Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Orquestra Carioca tem 300 alunos e pretende chegar em 2020 com 80 mil músicos


Enquanto pupilos se esforçam, dedilhando, batendo ou soprando os instrumentos, seus mentores tentam sensibilizar o empresariado a aderir a projeto contribuindo com dinheiro ou doações

WILSON AQUINO

Rio - Alheios às dificuldades financeiras para tocar o programa Orquestra nas Escolas, mais de mil alunos da rede municipal de Educação se dedicam para ingressar no mundo da música. Cerca de 900 meninos e meninas ficam na escola após o término das aulas para aprender a tocar um instrumento. Outros 300, que já são pequenos músicos, viajam quilômetros até um dos centros de educação musical da Prefeitura do Rio para aprimorar seus conhecimentos e ensaiar. Afinal, os 300, por conta das altas habilidades, foram pinçados na rede para integrar a Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca.


É o caso do aluno do sétimo ano da Escola Municipal Professor Alfredo Pinto Flores, Alefe Emanoel dos Santos Benício, 13 anos. O jovem trompetista, que aprendeu a tocar em casa, com o pai, sai do Magarça, em Campo Grande, todas às quartas e sextas, e percorre mais de 50 quilômetros até a Escola Rivadávia Correia, no Centro, para ensaiar. "Quero tocar na orquestra", disse com a convicção de quem vai alcançar seu objetivo.

 
Ana Carla Freitas é só orgulho: ela tem três, de seus quatro filhos, inscritos na Orquestra nas Escolas. “A música sensibiliza meus filhos”
Luiz Ackermann / Agência O Dia

O projeto do secretário municipal de Educação, César Benjamin, é ambicioso. Ele quer que 80 mil alunos da rede se tornem músicos até 2020. "Teremos orquestras de flauta, sopro, percussão. Teremos um coro! Todo semestre a gente lança edital para os alunos da rede, que queiram participar do programa", esclareceu a coordenadora do programa, a pianista Moana Martins. Os ensaios acontecem no contraturno e não prejudicam as aulas normais.

Enquanto os pupilos se esforçam, dedilhando, batendo ou soprando os instrumentos, seus mentores tentam sensibilizar a sociedade, de um modo geral, e o empresariado, em particular, a aderir ao projeto contribuindo com dinheiro ou doações. "Estamos fazendo a ação de captação de recursos, nos inscrevemos em todos os programas de incentivo", explicou a coordenadora.

"Eles (os empresários) podem deduzir 100% dos seus impostos. Pessoa física também pode destinar o Imposto de Renda, a pagar ou a restituir, para a orquestra", conclamou Moana. Segundo ela, uma parceria já foi fechada com a Yamaha do Brasil e outras empresas estão se mobilizando para apoiar o programa.

Moana, que também é coordenadora geral e artística do projeto social Som Eu, que existe há seis anos Morro da Providência e atende a mais de 600 crianças e jovens, acredita que a música tem o poder de transformação. "A música não tem cor, nacionalidade e nem religião. E tem a capacidade de agregar, integrar e socializar as pessoas".


Os meninos selecionados para a Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca ganham bolsa de R$ 200 e vale-transporte, inclusive para o responsável que os acompanha. Além de um lanchinho. "Basicamente, os alunos são oriundos de classes populares. E o poder público é o único responsável, ou o que se apresenta mais próximo aos meninos, para ajudá-los a conhecer coisas que não fazem parte do cotidiano deles", ensinou a professora Bárbara Portilho, que tem 35 anos de magistério e foi convocada para integrar a coordenação do Orquestra nas Escolas.

Para quem só tinha o beco da comunidade pela frente, a música mostra outros caminhos para Mariana Cristina Santana Gonçalves. A jovem começou tocando violão, mas depois mudou para a viola. "Porque gosto de som mais grave", declarou a menina que mora na Rocinha. Ela ainda não sabe se vai seguir carreira na música. Mas sabe que agora tem essa opção.

Família unida pela música não desafina

Se existe alguém que não tem duvida sobre o poder de música é a guia turística Ana Carla Freitas. Sua filha mais velha entrou em depressão após a morte de um parente e teve o valioso auxílio das aulas de violoncelo para superar a perda. "Trabalho no Dona Marta e conheço tudo que tem no entorno dos 788 degraus do Morro. Lá havia o projeto Ação Social pela Música. Ela começou e não parou mais. Tocou até no Theatro Municipal".


A música, pelo jeito, estava no DNA da família. Quatro dos cinco filhos da Ana Carla tocam instrumentos. E três foram selecionados para serem músicos da Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca. Ana Ínola, 12 anos, e Charbel Janos, 10, tocam violino. A Margit Virgínia, 11, prefere a viola. "Eu faço questão de levar eles para os ensaios de qualquer jeito", garantiu a mãe que vive em ritmo acelerado, mas se sente recompensada. "A música sensibiliza meus filhos. Eles ficam mais calmos, se sentem incluídos no espaço, totalmente diferente de outras crianças que vivem em comunidades. A música faz uma mudança total na criança", disse Ana, que não sabe tocar nada. "Pedi a meu pai para comprar um instrumento, mas ele não tinha dinheiro e ficou por isso mesmo".

Primeiro concerto no mês que vem

A expectativa para o concerto de estreia da Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca já é grande entre os 300 alunos da rede municipal que irão se apresentar. Eles têm ensaiado duro nos dois centros de educação musicalEscola Rivadávia Correia, Centro, e Cidade das Artes, Barra da Tijuca. Na Rivadávia, os grupos são divididos por instrumento: sopro, cordas e percussão. Os professores, vindos do projeto Som Eu, lapidam as pequenas joias musicais, dando orientações sobre postura e como extrair o melhor som. A primeira apresentação, que será gratuita, está prevista para 27 de novembro, às 15h, na Cidade das Artes.


"Vai ser maravilhoso. Teremos um elenco de duas mil pessoas e os 300 meninos da Orquestra no palco. No final, faremos tributo a dois grandes mestres da música brasileira, os maestros Heitor Villa Lobos e Tom Jobim", antecipou a coordenadora Moana Martins.

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