Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sábado, 2 de abril de 2011

A medida adequada de estímulos às crianças superdotadas

A pedido de uma mãe, da comunidade do Orkut, da qual sou moderadora, lancei uma enquete, para saber a opinião dos demais participantes, o que eles achavam sobre qual é a medida de estímulo adequado, que devemos dar aos nossos filhos PAH´s, sem que corramos o risco de estarmos estimulando-os demais. O resultado desta enquete, resolvi publicar, aqui, meu blog.


Bom. Falo por mim, então. Esta questão do estímulo é delicada, pois nós pais, de crianças PAH´s estamos acostumados a sermos tachados e considerados como aqueles pais que vivemos dando estímulo aos nossos filhos.


Quem vê os nossos filhos de fora, fazendo o que eles fazem, tão bem e tão precocemente, acham que o que eles fazem é resultado e fruto do excesso de estímulo que damos aos nossos filhos.


No meu caso, posso dizer que até houve, num primeiro momento, um deslumbramento em cima da facilidade de aprendizagem da minha filha, quando, aos 3 anos e meio, ela demonstrou que já estava começando a ler. Ficamos maravilhados com tanta esperteza, que passamos a oferecer jeitos dela desenvolver esta leitura. Talvez, se não tivéssemos feito nada, ela teria aprendido a ler mais cedo e rapidamente, mas, não tão rápido quanto aprendeu, pois eu a ajudei a aprender o alfabeto, juntar as sílabas, formar palavras, comprei livros e me prontifiquei a ensiná-la.

A gente sentava com ela, no computador e escrevia alguma palavras para ela ler ou escrever.. Como ela gostava, a gente achava que tudo bem.


Quando a minha filha tinha 4 anos, a escola em que ela estuda nos chamou, porque achou, num primeiro momento, que a minha filha já estava alfabetizada, porque nós, pais, a estimulávamos bastante. Então, recebemos a orientação da escola, para não estimulá-la. E foi o que fizemos e assim é que fazemos até hoje. A gente achou que, a partir do momento que ela não tivesse nenhum estímulo nosso, ela iria "estacionar" naquele ritmo frenético de aprendizado e iria se "igualar" a seus pares. Mas, ledo engano. Nada disto aconteceu. Mesmo sem o nosso estímulo, ela continua a demonstrar a facilidade de aprender e ia por conta própria e assim continua até hoje.

Seis meses depois que a psicóloga da escola teve esta conversa com a gente, as coordenadoras da escola nos chamaram para propor a aceleração de série da minha filha. Foi o tempo que a escola precisou para observar que o caso da minha filha não era excesso de estímulo, mas, de mera facilidade em aprender, mesmo ! E isto.. ela tem muito, graças a D´us !!!

Hoje, minha filha continua neste ritmo impressionante de aprendizagem. Mas, o estímulo, agora, é na medida daquilo que ela nos pede. E isto tem sido muito pouco, ultimamente. E prá gente, tudo bem, pois sabemos que no que depender de nós e da escola, ela está muito bem estimulada.

Com o Rafa, o estímulo só se dá, naquilo que ele pede. Então, por exemplo. Ele é alucinado por Star Wars. Então, a gente arruma os filmes para ele assistir, e compramos o que está dentro de nosso alcance para que ele curta este lance de Star Wars.

Ele adora usar o computador e tem muita habilidade com a informática. Ele tem um a sua disposição (sempre supervisionado). A possibilidade dele contar com um equipamento para ele usar, quando quiser, já é um grande estímulo, que, infelizmente, nem todas as crianças do Brasil possuem...

Rafael tem habilidade musical. Então, o colocamos na aula de música (violão, guitarra e baixo).

Mas, NÃO COBRAMOS RESULTADOS !

Mostramos aos nossos filhos, que se eles estudarem, terão mais oportunidades na vida e, isto tem funcionado para que eles tirem notas boas. Nunca precisei obrigá-los a estudar ou exigir notas altas deles. Isto, graças a D´us, acontece naturalmente.

O que os pais de crianças PAH´s têm que tomar cuidado é não super estimular os seus filhos. Não oferecer mais atividades do que eles podem dar conta. Não pressioná-los a fazer coisas que, muito embora eles venham a fazer com perfeição no tempo certo, ainda não tem habilidade para tanto. Não precisa encher a criança de atividade ou colocá-la numa atividade, que ainda não é para a idade dela.

A criança superdotada também precisa ter tempo prá brincar e se sociabilizar. Pais de crianças PAH´s, invistam no social de seus filhos ! Chamem os amiguinhos deles para virem nas suas casas. Ofereçam programas com os amiguinhos deles, pois eles também precisam estar bem no social para ficarem bem e continuarem a produzir no intelectual.


Com a aceleração de série dos meus dois filhos, a questão pedagógica ficou mais controlada e entendo que não é mais necessário oferecer mais estímulos do que os que ele já tem.


A escola dos meus filhos é trilíngue. Então, acho que isto já é mais do que suficiente para eles, em termos de estímulo. O tempo restante que eles têm, eles fazem atividades esportiva, teatro, música e brincam.


Também sou contra a super exposição da criança que tem facilidade perante os outros. Ficar comparando os nossos filhos com as outras crianças "normais", mostrando aos outros que os nossos filhos têm mais habilidades do que as outras crianças.


Uma mãe da comunidade me contou que, sempre que ela pode e se sabe qual é o interesse do momento do seu filho (porque estas crianças mudam bastante de interesse, também..rs..), ela senta com o filho e eles debatem, pesquisam, brincam com tinta e lápis, fazem cartazes com o assunto. É a forma que ela encontrou para estimulá-lo, pois, antes dela se dar conta de que ele era PAH, ele queria que todos os amiguinhos da idade dele discutissem sobre bandeiras, população, capitais e ele era tachado de chato, pelos seus amiguinhos, que não tinham o mesmo interesse que ele. Hoje ele sabe que com seus colegas ele terá uma forma de brincar e que com a mãe, ele pode desfrutar de todos os interesses que ele quiser.


Outra mãe da comunidade, nos conta que também foi muito julgada pelos outros pais e conhecidos que achavam que ela massacrava o filho, para decorar as coisas que ele sabia...


Esta mãe deu a seguinte sugestão : Deixe seu filho se entregar nas pesquisas em suas áreas de interesse, na mesma proporção em que ofereça outras atividades, tais como esportivas ou recreativas, sempre respeitando as preferências da criança e a sua idade.


Tomem cuidado para que o deslumbramento com a superdotação de seu filho não lhes suba à cabeça de nós, pais de crianças PAH´s, e que não fiquemos cobrando deles, ou criando atividades ou situações que ainda não são compatíveis com o nível de maturidade deles.

É muito legal o nosso filho jogar xadrez. Mas, desde que ele tenha maturidade para isto. Ele não precisa aprender a jogar xadrez aos 3 anos, se ele não demonstrar interesse pelo jogo. Ele pode aprender aos 6 anos e dominar o jogo, da mesma forma que viria a dominar, se tivesse começado aos 3 !


Não precisa insistir, para que a criança que acabou de ser alfabetizada, aprenda a letra cursiva. Se ela quiser e demonstrar jeito para tanto, legal. Se ela não quiser, ou não pedir, deixe que ela treine mais a letra bastão e, na hora que ela quiser, estiver preparada ou que a escola for ensinar, ela vai tirar de letra. Porque a facilidade de aprender está lá, sempre ao alcance destas crianças portadoras de altas habilidades. Não é preciso estimular mais do que elas precisam, pois o excesso de estímulo pode traumatizar a criança.


Eu sei que é difícil, para nós, pais de crianças superdotadas, saber dosar, encontrar o equilíbrio entre a necessidade e o que é saudável para eles.. Mas, com bom senso e boa vontade, a gente chega lá !!!

10 comentários:

  1. Muito bom... Resumiu de forma clara tudo que eu precisava saber!

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  2. Entendo que só existe exagero nos estímulos, quando a criança não quer fazer algo e os pais continuam insistindo só por acreditarem que ela tem habilidades naquela área. Devemos respeitar a espontaneidade da criança e tentar atendê-la da melhor forma possível. Estimular o respeito acima de tudo.

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  3. Luísa. Muito bem colocado. Infelizmene, já ouvi relatos de pais que super estimulam seus filhos, ainda que superdotados, e não acho isto legal.. Claro que tem que dar estímulo.. eles precisam, mas na medida certa.. o lance é ficar de olho, para não exagerar..

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  4. Acho q a partir do momento q o estímulo deixa de ser divertido é hora de parar. P minha filha os estímulos são brincadeiras, qd ela n quer mais eu paro, simples assim.

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  5. Concordo com a Nanda!

    O bom da aprendizagem é o prazer, se ele tem prazer, por que não?. Meu filho dorme e acorda pensando no momento da pintura das bandeiras, quais países quer aprender e descobrir sobre o universo.

    Temos um horário determinado pra essas tarefas. E ele fica louco pra essa hora chegar. (Ele faz essa hora ser muito divertida), Quando ele muda de interesse eu mudo também, tento acompanhar ao máximo.

    Limitar e dar outras atividade sim, não explorar a mente deles sim.

    Me envolvo em todos os interesses dele e pra mim também tem sido muito bom!

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  6. Kari, é assim q eu faço. Ela já acorda pedindo pra fazer exercícios, q é um caderninho q criei pra ela, pois as atividades da escola são poucas p ela, se eu deixar ela sem, ela acaba pegando o caderno do colégio e tenta refazer os deveres nem q seja com o dedinho. Tem dias q ela acorda pedindo quebra-cabeças... e assim o dia vai passando e com essas atividades ela diminui muito a quantidade de tempo que passava na frente da tv, e tá muito mais feliz e menos entediada.

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  7. Uma mãe da comunidade nos disse que, em relação aos estímulos ela segue o método Doman, pois acredita que superdotadas ou não, as crianças sempre devem ser estimuladas. Segundo este método, é muito importante que isso aconteça do 0 aos 5 anos, já que é o meomento que o cérebro está se desenvolvendo. Mas segundo ele, os estímulos devem estar cercado de muitos carinhos e elogios e antes que a criança começe a recusar vc deve parar ou até partir prá outro tipo de atividade.

    Claro que com crianças superdotadas esse método acontece de forma mais acelerada, foi assim que ela percebeu que talvez a filha dela filha seja superdotada. De qualquer forma, o importante nos estímulos é a diversão, os elogios, não importa se as pessoas acham que vc está fazendo demais, pois se seu filho tá gostando e está sendo prazeroso esse momento, aprender nunca é demais!

    Concordo com ela, que os estímulos devem ser prazerosos e a dica do carinho e do elogio é super válida !

    Mas, temos que tomar cuidado para que a criança não sinta que só é amada, se corresponder às expectativas criadas pelos seus pais, de que ela tem que saber tudo, ou procurar saber tudo..

    Pois alguns pais se mostram tão maravilhados, em perceber que seus filhos demonstram conhecimento ou curiosidade, que o filho acaba achando que só vai ser amado, se cumprir o papel do filho que é inteligente, interessado, ou curioso.. e nisto, a criança pode se desgastar.. Isto, eu coloco prá todo mundo e inclusive, prá mim !!!

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  8. Elogios em demasia e super proteção. Causaram no Luca muitos "problemas" quanto à socialização.
    Sempre colocamos o ego dele muito acima por causa do potencial dele. E ele não compreendia que os pares não acompanhassem ele, o perfeccionismo e intransigência, deixaram ele meio isolado. Hoje ele já está começando a fazer amigos e entende que ele tem habilidades, mais que não está superior a nenhum amiguinho.

    Compreendi então, que estimular ele nos interesses e fazê-lo sentir-se pleno em cada descoberta é muito bom. Mas não só elogio, mas faço-o saber que os amigos também tem outras habilidades diferente da dele e assim todos se completam como seres - humanos.

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  9. Um pai da comunidade disse o seguinte, acerca deste tema. Eu gostei tanto que trouxe prá cá, pro meu público ler : "Bom, esse assunto é complicado. Primeiro eu queria fazer uma distinção. Acho que quando, as pessoas se espantam com a precocidade de nossas crianças e nos olham com aquela cara desconfiada, elas pensam mesmo é em treinamento, não em estímulação. Pensam que a criança está sendo obrigada a decorar, ou que faz isso para agradar os pais ou impressionar os adultos. E evidentemente que isso é uma grande bobagem. Nem é possível ensinar uma criança a ler aos 3, 4 anos de idade sem que ela tenha talento, interesse e prazer em aprender. Isso é que envolve estimulação, que implica em que a criança esteja se divertindo, brincando com o conhecimento. E é isso que essas crianças fazem com seus talentos, elas se divertem, se interessam, querem mais. Elas literalmente brincam como conhecimento. Quando eu ensino ao Caetano um assunto que lhe interessa, ele fica pulando pela casa, porque o entusiasmo não cabe dentro dele. E como não se trata de querer mais batatas fritas ou chocolate, ou ficar três horas no computador, a gente vai dando e dando. Só que o problema é que a energia que eles colocam nesses temas de interesse começam a faltar em outros lugares: então com muito ciência começa a faltar poesia e imaginação; com muita leitura começa a faltar correria e assim por diante. Outro argumento ruim, é quando vem da escola a crítica ao "excesso de estímulos", que nada mais é do que o medo que a criança aprenda sozinha aquilo que a escola demora a ensinar. Pois aí, a escola é que está errada, e deveria buscar maneiras de oferecer o ensino que a criança está demandando. Pra finalizar, acho que sem entrar nestas advertência equivocadas de excesso de estímulos, a gente tem que segurar nossa empolgação com o entusiasmo e as realizações da criança, para que ela possa desenvolver mais coisa do que seus talentos mais evidentes".

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  10. E, outra mãe comentou o seguinte : "A MAIORIA DOS PAIS QUE TAMBÉM ME INCLUO,SE DESLUMBRA REALMENTE QUANDO SE DEPARA COM AS MARAVILHAS QUE AS CRIANÇAS SAO CAPAZES DE FAZER. MAS, EM UM SGUNDO MOMENTO COMEÇAM A SE ASSUSTAR COM A IMPORTÂNCIA QUE ESTES TEMAS COMEÇAM A TER NA VIDA DELAS. É AÍ QUE ENTRA O BOM SENSO DOS PAIS EM EQUILIBRAR A SITUAÇAO, OFERECENDO OUTRAS ATIVIDADES, TAMBÉM PRAZEROSAS MAS QUE SEJAM MAIS LIGADAS ÀS SUAS IDADES CRONOLÓGICAS".

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