Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ä procura de uma nova escola ??? Guia oferece roteiro para escolha mais segura de escola







Desenhar os quadrados com giz, jogar a pedrinha no lugar certo e manter o equilíbrio na sequência de pulos. Que alívio seria se escolher a escola para os filhos fosse algo tão simples quanto brincar de amarelinha.



Mas se decidir pelos colégios (só entre os particulares na capital paulista, eles são mais de mil) é uma tarefa cheia de armadilhas.



A biblioteca vistosa, com milhares de volumes, nem sempre representa um incentivo adequado à leitura.



A mensalidade que parece caber no orçamento da família pode esconder uma conta abusiva no fim do ano, com a soma de livros, viagens e eventos. E como saber se a instituição prestigiada e cara vai se preocupar com o aluno que tiver dificuldades em algum momento ?


Alice Mantovani Pereira Tosi, 5


A Folha consultou mais de 40 especialistas --de pedagogos a economistas, de psicólogos a arquitetos-- e reuniu itens a serem observados e perguntas específicas a fazer para as escolas, divididos em sete passos fundamentais que, como no jogo da amarelinha, devem ser cumpridos um a um no caminho até a instituição mais adequada.



Mesmo tendo em mãos resultados de avaliações como o Enem, é impossível indicar a melhor escola, porque isso depende das expectativas da família, das possibilidades, do perfil da criança. Esta é uma escolha individual, e não existe colégio perfeito.



Este guia oferece aos pais um roteiro prático para conduzir o processo de escolha com mais segurança e tranquilidade. (ALESSANDRA BALLES)



Calcule os gastos além da mensalidade


O bolso é um dos fatores mais determinantes na hora de bater o martelo por uma escola para os filhos.



O importante para cumprir bem esta etapa é planejamento --na qual devem ser incluídos não apenas os gastos com a mensalidade mas também itens como material, uniforme, alimentação e transporte.



Outro ponto são idas a eventos e viagens com a turma do colégio. Os pais devem se informar sobre a frequência em que acontecem e quanto custam --e estar preparados para dizer não ao filho caso isso afete a previsão de gastos.



Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Roy Martelanc afirma que uma forma de começar este planejamento para o futuro é colocar tudo no papel e, ao final de cada ano, calcular o quanto foi gasto com educação.



"Estabelecer uma porcentagem máxima de renda é bobagem", diz William Eid, professor da FGV. Ele discorda da ideia que os gastos com educação não devem ultrapassar 10% da renda, pois cada família tem um perfil e prioriza de forma diferente a área.



Planejando, afirma, é possível inclusive considerar a opção de estudar no exterior.


Foi o que ele fez. Por ter realizado parte da sua formação no exterior e considerar a experiência importante, seus dois filhos, de 13 e 14 anos, passaram duas temporadas no Canadá --para isso, guardou dinheiro desde que eles nasceram.


TROPEÇO


Deixar de pesquisar cursos extracurriculares - Esses cursos podem ser feitos fora da escola, a preços mais acessíveis. Lembre-se de que essas atividades servem também para conhecer pessoas fora do ambiente escolar. (BRUNO BENEVIDES)





Buscador localiza cerca de mil escolas por faixa de preço em SP


Para facilitar a missão de selecionar quais colégios visitar até eleger em qual deles o seu filho vai estudar, a Folha publica em seu site um buscador que reúne cerca de mil escolas na capital paulista, divididas por nível de ensino (fundamental 1 e 2 e médio), distrito e faixa de mensalidade.



Clique neste link e acesse o localizador / buscador de escolas de São Pualo, divididas por nível de ensino, distrito e faixa de mensalidade : http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1156754-buscador-localiza-cerca-de-mil-escolas-por-faixa-de-preco-em-sp.shtml



Perfil e expectativas da família e do aluno dão início à busca


DANIELA ARAI



COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



O primeiro passo para acertar na opção pelo colégio é reconhecer o perfil e as expectativas da família e do aluno.



Uma criança muito tímida pode se sentir deslocada em uma escola enorme, e pais que só pensam no sucesso do vestibular se frustram com uma formação menos voltada para resultados imediatos.



Esse espelho deve ser encarado de frente.



As famílias devem priorizar não apenas necessidades práticas --por exemplo, quem frequentemente acompanha os pais em viagens pode repor provas?-- mas também se pautar por características que se orgulhariam de ter.



Claudia Riolfi, psicanalista e professora da Faculdade de Educação da USP, orienta pais e filhos a se fazerem perguntas subjetivas, como "há coisas que, para mim, seriam importantes que a escola respeitasse, como uma configuração familiar específica ou uma limitação física ?".





Nesse sentido, as famílias devem reconhecer se possuem especificidades que gostariam que a escola valorizasse, como determinada crença ou orientação sexual.



Ivany Pinto, docente da Universidade Federal do Pará, sugere que pais e filhos façam uma lista separada sobre os aspectos mais importantes para cada um e que depois discutam as opções.



Para Silvia Colello, professora de psicologia da educação da USP, também é importante haver sintonia entre o perfil psicológico dos filhos e o do público da escola. Sem isso, a criança não terá amigos e será infeliz.



Por situação parecida passou a filha da professora Mara Dias, 43, que abandonou a escola porque não se identificava com os colegas. "Ela não se via com aquelas pessoas", explica a mãe de Helena, 16. "Quando os valores da escola são muito diferentes dos da família, o aluno acaba se sentindo desconfortável."



TROPEÇO


Optar de imediato pela escola em que estudou - É preciso saber como o colégio lida com questões atuais, como tecnologia e internacionalização. Além disso, o seu filho pode ter um perfil diferente do seu.



Não individualizar a escolha - Cada filho é único. Nem sempre a escola mais adequada para um é a melhor opção para o outro. Leve em conta as características e os projetos individuais.




Faças as visitas no horário de aula



A segunda etapa no processo de escolha da escola é a seleção de colégios que são compatíveis com as expectativas da família e do aluno e que devem ser visitados --sempre no horário das aulas.



Para começar essa pesquisa, a dica da professora Claudia Riolfi, da Faculdade de Educação da USP, é verificar nos sites dos colégios as matérias optativas oferecidas. "Uma escola que inclui a disciplina empreendedorismo é diferente da que insere trabalho monográfico."



Outro ponto importante é conversar com famílias de perfil similar, perguntar em que escola os filhos estudam e se informar sobre elas.



Para a arquiteta Thereza Dantas, 51, essa foi uma indicação preciosa. "Eu adorava os filhos de uns amigos. Quando tive os meus, fui procurar a escola deles."



Todos os especialistas concordam que, eleitas as opções, é preciso visitá-las durante o horário de aulas, para perceber a verdadeira dinâmica do cotidiano escolar.



Na conversa com o coordenador, segundo Silvia Colello, da USP, é preciso abordar temas como o que a escola mais valoriza na formação do aluno e como são as aulas --perguntas que devem ser repetidas a professores, pais e outros estudantes.


Outro aspecto é a forma de admissão. Muitas escolas realizam testes, e os pais devem ter clareza sobre o processo.


Se optarem por submeter os filhos ao processo seletivo, precisam estar preparados para a possibilidade de eles não serem aceitos. "Nesse caso, é importante que não tenham uma opção única e procurem passar tranquilidade aos filhos", afirma Colello.



TROPEÇO



Escolher pelo rótulo - Muitas escolas que adotam o nome de uma determinada linha pedagógica não a seguem na prática. Se você se interessou por uma que se diz construtivista (que valoriza o pensamento crítico e a construção conjunta do conhecimento), por exemplo, verifique se a instituição trabalha com disciplinas que fogem do currículo tradicional, se promove atividades diferenciadas como projetos interdisciplinares, apresentações artísticas, estudos de meio, campeonatos esportivos etc. (DANIELA ARAI)



Além do professor, conheça a equipe que vai interagir com seu filho



BRUNO BENEVIDES


Responsáveis por implementar o projeto pedagógico, os professores passam grande parte do tempo ao lado das crianças. Mas os docentes não devem ser os únicos profissionais levados em consideração na hora da escolha.

"É importante olhar a moça da cantina, o moço da perua. Todo o sistema educa e deseduca", afirma Ana Paula Corti, doutoranda em educação pela USP.

Segundo ela, os pais devem analisar como é a relação desses profissionais com os alunos e entre eles.

"Uma escola onde os funcionários são bem tratados é um bom sinal", afirma.

Com a experiência de já ter trabalhado dentro e fora da sala de aula, o ex-inspetor e hoje professor de educação física Ailton Rui Prado diz que todos os profissionais são importantes para o ensino.

"A escola funciona por meio dos funcionários, sem eles nada acontece."

Quando teve de escolher a escola para a filha, conversou com funcionários antes de tomar uma decisão. "Queria saber quem iria cuidar dela."

Outra dica para conhecer melhor a equipe pedagógica é saber há quanto tempo os docentes estão no colégio. "Se a rotatividade é alta, pule fora", recomenda Artur Costa Neto, diretor do Sindicato dos Professores de São Paulo.



Ao visitar a escola, os pais devem procurar saber qual é a formação dos docentes e dos auxiliares dos professores e se a escola facilita e incentiva a atualização de seu quadro de funcionários.



TROPEÇO



Conversar apenas com o diretor - Segundo especialistas, procurar apenas pela direção ou coordenação pedagógica é insuficiente, já que alguns supervalorizam o colégio na hora de "vendê-lo". "É importante conversar com os professores fora do ambiente escolar", diz Ana Paula Corti. Dessa forma, eles podem dar mais detalhes sobre o clima e a convivência entre os alunos. Outros funcionários também devem ser ouvidos informalmente. Além de recomendar bate-papo com os docentes, Artur Costa Neto afirma que outro modo para descobrir se a escola dá autonomia a eles é perguntar se a direção realiza reuniões semanais para discutir questões pedagógicas.



Localização da escola é o item que mais influencia na rotina da família


LETÍCIA MORI


O colégio é bem recomendado, você gostou do projeto de ensino e a mensalidade cabe no bolso. Só tem um problema: fica do outro lado da cidade. Será que vale a pena?


A maioria dos especialistas afirma que não. "No começo, pode parecer uma boa ideia. Mas, depois de dois, três anos, o desgaste é muito grande", diz Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.


Por mais adequada que seja a escola, é preciso considerar, por exemplo, a que horas o seu filho terá de acordar e em qual horário vai almoçar.


"O estresse e o tempo que a criança perde no trânsito não valem a pena. Ela precisa de tempo para lazer e de estudo solitário em casa para consolidar a aprendizagem", explica Neide Barbosa Saisi, da Faculdade de Educação da PUC-SP.


A arquiteta Adriana Meneghello, 39, queria colocar os filhos de seis e sete anos em uma escola cujo projeto pedagógico lhe agradava, mas que ficava a dez quilômetros de sua casa, na zona sul.


Após visitar outros colégios, escolheu um perto de casa e com um projeto de ensino parecido com o que tinha inicialmente pensado.


Segundo Neide, Adriana fez a coisa certa. "Não se pode escolher um colégio só porque é perto. Mas, se a localização não deve ser o fator determinante, é um ótimo critério de desempate entre instituições parecidas." Com a escola perto, é mais fácil haver integração entre a instituição e a família. Leve em consideração também se prefere que seu filho tenha amigos que moram por perto ou que sejam de diferentes regiões da cidade.



TROPEÇO


Não considerar o trajeto - Um percurso de 20 minutos pode demorar bem mais com o transporte escolar. Além do preço, pesquise se o seu filho será o primeiro a ser buscado e, consequentemente, se terá de sair de casa muito mais cedo do que se fosse de carro --ou então voltar em um horário em que não há ninguém em casa para recebê-lo.







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