Fonte : http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1679&fb_action_ids=10154345252080707&fb_action_types=og.likes
Pessoas com essa síndrome estão no extremo mais leve
do espectro dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD) em relação não só
à tríade de sintomas, mas no que diz respeito às suas capacidades cognitivas
(capacidade de aprender, organizar, reter e generalizar conceitos).
Porém, podem ter dificuldades na memória imediata,
no controle de impulsos, na percepção de si mesmos, na definição de
prioridades, na capacidade de planejamento, na compreensão de ideias muito
complexas e abstratas, e na utilização de novas estratégias para enfrentar
problemas.
Outro ponto importante, desenvolvido pelos autores
Baron-Cohen (1995), chama-se Teoria da Mente. Trata-se da
possibilidade de nos colocarmos no lugar do outro e compreender seus estados
mentais. Isso é primordial para dar sentido ao comportamento humano e
fazermos entender as pistas que predizem a forma de reação esperada de um
indivíduo em dado contexto. No caso das pessoas com SA, é fundamental termos
claro que a inabilidade para reconhecer e entender pensamentos, crenças,
desejos e intenções de outras pessoas não se relaciona a uma ausência de
empatia – terrível insulto às pessoas acometidas pela síndrome – ou da
indiferença com os sentimentos dos outros, mas de um comportamento social
inesperado, fruto de falha na teoria da Mente.
Uma das consequências do comprometimento e atraso nas
habilidades da teoria da Mente é a tendência a fazer uma interpretação literal
do que é dito por alguém e confusões na interpretação de metáforas. Crianças e
adultos com TGDs, incluindo a SA, parecem ter menos contato visual que o
esperado, tendendo a olhar para o rosto de uma pessoa com menos frequência e,
portanto, perdendo as mudanças de expressão. Evidências também indicam
dificuldades das pessoas com SA em entender o significado da entonação e ritmo
da voz.
A pessoa com diagnóstico de SA parece quebrar as
regras sociais. Se o adulto ou a criança não souber que esse comportamento é
devido às habilidades da teoria da Mente pouco desenvolvidas, a interpretação
do comportamento tende a ser um julgamento moral: que a criança com SA está
sendo deliberadamente desrespeitosa e grosseira. Temos de reconhecer o grau
de esforço mental exigido às pessoas com SA para processar informação social –
utilização de mecanismos cognitivos para compensar a insuficiência das
competências da teoria da Mente.
Além da sensação de estar sendo injustiçado (devido a
muitas experiências sociais, nas quais eles encontram um maior grau de gracejos
provocatórios e deliberados do que seus pares), limitado êxito social, baixa
autoestima e exaustão podem contribuir para o desenvolvimento de uma
depressão clínica associada à SA.
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