Desenvolver o raciocínio matemático, as habilidades lógicas, científicas, sinestésicas e, de quebra, instigar a criatividade dos alunos. Com este objetivo, a professora Cléia Assis Yto, da Sala de Altas Habilidades e Super Dotação da escola municipal Padre José de Anchieta, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, criou um projeto que tem como finalidade levar os alunos a construírem um foguete utilizando garrafas PET. A missão é fazer com que o brinquedo funcione e voe através da combustão obtida misturando elementos como água e gelo seco ou vinagre com bicarbonato de sódio.
A
tarefa foi dada pela professora ao grupo de alunos há um mês e os resultados
têm sido surpreendentes, tanto que nesta quinta-feira (17), será realizado um
campeonato de lançamento de foguetes na Praça do Papa, reunindo a comunidade
escolar e os pais dos alunos que frequentam a sala. “Experimentos podem
contribuir para a construção de um ambiente motivador, agradável e rico em
situações novas e desafiadoras que, quando bem adaptadas, aumentam as chances
de que sejam elaborados conhecimentos e adquiridas habilidades”, destacou a
professora.
Ela
explica que o experimento do foguete está sendo desenvolvido através da Oficina
das Invenções e consiste na elaboração e construção, por cada aluno de um
projeto que utilize garrafas descartáveis de refrigerante. A dinâmica acontece
da seguinte forma: uma das garrafas é cortada ao meio e fixada no fundo da
outra, a qual está inteira, servindo como uma ponta para diminuir o atrito com
o ar. A outra garrafa não sofre alterações, ela servirá como um tanque onde
serão colocados os reagentes, vinagre e bicarbonato, ou algum outro elemento de
escolha do participante que após a reação química libera gases que fazem com
que a pressão dentro da garrafa aumente e expulse o líquido para fora e assim
sirva como propulsão para o voo do foguete.
A
atividade parece simples, mas exige do aluno a habilidade de resolver problemas
que podem ocorrer na criação do projeto. No dia dos testes, por exemplo, um dos
foguetes apresentou vazamento de água e foi preciso um raciocínio rápido dos
alunos para solucionar o contratempo sem afetar a capacidade de voar.
Oficina de Invenções
A
professora Cléa explica que a Oficina das Invenções tem a proposta de
enriquecer o currículo escolar. Nela, os alunos constroem navios e aviões,
sempre com base na orientação da professora. O desenvolvimento de cada projeto
cabe ao aluno responsável. “Eles fazem pesquisas e depois começam a montar o
projeto na teoria. Agora é o momento em que começam a produzir”, disse.
No dia
do campeonato será analisada a distância alcançada por cada foguete e a
estética. “Quero desenvolver neles a independência de criar. É diferente de uma
sala de aula convencional, onde os alunos trabalham de acordo com o
direcionamento do professor”, afirmou. O professor da Sala de Altas Habilidades
age como mediador e, em momento algum, interfere na execução do projeto, exceto
fornecendo aos alunos subsídios necessários para sua pesquisa e instigando sua
criatividade”, explica.
A
pedagoga Fabiana Artigas, mãe do aluno Fábio Artigas, da escola José de
Anchieta conta que levou o filho para a escola por causa do projeto
desenvolvido na sala de Altas Habilidades. “É muito difícil para nós pais custear
um local para eles terem todo esse atendimento. O Fábio tem amado. Ele tem
dificuldade para acordar, mas no dia da sala quer chegar primeiro”, contou.
A
mudança de comportamento é confirmada pelo próprio aluno. “Agora participo até
das oficinas de artes, fiquei curioso para aprender outras coisas”, destacou
Fábio, que está no 6º ano.
Quem
também está aproveitando os projetos da Sala de Altas Habilidades é o aluno
Izaque Rudis Pereira, também aluno do 6º ano. Há menos de um ano na escola, ele
conta que o projeto dos foguetes aumentou seu desejo de ser astrofísico. “Vou
estudar na USP (Universidade de São Paulo) e já senti que minha capacidade de
pensar melhorou. Meu comportamento em casa mudou. Ao invés de ficar o dia todo
vendo TV, fico pensando nas soluções para desenvolver os projetos”, pontuou.
De
acordo com a professora Cléia, fazer o aluno manter o foco na atividade e
trabalhar em grupo são outros benefícios dos projetos. “Como eles são líderes
natos é difícil fazê-los trabalhar junto com outras crianças e na Sala de Altas
Habilidades isso é possível porque eles precisam discutir as soluções para os
problemas em conjunto”, finalizou.
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