Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Rede pública do Amazonas tem 54 alunos tidos como ‘superdotados’



Alto grau de curiosidade, boa memória, atenção concentrada, facilidade de aprendizagem e vocabulário avançado para a idade, estão entre as características das crianças que possuem altas habilidades, segundo o Ministério da Educação (MEC).

Arte: Júnior Lima

Manaus - Pelo menos 54 alunos da rede pública de ensino do Amazonas são considerados ‘superdotados’.  A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) estima, também,  que cerca de 20% dos alunos da rede possuam alto desempenho em alguma área do conhecimento que ainda não foi identificada.

Alto grau de curiosidade, boa memória, atenção concentrada, facilidade de aprendizagem e vocabulário avançado para a idade, estão entre as características das crianças que possuem altas habilidades, segundo o Ministério da Educação (MEC). 

Para algumas pessoas, o superdotado seria o gênio, aquela criança que apresenta um desempenho extraordinário e ímpar em um determinado campo do conhecimento. Para outros, seria um jovem inventor que surpreende pelo registro de novas patentes; para outros, ainda, seria aquele aluno que é o melhor da classe, ou a criança precoce, que aprende a ler sem ajuda. 

De acordo com a assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), atual responsável pelo acompanhamento de 30 alunos com altas habilidades do Ensino Fundamental da capital, Carlene Martins, o termo superdotado sugere a presença de um talento, seja na área musical, literária, de artes plásticas ou na área acadêmica. 

Segundo Martins, ainda é muito comum que a criança com altas habilidades seja encarada como um gênio, mas a maioria dos alunos atendidos pela Semed com essas características apresenta algum tipo de déficit no aprendizado. 

A gerente de atendimento educacional específico da Seduc, Lenice Salerno, disse que em um dos casos emblemáticos avaliados pelo Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/ Superdotação (Naah/s), um aluno do 9º ano da rede estadual de ensino possuía alto domínio em, pelo menos, cinco instrumentos musicais, incluindo violino, mas também apresentava um histórico de baixas notas.

Salerno explica que a primeira fase do processo de identificação do aluno superdotado cabe ao professor dentro de sala de aula, que por meio de um formação especial aprendeu a ter um olhar diferenciado para as características de cada estudante.

Os pais e responsáveis também possuem um papel importante, na avaliação da assessora pedagógica da Semed. “Dentro de casa o pai já percebe que seu filho possui características acima da média, percebe que o filho é inquieto, curioso e isso pode ser conversado com a escola”, orientou Martins.

Dom especial

Com 4 anos de idade, Louise Gabriele de Oliveira, hoje com 9 anos, já demonstrava, segundo a mãe, a dona de casa Lilian de Oliveira, 33, um dom especial para a área artística. 

“Eu e o pai dela ficávamos impressionados. Como uma menina daquela idade conseguia desenhar as expressões faciais tão bem? E os traços foram mudando e ela foi assumindo uma identidade no desenho dela”, relatou a mãe.

Louise foi reconhecida como uma aluna com altas habilidades por meio de um colega de sala, que também apresentou a superdotação para a área das artes.

Há quase três anos no projeto, o colega de sala de Louise, Andrei Emanuel de Souza Costa, também de 9 anos, tinha dificuldades no aprendizado e na capacidade de concentração, segundo assessora pedagógica da Semed, Carlene Martins, com a integração do aluno no projeto de altas habilidades Andrei passou a ser aluno destaque no colégio, inclusive em outras disciplinas.

A mãe de Andrei, Maria Aparecida de Souza, 43, conta que o filho sempre gostou muito de desenhar e que um professor de Educação Física foi o primeiro a observar o talento do aluno.

Habilidoso com o desenho, o menino consegue elaborar histórias em quadrinhos com facilidade, todas trazendo mensagens morais. 

Quando perguntados sobre o que gostariam de ser quando fossem adultos, o estudante de apenas 9 anos afirma que deseja ser um grande desenvolvedor de jogos. “Antes eu pensava em ser desenhista, mas desenhista eu já sou, né? Agora, quando desenho fico imaginando como seria a minha vida se eu pudesse elaborar jogos online, se eu pudesse ter minha própria história em quadrinhos”, disse.

Louise, que possui maior facilidade no desenho de pessoas, diz que pretende ser estilista quando crescer. “Quero apresentar meu trabalho em grandes desfiles”, relatou.

Para a Martins, o principal diferencial das crianças superdotadas é a evolução da habilidade especial. Ela explica que muitas crianças desenham bem ou possuem destaque academicamente, mas estagnam ao longo do tempo.

Os pais dos estudantes também sentiram a evolução rápida das crianças. “Antes ela ficava nas cores básicas, agora tenho que estar sempre atrás de cores novas que eu nem conhecia, não pode faltar papel, além dos estudos que hoje eles são alunos destaque”, disse.

Amparados por lei 

A inclusão dos superdotados na educação especial é amparada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, de 1996, e pelo Plano Nacional de Educação, de 2001.

Atualmente, a Seduc e a Semed trabalham a suplementação das habilidades dos estudantes no contraturno.


De acordo com a gerente de atendimento educacional específico da Seduc, Lenice Salerno, conforme a necessidade demonstrada pelo aluno, ele é encaminhado para uma das instituições parceiras.

“Comprovada a alta habilidade do aluno cabe ao núcleo encaminhá-lo para a instituição parceira capaz de auxilia-lo no desenvolvimento de sua aptidão no contraturno, como atividade suplementar”, explicou.

Entre as instituições parceiras do núcleo, atualmente, estão o Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, o Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Fundação Vila Olímpica (FVO).

As crianças com altas habilidades da rede municipal são atendidas por professores que buscam aperfeiçoar o talento dos estudantes que possuem superdotação. 

“Quando temos um aluno com habilidades para matemática um professor trabalha essa criança para a sua evolução. O mesmo acontece com a Língua Portuguesa, com a área artística. É preciso alimentar essa sede de conhecimento que eles têm, constantemente”, disse  Martins.

Para Salerno, manter o interesse dos alunos com altas habilidades é o maior desafio. Ela explica que muitas vezes o estudante perde a vontade de estudar nas aulas porque deixam de se sentir desafiados.

“Nós temos uma aluna que estuda a primeira série, mas sabe de conteúdo da segunda. Então esse professor se passa uma avaliação com cinco questões para turma, pra essa aluna ele tem que passar dez. Tem que estimular o conhecimento porque o diferencial desse aluno é que se a prova valesse dez ele tiraria 12 sempre”, explicou a gerente.


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