Eu sou a favor da identificação do indivíduo que
apresente altas habilidades / superdotação, ainda que ele esteja sendo
atendido, pela escola, em suas necessidades, para saber a origem de
determinadas características que ela apresente (tais como hipersensibilidade,
perfeccionismo, curiosidade, alto nível de energia, ansiedade ...), e o nome
(superdotação) daquilo que acarreta tais características. Como experiência
própria, saber que se é diferente “de verdade”, mais sensível, que se tem
tendência ao perfeccionismo, que se tem tanta curiosidade, que se é tão agitado
ou ansioso, por conta da superdotação que este indivíduo apresenta, ajuda a
compreender e elaborar todas estas questões, de uma forma mais racional e de
forma a se conseguir lidar com elas, com mais tranquilidade ...
Sou a favor da identificação, ainda que a escola
esteja atendendo a criança em suas necessidade. É direito da pessoa saber
sobre algo que a torna diferente e que a faz ter um olhar diferenciado para as
coisas, situações e fatos ao seu redor. Lembro-me que, certa vez, vc me
comentou, (já tem uns 3 anos esta história), que vc estava avaliando um adulto,
em seu consultório, que já tinha abandonado duas faculdades e que não se
encontrava. Acredito que a identificação dele, enquanto indivíduo superdotado
tenha ajudado a se aceitar melhor.. não ?
Susana Perez, nossa atual Presidente do CONBRASD
(Conselho Brasileiro para Superdotação) considera um mito a afirmação que diz que “Não se deve identificar um
portador de altas habilidades (Susana Perez)”. Muitas vezes, este mito
se apóia em preconceitos político-ideológicos: se “todos somos iguais”, não se
devem fazer diferenças entre as pessoas. A identificação da PAH é
indispensável para conhecer suas necessidades e buscar formas de atendê-la
e precede a discussão de políticas públicas que a contemplem, já que somente
assim poderemos discernir as estratégias de atendimento que devem ser
implementadas e estruturar os recursos que terão que ser disponibilizados para
esse fim. É impossível sequer pensar em políticas públicas antes de conhecer o
seu alvo, pelo que se torna necessária e urgente identificar estas pessoas.
Sobre o mito de que : “Não se deve comunicar à
criança que ela tem altas habilidades”, Denise Alencar assim disse : “ Negar à criança o direito de confirmar algo que ela já
sabe fere os direitos humanos e principalmente o compromisso com a verdade,
ensinamento básico para qualquer criança.
A criança com AHs freqüentemente manifesta seu
sentimento de diferença com seus pares; “são diferentes às outras e sabem
disto” (EXTREMIANA, 2000, p. 124),
talvez sem compreender exatamente essa diferença, mas sim como algo que, muitas
vezes, lhe incomoda ou causa mal-estar. Muitas crianças verbalizam esta
condição; percebem as diferenças de ritmo de aprendizagem, interesses e desempenho
em relação a seus colegas. Adolescentes e adultos têm consciência mais
explícita desta diferença, mas não sempre como algo positivo. Especialmente
quando a escola e a sociedade não reconhecem as AHs, a família passa a ser
oporto seguroda criança, onde ser diferenteé admitido e compreendido, permitindo
que ela desenvolva sua auto-estima para enfrentar um ambiente externo hostil à
diversidade, que pode questionar suas características diferenciadas como algo
que, em nome da igualdade, ela não deveria ter.
Se a família ou a escola oculta as características que
a criança percebe, ela pode pensar que há algo de errado com ela ou que,
parafraseando Maturana (2001, p. 31) “ela é o que não deve ser ou não é o que
deve ser”.
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