Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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terça-feira, 22 de março de 2011

SUPERAÇÃO

Aluno-problema dá xeque-mate em tempo perdido. Matéria extraída da Folha de SP de 20/03/2.011

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Aos 12 anos, Fernando Barbosa foi obrigado pelo conselho tutelar a estudar. Sua única passagem pela escola, cinco anos antes, havia sido rápida: após quatro dias de aula, não quis mais voltar.

Na nova escola, ganhou fama de "aluno-problema".

"Era revoltado e por isso ficava muito nervoso", conta o menino, que desde os seis vendia balas no semáforo.

Em casa, ele tinha fama de "ovelha negra". Às vezes sumia e ia ao shopping Aricanduva, na zona leste de São Paulo, observar um grupo de pessoas que jogava xadrez na praça de alimentação.

E foi o fascínio pelo jogo que o manteve estudando.

Fernando foi matriculado na escola Roquette Pinto, por acaso uma das escolas municipais participantes do programa "Xadrez Movimento Educativo", projeto da prefeitura que ensina o jogo aos estudantes após as aulas.

Sua fama mudou: tornou-se "o melhor jogador de xadrez que a escola já teve", conta, orgulhoso, o professor que ensinou o jogo a ele, Waldomiro Dias Machado Jr.

Com o jogo, Fernando criou cumplicidade com a escola. Passou até a se interessar por livros sobre xadrez.


CAMPEÃO NO ESPORTE


Hoje com 18 anos, e no último ano da escola (sem nunca ter repetido), é um campeão no esporte. Ganhou tantos campeonatos que "até perdeu as contas".

No ano passado, ficou em primeiro lugar no campeonato Paulista nas categorias sub-18 e sub-20. Também jogou o campeonato Brasileiro. Mas na última partida, em que disputava o terceiro lugar, passou mal e perdeu.

Com os bons resultados vieram ótimos convites.

Em 2010, ele ganhou R$ 2.000 para representar Taubaté (SP) em campeonatos regionais. Neste ano, foi a vez de S. J. dos Campos (SP) convidá-lo, em troca de R$ 5.000.

O dinheiro ele usará para ter aulas de xadrez e para ajudar a família, que depende do trabalho de uma irmã, ainda vendedora de balas.

Agora sonha conseguir patrocínio para jogar no exterior.

O programa "Xadrez Movimento Educativo" existe nas escolas municipais de São Paulo desde 1994. Só em 2010, ele foi executado por 300 das 1.080 escolas da rede, com 35.500 alunos participantes do ensino infantil ao final do fundamental.

"Pesquisas em muitos países mostram que é possível mudar o comportamento da criança a partir do xadrez. Melhora a concentração, desenvolve o raciocínio lógico", afirma Egnon Viana, coordenador do programa.
Matéria extraída da Folha de SP de 22/03/2.011


DE SÃO PAULO - O enxadrista Fernando Barbosa, 18, aluno da rede pública que aprendeu xadrez em um projeto da Prefeitura de São Paulo, ganhou anteontem o Campeonato Paulista na categoria sub-20 pelo segundo ano seguido.

A Folha contou a história dele na edição de domingo. Menino pobre, que vendia balas em semáforos, Fernando começou a frequentar a escola apenas aos 12 anos, levado pelo Conselho Tutelar.

Considerado "aluno-problema", aprendeu o jogo na escola Roquette Pinto (zona leste), que executa o programa "Xadrez Movimento Educativo". Com o aprendizado do xadrez, tomou gosto pela escola.

Em 2010, Fernando foi campeão nas categorias sub-18 e sub-20 e, com isso, participou do Brasileiro com todas as despesas pagas. Mas, no último jogo, passou mal, ficando só em quinto lugar.


3 comentários:

  1. Este é somente um dos exemplos de um garoto, possivelmente, superdotado que teve sorte de ser reconhecido em sua habilidade e, com isto, sair do comportamento problemático que ele vinha tendo.. Com isto, ele também teve a oportunidade de estudar e, quem sabe, ter um futuro melhor..

    Parabéns pela escola que o acolheu e que teve a iniciativa de trazer o xadres como matéria extra curricular, gratuitamente, para estimular o potencial de seus alunos !!!

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  2. essa história é muito emocionante mesmo, e mostra como a criação de alternativas para a grade regular da escola pode colaborar na manutenção do jovem na escola.

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  3. Conheço Fernando Barbosa pessoalmente, é um garoto meigo, atencioso e extremamente dedicado. Quando soube desta reportagem, procurei para ler e fiquei ainda mais encantada com ele. Minha filha é enxadrista e nosso contato é constante. O xadrez é um esporte que realmente muda a vida de crianças superdotadas, e no xadrez são muitas, e realmente nosso país deveria investir mais neste esporte e colocá-lo como matéria obrigatória, pois poderia ajudar muito o desenvolvimento, a concentração, o equilíbrio de nossas crianças. Parabéns a este grande exemplo chamado Fernando Barbosa, que Deus dê a ele muita luz para que alcance muito mais.

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