Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Quer saber quais são os testes necessários para avaliar a criança com suspeita de Altas Habilidades/ Superdotação ?

A Dra. Claudia Hakim esclarece no link abaixo:
Artigo extraído do site BRINCADEIRAS JÁ: https://www.brincadeirasja.com/claudia-haki para o qual fiz um artigo.

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Qual a avaliação necessária para detectar Altas Habilidades?

Fui convidada pela Aline Rocco, criadora da página @brincadeirasja, para escrever um texto, orientando quais testes seriam necessários para detectar altas habilidades/superdotação.

Um Neuropsicólogo, que é um Psicólogo com especialização em neuropsicologia e com conhecimento em superdotação é o profissional mais indicado para fazer este tipo de avaliação.
O profissional realizará vários testes e observações dos aspectos comportamentais, sociais, emocionais e do desenvolvimento global da criança, em algumas sessões (que variam de 6 a 10 sessões, com entrevistas com os pais e sessões independentes com a criança). Realizará também testes que avaliam a personalidade, a concentração, a atenção e a teoria da mente (poder de empatia), tendência à depressão, estresse e à ansiedade daquela criança. Os profissionais envolvidos na avaliação (psicólogos, psicopedagogos com formação em psicologia, neuropsicólogos, neuropediatras), devem, também, aprofundar suas investigações nos aspectos relacionados à criatividade, inteligência, autoconceito, desatenção, hiperatividade/impulsividade e contar com exames de exclusão diagnóstica e pareceres neurológicos (Ourofino & Fleith,2005), antes de considerar se as crianças são superdotadas, apresentam TDAH ou SD/TDAH (Weeb & Latimer, 1993) ou outra condição que afete o seu Neurodesenvolvimento e as coloquem como sendo Duplamente Excepcionais.

Cumpre ressaltar que uma avaliação neuropsicológica, para apurar se uma criança tem ou não superdotação, não deve se centrar tão somente no fato de se a criança tem ou não superdotação e parar por aí. A avaliação deve incluir, além dos testes de inteligência, também uma anamnese completa e detalhada, incluindo perguntas sobre os pais, as condições da gravidez da criança, o parto e o seu desenvolvimento até a data da avaliação, bem como o profissional deve fazer uso de outros testes neuropsicológicos, de acordo com as características, queixas, sintomas e comportamentos relatados pelos pais, pela escola e observados pelo profissional, em consultório. Isto porque, por vezes, além da superdotação a criança pode apresentar outras características que podem pertencer a um outro diagnóstico, sendo os mais comuns o de TDAH, a Síndrome de Asperger, a Ansiedade, e outras alterações do Neurodesenvolvimento.

Crianças que são avaliadas por profissionais que avaliam as características cognitivas, sociais, emocionais e comportamentais do paciente, têm melhores chances de serem identificadas com precisão e com isso terem mais chances de uma adaptação curricular apropriada e que leve em consideração o seu estilo de cognitivo e de aprendizagem.

Exemplos tristes, que, infelizmente, presenciei no meu grupo de Facebook, são os de profissionais que usam, ainda, testes defasados, tais como o Wisc III (ao invés do Wisc IV), ou que utilizam somente o teste chamado Colúmbia (que avalia a idade mental e já está ultrapassado), ou então um teste de inteligência chamado Raven, (Wisc III, Raven e Columbia) que não estão mais validados pelo Conselho Federal de Psicologia.Como dito acima, o teste com validação brasileira mais confiável para a identificação da superdotação intelectual é o WISC, em sua versão IV. A Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC) é uma ferramenta de avaliação utilizada por psicólogos (e não pode ser aplicada por pessoas que não sejam formadas em Psicologia), para identificar a superdotação cognitiva, bem como dificuldades de aprendizagem em crianças de seis a 16 anos. A WISC é constituída por vários subtestes de QI de uma criança.

Se o seu filho fizer o teste, saber interpretar os resultados pode ajudá-lo a ser mais estratégico no apoio às suas necessidades e potencialidades.

A maioria das pessoas tem um QI entre 85 e 115. Procure a pontuação geral (QI Total), chamada de Escala Total de Pontuação de QI, que é a soma das quatro pontuações do índice e reflete as habilidades verbais e de desempenho do testado. Com base nas tabelas de conversão de teste Wechsler, alguém com uma pontuação de escala completa entre 90 e 110 é considerado médio. De 111 a 119, a pessoa tem um QI acima da média, que não é Superior e nem Muito Superior (Superdotação). Com uma pontuação de 130 ou mais, a pessoa é considerada superdotada. Entre 120 a 129, a pessoa é considerada com uma inteligência Superior, mas não tem QI de superdotação intelectual. E com pontuação de 70 ou menos, ela é considerada incapaz de aprender.

Encontre a pontuação composta para cada um dos quatro índices. Eles são: Índice de Compreensão Verbal, Índice de Percepção de Raciocínio, Índice de Memória de Trabalho e Índice de Velocidade de Processamento. A pontuação média em inteligência para cada índice é de 100, com um desvio padrão de 15. Isso significa que qualquer contagem dentro de 15 pontos de 100 é considerada normal. Verifique o percentil, que mostra quanto seu filho pontuou quando comparado com outras crianças da mesma idade ou série. Por exemplo, se a marca percentil do seu filho para a Compreensão Verbal é de 79, isso significa que ele pontuou mais do que cerca de 79 de 100 crianças de sua idade em tarefas que exigem compreensão da informação verbal, pensando e expressando pensamentos com as palavras.

Como os resultados dos testes não são perfeitos, os intervalos de confiança são usados para fornecer uma estimativa razoável da "pontuação real" de um testado. Na WISC, o intervalo de confiança é de 95 por cento. Isso significa que você pode ter 95 por cento de certeza de que a verdadeira pontuação de QI de seu filho está dentro de um determinado intervalo. Por exemplo, se seu filho receber uma pontuação de 127, a sua verdadeira pontuação está dentro da faixa de 122-132.

Para as crianças menores de 6  anos, os neuropsicólogos podem aplicar um teste de inteligência chamado SON R, e que pode avaliar a inteligência não verbal, a partir dos 2 anos e meio. O SON R não tem a mesma amplitude que o WISC IV, mas já dá para o profissional ter uma boa noção do potencial cognitivo da criança e exigir medidas pedagógicas da escola para atendimento das necessidades educacionais especiais da criança, com base nos resultados deste teste.

Outro cuidado que os pais de pacientes que buscam um diagnóstico “para superdotação” devem tomar, é o de conferir o currículo do profissional que avaliará a criança. Hoje em dia, os curriculum lattes e outras informações do profissional podem ser facilmente encontrados na Internet e devem ser consultados pelos pais, sempre, antes de contratarem o profissional que fará a avaliação de seu filho. Também devem ser consultado o CRP do psicólogo (ou neuropsicólogo). Parece um absurdo que eu sugerindo isso, mas já presenciei alguns casos em que o profissional que aplicou o teste Wisc não era psicólogo e sim psicopedagogo, sem formação em psicologia, ou até mesmo um estagiário ou aluno do curso de psicologia. Somente psicólogos podem aplicar os testes de inteligência. Se um psicopedagogo não tiver se graduado em psicologia e não tiver o CRP, ele não pode aplicar o teste de inteligência.

Qualquer criança pode marcar um pouco mais ou menos, se testada novamente em um dia diferente ou até depois de alguns anos. Tenha em mente que as pontuações de QI não podem avaliar adequadamente todas as habilidades que uma criança pode precisar ter para uma vida significativa. Muitos fatores fora do QI de uma pessoa contribuem para o sucesso e a felicidade.

Quem se interessar pelo tema da Superdotação, pode participar do meu grupo no Facebook, o Mãe de Crianças Superdotadas[1]. Se alguém quiser, pode mandar um post, no meu grupo do Face, pedindo indicação de profissional confiável para fazer este tipo de avaliação, que indicarei.

Quem quiser, também, pode comprar o meu livro : Superdotação e Dupla
Excepcionalidade : Contribuções da Neurociência, Psicologia, Pedagogia e Direito Aplicado ao Tema, Ed. Juruá, 2.016.

Claudia Hakim
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