Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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domingo, 15 de maio de 2011

Situação revoltante no atendimento do NAAH's da Bahia


Resolvi registrar, aqui, o meu protesto e a minha indignação com o descaso do governo baiano e a Secretaria da Educação da Bahia para com os pais e com as crianças superdotadas.


Estes dias, uma mãe da comunidade do Orkut, da qual sou proprietária, me procurou, querendo indicação de algum especialista, perto de onde ela mora, na Bahia, para fazer avaliação no filho dela, de 5 anos, que já está completamente alfabetizado e apresenta traços e indícios de superdotação e tem demonstrado certo desinteresse com a escola que ele frequenta e enfrentando alguma dificuldade de se sociabilizar. O menino tem gosto e interesses diferentes da maioria de seus pares, e prá piorar, por ter nascido no segundo semestre, cursa o ano anterior, ao que poderia estar cursando, caso tivesse nascido no primeiro semestre, por força da nova determinação em relação à idade mínima, para se cursar o ensino fundamental de 6 anos, completos até 30 de Junho.


A mãe está muito angustiada com a situação de seu filho. A escola, como já estamos acostumados, faz vista grossa para o caso do garoto e acha que o menino não passa de mais um bom aluno, que tem uma mãe, que acha que o seu filho é especial...


Juntando a insatisfação do garoto, os seus interesses e gostos diferentes, a dificuldade que o menino vem demonstrando em se sociabilizar e o fato dele estar no ano anterior, por conta desta nova determinação legal, quando outras crianças de outros estados, da mesma idade que ele, já estão cursando a primeira série do ensino fundamental, é que eu recomendei que ela fizesse uma avaliação no filho dela, para, munida do laudo e sabendo da real situação e necessidades afetivas, emocionais, sociais e pedagógicas de seu filho, pudesse exigir que a escola aplicasse o disposto, na Lei de Diretrizes Básicas da Educação, no que tange à educação das crianças superdotadas (artigos 58 e 59 da LDB).


Entrei no site do Conbrasd e mandei um e-mail para a Presidente do Conbrasd, Dra. Cristina De Lou, que assim como eu imaginava, me indicou como profissionais para fazer a avaliação da criança, as pessoas que constam na lista do site do Conbrasd, que são do NAAH's de Salvador, na parte que relaciona os profissionais para dar atendimento especializado.


A mãe entrou em contato com o NAAH's de Salvador (por indicação da própria Cristina De Lou), o único daquele estado, e recebeu algumas orientações para seu filho, o que deixou a mãe mais tranquila, mas se recusaram a avaliar o garoto, sob a alegação de que a avaliação só pode ser feita, quando ele atingir 7 anos. Que antes disto, não dá para aplicar alguns testes e a criança pode ser, simplesmente, precoce, mas, não necessariamente superdotada.



Acontece que a mãe e o menino não podem esperar até que ele complete sete anos (o que só vai acontecer daqui a um ano e meio), para, então, decidirem o que fazer e como estimular a educação do menino, ou para exigirem que a escola dê o tratamento pedagógico e cuide do emocional desta criança, pois ele já está tendo prejuízos, (os que eu relatei acima) e está sendo prejudicado HOJE, não daqui a um ano e meio !!! Se a situação do menino continuar assim, sem que a escola ou o Estado dê um atendimento educacional especializado para este menino, ele corre sérios riscos de ter o seu emocional prejudicado, assim como corre sérios riscos de se entediar, se desinteressar, totalmente, da escola, e não querer mais frequentá-la, ou se auto sabotar, ou até mesmo desenvolver uma depressão ....



Tentando solucionar a questão, entrei, novamente, em contato com a atual presidente do Conbrasd, a Dra. Cristina Delou, que respondeu ao meu e-mail, da seguinte forma :


"Cláudia,

O Conbrasd não tem sócio em Feira. A indicação é que insistam pela ajuda no NAAH/S de Salvador, pois a lei garante atendimento desde a Educação Infantil. Os endereços estão no site do Conselho.

Abraços,
Cristina".


De fato, os artigos 58 e 59 da já citada lei, determina que a oferta de educação especial é dever constitucional do Estado e tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. O que reitera os dizeres da nossa Presidente.



Isto porque, a educação é dever estatal, atribuído pela nossa Constituição, dever este que é exercido pelas escolas municipais e estaduais, e delegado às escolas particulares, que, neste caso fazem as vezes do Estado..



Uma vez passada esta informação para a mãe em questão, ela, novamente, insistiu com o pessoal do NAAH's de Salvador, e, depois de muita insistência da parte dela, mencionado a orientação que teve da Presidente do Conbrasd, uma das profissionais marcou um horário com a mãe, para atendê-la, mas, não de forma gratuita.


Quando ouvi a história da mãe, e a aflição que ela está passando, de ver os dias passarem, sem que ela pudesse tomar alguma providência na educação de seu filho (já que sem laudo, o menino não passa de um simples garoto "precoce", nos dizeres do próprio NAAH's), confesso que não consegui ficar calada. Estou tentando, daqui de SP, buscar alternativas de atendimento para esta mãe e esta criança, mas, não deixo de achar a situação das crianças superdotadas da Bahia deprimente e de ficar chateada com o trabalho do NAAH’s de Salvador....



Sei que o NAAH's tem problema de superlotação de crianças, para dar atendimento e que um só NAAH's para atender o Estado todo, nele compreendido todas as cidades e seus municípios, é muito pouco. Sei disso, porque a situação aqui em São Paulo é pior ainda, já que o nosso NAAH's só dá orientação às escolas, nada fazendo pelas crianças superdotadas. E, por isto, e também pelo critério estabelecido pelo pessoal do próprio NAAH's, é que determinaram que começassem a atender as crianças, a partir dos 7 anos. Contudo, não podemos ignorar o mal que uma longa espera de um ano e meio, por uma avaliação, pode causar numa criança. Também não podemos ignorar que existem crianças superdotadas com menos do que 7 anos !!!



Neste caso, de superlotação de crianças encaminhadas ao NAAH’s, entendo que este órgão poderia, ao menos, fazer as avaliações em crianças com reais suspeitas de superdotação, que são mais breves, e deixar o atendimento no NAAH's desta criança, para depois que ela completar os 7 anos, pois, assim fazendo, a mãe já pode buscar alternativas de atendimento ao seu filho (pois já tem a certeza, assegurada através de um laudo, documento oficial, de que a criança é superdotada e necessita, de fato e de direito, de um atendimento especial), na própria escola, ou até mesmo fora dela, mas, deixar uma criança sem avaliação e, consequentemente sem nenhum atendimento, até que ela complete 7 anos (e sabemos que a avaliação e o seu atendimento demorará ainda mais para acontecer, ou seja, quando a criança estiver perto de completar 8 anos....) é muito complicado e delicado e, possivelmente, poderá ser muito prejudicial ao pedagógico e ao emocional desta criança ...


Por isto é que faço um apelo ao governo baiano e à Secretaria de Educação da Bahia, para que revejam estes conceitos e formas de atendimento às suas crianças superdotadas !!!


CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL


Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.


§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.


§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.


Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais :


I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades ;



II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados.

17 comentários:

  1. Senhores,

    Infelizmente isso não ocorre apenas na Bahia. Muitas crianças não estão recebendo o auxílio devido por conta da péssima atuação do estado. Aqui em Pernambuco estamos recorrendo ao Ministério Público para a resolução de alguns casos.

    José Lourenço Neto
    www.institutoscietiape@blogspot.com

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  2. Eu acho q no Brasil todo falta essa percepção por falta das autoridades. E qd os pais são leigos e não conhecem seus direitos, tudo fica pior. Pq qd a gente insiste já é dificil, imagine se a gente deixar isso pra lá.
    Na nossa época apesar difícil, com a internet os pais tem como buscar infoemações, imagine há 10, 20 anos atrás.
    Meu marido e meu irmão a meu ver foram crianças superdotadas, e nenhum deles teve neunhum tipo de tratamento especializado, até pq naquela época nem se falava muito disso, só dizia que eles eram muitos inteligentes. Nenhum deles fez teste, mas meu irmão perdeu muito de sua capacidade ao longo do tempo, por não investir em si mesmo e por ser muito preguisoço, apesar de inteligente. Já meu marido, tudo q ele sabe é por conta própria, por ser mais esforçado que meu irmão, preserva muito dos seus talentos até hoje, mas sei que isso não acontece com todos, pois apesar de superdotados, cada criança tem uma personalidade diferente e muitas delas precisam de estímulo pra aprender cada vez mais. Algumas são preguiçosas outras mais esforçadas. De qq forma, por essas diferenças, é muito importante a indentificação o mais cedo possível.

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  3. já tivemos um problema semelhante no Ceará, lembra, Claudia. É a política do avestruz: se eu fizer de conta que não sei que o menino é superdotado, não preciso fazer nada. Ou: se não posso fazer nada, melhor não ficar sabendo.

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  4. Agora pergunto a vcs amigos.O que Sao Paulo,o estado mais rico da uniao ,tem a oferecer aos sdS,em termos de atendimento gratuito ,melhor que a Bahia????????

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  5. Pensando bem.. acho que eu posso estender a minha revolta para alguns Estados Brasileiros... São Paulo, inclusive.. muito triste a realidade dos superdotados brasileiros !!!

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  6. Leio tudo que é postado na comunidade, e no blog da Claúdia,...só gostaria de acrescentar o que foi relatado sobre o NAAHS-BA. O daqui do Ceará, é uma "porcaria", desculpem-me o desabafo,..a maioria profissionais parece não ter preparo, o tto é péssimo e pior, no atendimento psicológico, sempre procuram algo de "errado" nos pais em relação à educação da cça, as vezes percebia, que existia imaturidade e muita inveja....Até hoje, não sei se existe algum resultado positivo do NAAHS, senão, é R$ sendo jogado fora!!!! Não sei os que as autoridades do nosso País acham...sugiro que seja feito um apanhado com os usuários, para que sejam validadas todas as informações, e que esse recurso, seja revertido de fato, para ajudar as crianças que precisam de acompnhamento!!!!

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  7. Amigos e pais de crianças superdotadas baianas. Tomei a liberdade de mandar uma reclamação, através do site do governo da Bahia, Secretaria da Educação, aonde manifestei a minha revolta com a situação de vocês. A reclamação teve o seguinte teor :

    "Sou advogada especializada na área da superdotação e tenho um blog :maedecriancassuperdotadas.blogspot.com. Nele teci uma crítica à atuação do governo baiano, representado pela sua Secretaria de Educação, que age com descaso para com as crianças superdotadas baianas. Recebo, através do meu blog, inúmeros e-mails de pais de crianças baianas, querendo indicação para avaliação de seus filhos, possivelmente superdotados e que têm encontrado resistência, por parte do pessoal do NAAH´s da Bahia, além da falta de profissionais para procederem à avaliação destas crianças. Os pais de crianças superdotadas baianas estão totalmente desamparados nesta questão.

    Leiam, por favor, a matéria que postei no meu blog e, se possível, me respondam e tomem alguma atitude a este respeito.

    http://maedecriancassuperdotadas.blogspot.com/2011/05/situacao-revoltante-no-atendimento-do.html"

    A MANIFESTAÇÃO FOI REGISTRADA da seguinte forma : PREZADO CIDADÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

    Número : zfls8849

    Senha:Número:444759

    PREZADO CIDADÃO :

    Sua manifestação foi registrada e encaminhada. Com o número e a senha, fornecidos acima, será possivel acompanhar o andamento da sua manifestação.

    Assim que o governo baiano me der uma resposta, eu atualizo vocês !!!

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  8. Claúdia, vendo os relatos, seria possível, fazer uma reclamação, ou ver algum meio de contato com o próprio Ministério da educação, com o setor responsável pelo NAAHS, pq pelo que percebo,são todos iguais!!! É difícil até expressar o que passamos, mas de uma coisa eu sei, é muito R$ investido, são muitos profissionais, estrutura física, material, enfim, precisa ser feito alguma coisa, em favor das crianças, a situação é deseperadora!!!!

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  9. Andrea. Gostei da idéia e vou pensar a respeito.

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  10. Espero que esta reclamação alerte.

    Desde já sabemos que a educação não é a prioridade. Por isso precisamos mesmo avaliar nossos filhos e "ralar" pra dar a eles uma educação "melhor" e "direcionada" na medida do possível.

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  11. Olá, Claúdia! Sou professora tutora de sala de recursos para AH/SD, aqui no Distrito federal cujo atendimento especializado já acontece há quase 35 anos e infelizmente observo uma triste realidade nacional, aqui estamos um pouco a frente mas ainda falta muito para termos um atendimento de excelência que estes alunos merecem. Eu atendo crianças de 4 a 10 anos na área acadêmica, detalhe os da educação infantil são por minha conta e risco visto que a estratégia de matrícula não contempla essa modalidade, tenho me desdobrado já que não dispomos de recurso ou apoio algum.

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  12. gostaria de reclamar da falta de pagamento dos professores do topa aqui do interior, esta com 3 meses sem receber.isso e uma vergonha para o governo da bahia atrazar 3 meses de ums pobres coitado trabalhando o mes todo ora ganhar250reais e nao reçeber.

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  13. Meu sobrinho começou a ler com 3 anos e fazer contas simples, será que ele se encaixa nos superdotados. estou começando a procurar informações agora. com 1 ano e meio sa sabia o alfabeto e numeros

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  14. Claudia, na Bahia nem pagando a gente consegue ajuda. Estou à procura de assessoria pedagógica para compensar a situação em sistema de homeschooling. Há alguma indicação de profissional que realiza este serviço à distância.Moro no interior da Bahia.

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  15. Karla, tenho sim. Me escreve : claudiahakim@uol.com.br, que eu te indico.

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  16. Claudia boa tarde! Estou passando por uma situação semelhante, meu filho tem traços de de dotação, desde 1 ano e 6 meses notamos isso. Com essa idade ele ja sabia cores, letras e números, depois marcas de carros, bandeiras de cartões de credito e tem uma memoria fotográfica, sabe quase todos os logotipos de marcas de lojas de salvador. Não tenho condições de colocá-lo em uma escola na qual possa dar esse suporte a ele, é muito caro. Existe algo que posso procurar pra me ajudar, não sei o que fazer, vc poderia me ajudar? Me orientar?

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    1. Olá, Débora. No seu Estado , o que posso fazer, é lhe indicar profissionais particulares que possam lhe orientar. Se tiver interesse, me escreva : claudiahakim@uol.com.br

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