Extraído do site :
http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/talento-prematuro-3408
O Distrito Federal apresenta o maior
número de alunos superdotados identificados no país. Conheça as habilidades e as limitações dessas crianças
Aos 3 anos, Augusto César conseguia ler embalagens de produtos. Também chamava a atenção de seus pais a velocidade com que memorizava falas dos anúncios de TV. Com 4, Any Beatriz era capaz de ficar a tarde inteira trabalhando em um desenho. Davi, com a mesma idade, já apresentava um conhecimento sobre mitologia nórdica tão incomum quanto a facilidade com que Taíssa, desde os 8 anos, grava e edita filmes no tablet. E os pais de Kauan, 10, nem imaginam onde o filho tem aprendido línguas estrangeiras. Identificados como superdotados, os meninos e meninas citados mantêm outro traço em comum: a paixão pela leitura. Ao contrário da maioria de seus colegas, se eles forem soltos em um shopping, sairão correndo rumo à livraria mais próxima.
Essa usual sede de conhecimento, no
entanto, não significa interesse por todas as áreas nem habilidades acima da
média nos mais diversos campos intelectuais e artísticos. O primeiro mito a ser
derrubado na discussão do tema é o de que essas crianças se mostram excepcionais em
tudo. Com características diferentes do precoce, do prodígio e do gênio (veja o
quadro abaixo), o superdotado geralmente apresenta grande
facilidade num determinado segmento. É criativo, tem habilidade acima da média
e grande envolvimento com as tarefas a que se propõe. Por outro lado, muitas
vezes o seu rendimento nas matérias pelas quais não cultiva apreço chega a ser
regular ou medíocre. Hoje, a Organização Mundial da Saúde calcula que pelo
menos 5% da população planetária possui algum tipo de alta habilidade,
designação que pode ser usada como sinônimo de superdotação. O Censo Escolar de
2010 identificou no Brasil 2 769 crianças com essa característica, ou seja,
0,004% dos 55,9 milhões de alunos do país. Desse número,
mais da metade reside no Distrito Federal.
Outro grande desafio desse nicho é
garantir uma fácil e acessível identificação de crianças superdotadas. Hoje, não se adota mais o famoso teste de
QI para mapeara inteligência acima da média. Critérios como
criatividade
também são considerados. Psicólogos costumam empregar um questionário com 24
itens para fazer uma avaliação global do indivíduo (veja o
quadro no final da matéria). Os resultados desses
testes revelam um perfil variado e democrático, que vai desde o estereótipo do
nerd, a criança pouco sociável que foge para a biblioteca na hora do recreio,
até o líder nato, comunicativo e carismático. A classe social também não serve
como recorte — no DF há alunos moradores de rua identificados como
superdotados. Os genitores com recursos compram livros, levam os filhos para
viajar. Os alunos cujos pais são analfabetos, por exemplo, acabam, por
necessidade, lendo mais e aprendendo a fazer contas para ajudar em casa. Basta,
portanto, ter predisposição genética e um ambiente em que o talento possa
florescer.
Nesse
processo de descoberta, nem sempre os parentes conseguem aceitar o fato de ter
um superdotado na família. Para a psicóloga Andréa Azevedo, os casos mais
complicados envolvem crianças que têm algum talento artístico e apresentam
péssimo rendimento escolar. “Às vezes, os cadernos não exibem uma anotação, mas
trazem desenhos incríveis do início ao fim. Como fazer os pais entenderem que o
filho tem superdotação?” No histórico da psicóloga com meninos e meninas de
altas habilidades, há desde genitores que sentem vergonha e escondem o fato até
os que supervalorizam a capacidade dos filhos.
(Foto: Roberto Castro)
›› Nome: Leonor de Lima
›› Idade: 8 anos
›› Habilidades: acadêmicas : Aos 7 anos, escreveu um livro que trazia um diálogo filosófico entre o ar e o vento
Mãe de Leonor, hoje com 8 anos, Claudia Guerreiro não se enquadra em nenhum desses extremos. A maior preocupação dela é orientar a filha de forma correta. Leonor foi identificada como superdotada aos 3 anos, quando a professora notou a maturidade de seus desenhos e percebeu que seu nível vocabular estava bem à frente do da turma. “Procuro fornecer as ferramentas necessárias para ela se desenvolver”, diz a mãe. A estratégia parece ter surtido efeito. Aos 7, Leonor escreveu um livro que narra um diálogo filosófico entre o ar e o vento.
(Foto: Roberto Castro)
›› Nome: Luca Megiorin
›› Idade: 9
anos
›› Habilidades: destaque
para ciências. Já deu aulas sobre plantase sistema solar aos seus colegas do
ensino regular
A
atenção dos pais se faz necessária sobretudo porque, ao mesmo tempo que exibem
desempenho acima da média, essas crianças apresentam algumas características que as fragilizam, como
a autocobrança e o perfeccionismo. Bom aluno em todas as áreas, Luca já deu
palestras sobre bactérias, plantas e o sistema solar para os seus amigos.
Carregando responsabilidades pouco comuns para um garoto de 9 anos, ele não se
permite errar. Segundo Débora Megiorin, sua mãe, houve uma época em que o filho
achava que não sabia desenhar direito pés humanos. Por isso, simplesmente parou
de fazê-los, até ter a ideia de pintar grama para cobri-los. Segundo
especialistas, é comum que a parte psicomotora não acompanhe o ritmo cognitivo.
O aluno então cria resistência a fazer o que não executa com a perfeição
desejada.
Outro
descompasso comum ocorre entre a idade intelectual e a emocional. Devido ao
nível vocabular e à capacidade argumentativa, essas crianças aparentam ser mais
maduras. Contudo, basta uma provocação dos colegas para elas chorarem feito
bebês. “Apesar de muitas vezes parecerem adultos, eles não são. É preciso
lembrar disso o tempo todo”, diz Suzanna Marques, mãe de Any Beatriz. Com
fluência incomum em língua portuguesa, aos 10 anos a menina ficou em sexto
lugar num concurso de crônicas na Bienal do Livro e da Leitura, na qual
disputou o prêmio com alunos do ensino médio.
A professora Flavia dos Santos com alunos
da turma de recursos especiais da 411 Norte: os meninos com facilidade na área
acadêmica são curiosos e rápidos (Foto: Roberto Castro)
Para
desenvolverem talentos como o de Any, 63 docentes capacitados atuam nas onze
salas de recursos especiais da rede pública do DF. “Aqui, professor não ensina.
Somos mediadores de conhecimento”, conta Flavia dos Santos, docente na Escola
Classe da 411 Norte. Até aposentar-se, há dois meses, Vera Palmeira trabalhou
durante trinta anos com grupos de altas habilidades. “Eles gostam mais de
perguntas do que de respostas e exigem bastante do professor”, diz. Vera chegou
a fazer curso de astronomia na Nasa e aprendeu a jogar xadrez para estimular
seus pupilos. Ela lembra com carinho de uma feira de ciências na qual um de
seus meninos discutiu de igual para igual sobre aerodinâmica dos satélites com
pesquisadores do assunto. Para Vanessa Tentes, assessora da Subsecretaria de
Educação Básica da Secretaria de Educação, todas as escolas precisam trabalhar
bem esses talentos. “Nossa nação necessita de muitas ordens de conhecimento. A
expectativa é que eles tragam um bom retorno para a sociedade”, afirma.
Existem crianças e adolescentes que não somente falam com facilidade o INGLÊS, o ESPANHOL e o FRANCES, como também o CHINÊS, o JAPONÊS, o COREANO (línguas orientais) e até mesmo o RUSSO, que é uma das 6 LÍNGUAS OFICIAIS DA ONU!!!
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