Texto de autoria de Vanessa T. A. T. de Ourofino I, 1, *; Denise de Souza FleithII, **
I Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal
II Universidade de Brasília
Aval. psicol. v.4 n.2 Porto Alegre nov. 2005 (texto adaptado)
A dupla excepcionalidade na área de superdotação tem atraído a atenção de vários estudiosos, bem como de pais e professores que lidam com crianças e adultos superdotados (Baum, Olenchak & Owen, 1998). Existe uma curiosidade e uma preocupação natural com esse tema, alimentado pelo mito do superdotado como um indivíduo que não apresenta dificuldades educativas, emocionais ou comportamentais ou necessidades especiais. No entanto, pesquisas nas áreas médica, educacional e observações clínicas mostram uma realidade paradoxal, na qual o indivíduo superdotado pode revelar um conjunto de necessidades educativas especiais associadas a vários quadros de transtornos psicológicos e comportamentais (Weeb & Latimer, 1993).
A contradição que se forma a partir da combinação de alta inteligência, múltiplas potencialidades e possíveis desordens comportamentais e emocionais tem interessado a pesquisadores e profissionais de diversas áreas. Nos últimos anos, nota-se um tímido aumento no número de estudos empíricos sobre o tema. Atualmente o interesse de estudiosos tem se voltado para a identificação e reconhecimento de subpopulações especiais entre indivíduos superdotados (SD), tais como os portadores de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) (Reis & McCoach, 2000). No Brasil, a preocupação com essa temática começa a ganhar espaço principalmente nos meios que discutem serviços voltados para a educação especial. No entanto, não foram encontrados estudos nacionais específicos sobre a associação dessas duas condições (Ourofino, 2003).
A dificuldade em diferenciar características de SD e TDAH e reconhecer a coexistência dessas condições pode facilmente conduzir a uma identificação imprecisa. A combinação SD e TDAH gera confusão mesmo no meio acadêmico e profissional. Os erros diagnósticos existentes na área se devem principalmente à presença de características de superdotação já reconhecidas, erroneamente interpretadas como sintomas de TDAH, e também à ocorrência de desordens de atenção entre superdotados, avaliadas equivocadamente como características típicas de superdotação (Baum & Olenchak, 2002; Cramond, 1994; Davis & Rimm, 1994; Weeb & Latimer, 1993).
Crianças talentosas com TDAH têm comportamentos específicos, tais como mascarar suas dificuldades acadêmicas, disfarçar sua baixa auto-estima, apresentar atrasos e assincronia no desenvolvimento global, que as colocam em situação de risco social e de problemas emocionais. Elas precisam ser precocemente identificadas para receberem intervenção precisa e individualizada, com o objetivo de maximizar o desenvolvimento de seu potencial (Zentall, Moon, Hall & Grskovic, 2001). Essa temática é relevante, sobretudo, pelo aumento de casos de dupla excepcionalidade ou de múltiplos diagnósticos entre superdotados.
A literatura mostra que muitos profissionais da área médica e psicológica não estão familiarizados com as características emocionais e sociais dos superdotados, o que leva à elaboração de diagnósticos imprecisos. Em geral, a confusão diagnóstica ocorre porque o comportamento inadequado é atribuído a uma condição patológica ao invés de comportamentos típicos dos indivíduos superdotados. Muitos autores afirmam, de um lado, que os superdotados têm sido incorretamente identificados como portadores de TDAH devido aos critérios adotados serem fundamentados nas ciências médica e pedagógica sem se considerar o conhecimento do campo da superdotação (Baum & Olenchack, 2002; Baum & cols., 1998; Cramond, 1995, Kaufmann & Castellanos, 2000; Kaufmann & cols., 2000; Webb & Latimer, 1993).
Alguns pesquisadores defendem que os comportamentos superdotados observados como sintomas de TDAH são na verdade características de superdotação e estão associados aos traços de intensidade e superexcitabilidade que marcam o comportamento assincrônico do superdotado (Baum & Olenchack, 2002; Baum & cols., 1998; Cramond, 1995; Silverman, 1993).
Por outro lado, há autores que afirmam que SD e TDAH são condições distintas, mas que podem coexistir, o que caracteriza a dupla excepcionalidade (Chae, Kim & Noh, 2003; Leroux & Levitt-Perlman, 2000; Lovecky, 1999; Webb & Latimer, 1993; Webb & cols., 2005; Zentall & cols., 2001). Esses autores também fazem uma leitura do desenvolvimento do superdotado, à luz da Teoria de Dabrowski da Desintegração Positiva (Silverman, 1993), e apresentam uma concepção de dupla excepcionalidade que não descarta a relevância do desenvolvimento assincrônico e nem a presença de superexcitabilidade nos comportamentos. No entanto, entendem que a intensidade de aspectos relacionados ao comportamento hiperativo, principalmente a desatenção, acentuam as diferenças entre SD e SD/TDAH.
Comportamentos hiperativos podem ser encontrados em crianças SD, talentosas, criativas e com TDAH. No senso comum o termo hiperativo é utilizado indistintamente para se referir a crianças com altos níveis de atividade e de energia. Crianças com TDAH freqüentemente demonstram essas características na maioria das situações. Em contrapartida, as crianças talentosas também são muito ativas, porém suas atividades são geralmente focadas e dirigidas. Portanto, hiperatividade é um comportamento que pode estar presente em ambos SD e TDAH, mas se evidencia de maneiras diferentes (Chae & cols., 2003; Weeb & Latimer, 1993; Weeb & cols., 2005). No SD, está relacionada às atividades pouco desafiadoras, currículo escolar insuficiente e estilo de aprendizagem. No TDAH é resultado da junção dos sintomas do transtorno (Leroux & Levitt-Perlman, 2000).
Crianças privilegiadas na obtenção de uma avaliação física e psicológica aprofundada têm melhores chances de serem identificadas com precisão. Avaliação deve ser seguida de adaptações curriculares apropriadas e modificações instrucionais que correspondam ao seu conhecimento avançado, estilo de aprendizagem e de inteligência. Portanto, uma avaliação profissional apropriada e cuidadosa é fundamental antes de considerar se as crianças são SD, TDAH ou SD/TDAH (Weeb & Latimer, 1993). A partir deste conhecimento, o atendimento e aconselhamento a estes alunos poderão ser melhor implementados.
Meu filho deu muito trabalho na escola (creche) ... e chegaram a falar em uma delas que ele tinha problema mental... demorou a falar.. fui na medica e me receitou remédios que o derrubaram e quando voltava, voltava ainda mais agitado... mudei o foco, cortei os remédios... comecei a tentar entrar no mundo dele... comprei vários livros... um quadro negro.. coloquei ele na aula de bateria pois ele ama e tem um dom incrível com ritmos, mas teve que sair depois de uma cirurgia de correção no pé... bom agora esta no 1 ano e em colégio particular, pois conseguimos meia bolsa.. e nos surpreendeu.. as notas dele são todas acima da média a mais baixa é 80. varias notas 100 e ele tem um folego fora do normal,,, agora na copa copiava todas as bandeiras de todos os países.. quer escrever números ate o infinito e não importa que diga que o infinito ninguém alcança.. bom me interessei pois assisti ontem uma matéria no nat geo e abordava esse assunto. de crianças hiperativas que na verdade eram muito desenvolvidas...
ResponderExcluirAlínea, você já leu a respeito da Síndrome de Asperger? Muitas pessoas que têm asperger têm altas habilidades, são muito inteligentes, têm memória excelente, mas apresentam algumas dificuldades comportamentais, por vezes são bem agitados, podendo ser considerados hiperativos, podem ser ansiosas, ter manias ou rituais o ideal é que a criança passe por uma avaliação neuropsicológica e seja acompanhado por um.psiquiatra ou neurpediatra com conhecimento em asperger e hiperatividade. Se precisar de indicações de profissionais aqui em São Paulo, me avise ou me escreva : claudiahakim@uol.com.br
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