sucesso profissional, finaliza o neuropsicólogo.
Algumas características de uma criança superdotada: |
# Sempre demonstra iniciativa para realizar novas tarefas e aprender novos assuntos.
# Apresenta curiosidade e questionamentos intensos. Nunca se contenta com respostas curtas.
Capacidade de lógica acima da mídia.
Costuma dar atenção a detalhes relevantes.
Boa memória, pensamento e conclusões rápidas.
É perfeccionista e organizado.
Habilidades para artes em geral: pintura, desenho e música.
É impaciente e intolerante.
É humilde em relação ao desempenho.
Não sabe lidar com o fracasso. |
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As diferenças de inteligência entre diferentes crianças são feitas através de testes de quociente de inteligência, testes comportamentais, entre outros tipos de avaliações, a ser feitas por especialistas, na área de superdotação. Tais testes servem para indicar a habilidade mental no geral de uma criança em relação à média de outras crianças da mesma idade. A média de QI é igual a 100. A perfomance da criança no teste é pontuada. Cerca de dois terços das crianças são consideradas normais (pontuação entre 84 a 116). Um sexto pontuam mais do que 116, e são consideradas superdotadas. Um sexto das crianças pontuam menos de que 84, neste caso, a presença de uma deficiência mental (e muitas vezes permanente - com vários graus de severidade) é considerada - embora várias crianças pontuem menos do que a média por causa de problemas psicológicos.
Os testes de quociente de inteligência são usados especialmente para o auxílio do diagnóstico de problemas neurológicos ou psicológicos, e também em testes que visam ao estudo da genética, seu papel no desenvolvimento de uma pessoa e no seu papel do desenvolvimento das diferenças entre diferenças psicológicas entre diversas pessoas. A pontuação de pessoas relacionadas geneticamente (ou seja, possuem laços de família) que fizeram pelo quociente de inteligência geralmente diferem menos do que as diferenças entre a pontuação de pessoas não relacionadas geneticamente, o que sugere que a genética tem um peso considerável - se não majoritário - na habilidade mental de uma pessoa. Porém, outros especialistas acreditam que é o ambiente no qual a criança vive que é o fator primário na formação psicológica e da habilidade mental. Estes especialistas fazem uso de estudos entre crianças culturalmente deprivadas - crianças que são criadas sem os estímulos necessários que as ajudam na educação escolar e/ou que sofrem de abuso infantil, e que possuem no geral um quociente de inteligência menor do que a média. O quociente de inteligência destas crianças, nos estudos realizados, aumentou muito após receberem cuidados especiais. Já outros especialistas questionam o uso destes testes, e que tais testes não são eficientes para medir a habilidade mental e a inteligência como um todo de uma criança. Estes especialistas alegam que a inteligência envolve vários fatores - memória, lógica e originalidade, por exemplo, e que uma criança pode destacar-se em uma ou mais áreas enquanto sofre dificuldades em outras. |
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