Extraído do site : http://super.abril.com.br/cotidiano/brilhantes-natureza-443880.shtml
Eles são muito mais numerosos do que
você pensa. Pode haver
um superdotado no seu prédio, na escola ou até na sua casa.
por Claudio Angelo
O
carioca que conquistou Harvard
Ricardo
Tadeu Cabral de Soares enfrentou sua primeira batalha judicial quando tinha apenas
12 anos de idade. Enquanto cursava a 8ª série do Primeiro Grau, ele foi o
primeiro colocado no vestibular para Direito numa faculdade particular do Rio
de Janeiro. Mas era jovem demais para ter a matrícula aceita. Seu pai, o
advogado e arquiteto José Paulo de Soares, precisou recorrer à Justiça
para conseguir uma liminar que permitisse ao garoto freqüentar a universidade à
noite e a escola de manhã. A decisão só saiu depois que ele convenceu o juiz de
que o filho era superdotado.
Não foi
difícil argumentar. Afinal, um menino que começou a ler aos 3
anos de idade, escreveu um livro aos 9 e aos 11 desenvolveu um programa de
computador que dava prognósticos de turfe com 90% de acerto não poderia mesmo
ser normal. Assim, em 1988, Ricardo virou o
mais jovem universitário brasileiro. Quatro anos depois, entrou para
o Livro Guiness dos Recordes como o mais jovem advogado do mundo. Aos 18,
concluiu o mestrado em Direito na renomadíssima universidade norte-americana
Harvard, uma das maiores concentrações de superdotados no planeta. E se
tornou o mais jovem mestrando em Ciências Jurídicas nos 362 anos de história
daquela universidade. “Ele sempre foi precoce em tudo”, disse à SUPER o pai
coruja, dias antes de embarcar para os Estados Unidos, onde a irmã
de Ricardo, Marcelle, de 22 anos – que, aliás, também é superdotada –,
acaba de concluir o mestrado em Administração de Empresas.
Hoje, aos 23 anos, casado e com um filho, Ricardo é
diretor jurídico de uma grande indústria de bebidas no Rio e comanda
funcionários com o dobro da sua idade. “Nunca me senti diferente das
outras pessoas. Só tive um pouco de visão”, minimiza. “Não
acho que tenha perdido a minha infância. Ao contrário. Dá até alívio chegar
aonde cheguei, num mercado tão competitivo.”
O desafio de educar os minigênios (sic)
Sexta-feira
à tarde. Os alunos da 5ª série se reúnem no laboratório. A aula: Mecatrônica e
Circuitos Eletrônicos. A cena é um tanto incomum para um Primeiro Grau. Mas
essa não é uma 5ª série qualquer. É uma turma de superdotados, que recebe educação
diferenciada numa escola particular de São Paulo.
“A superdotação é um potencial
hereditário, mas que só se realiza num ambiente propício. A falta de estímulo pode bloqueá-la”, disse
à SUPER a psicóloga Cristina Cupertino, coordenadora do Programa de
Orientação e Identificação do Talento do Colégio
Objetivo. Segundo ela, a escola comum é,
muitas vezes, um estorvo para o desenvolvimento do talento. Obrigado a seguir o
mesmo programa dos colegas, o superdotado se frustra. Ou, pior, nem sequer
chega a descobrir para que servem suas habilidades.
Por isso, é vital saber como detectar uma
criança-prodígio e ajudá-la a se desenvolver. É o que aconteceu, numa escola de Brasília,
com o garoto malaio Huat-Chye Lim, que aprendeu a ler aos 2 anos de idade. Ao
perceber que o aluno era diferente dos demais, a diretoria da escola resolveu
criar um programa especial, só para ele. No ano passado, aos 14 anos,
Huat-Chye ingressou no curso de Computação na seleta Universidade de Stanford,
nos Estados Unidos. Mas nem todo mundo tem a mesma sorte. “Na população
infantil brasileira, temos milhões de gênios em potencial”, afirma o
fisiologista Gilberto Xavier, professor da Universidade de São Paulo. “Mas
ninguém vai chegar lá cortando cana no campo.” Segundo a ABSD, apenas 2 470
superdotados têm atendimento especial no Brasil, em sete Estados. Os principais
programas estão em Brasília e em Lavras (MG), onde são atendidas cerca de 700
crianças. Em Lavras, as aulas especiais do Centro para o Desenvolvimento do
Potencial e Talento (Cedet) são voltadas para as habilidades específicas de
cada criança. “A nossa preocupação é criar uma escola desafiadora, onde o aluno
não procure ‘aquela’ resposta certa, mas fique livre para buscar as próprias
soluções”, explica Zenita Guenther, do Cedet. Não é preciso ser superdotado
para perceber que aí está um exemplo que merece ser seguido.
Seu
filho é superdotado ?
Este
teste foi criado pelo psicólogo francês Jean-Charles Terrassier para
identificar superdotados entre crianças de 6 a 12 anos. Se o seu filho fizer
mais do que 20 pontos (num total de 39), ele tem, provavelmente, uma inteligênciaacima
da média. Para cada resposta positiva, você deve somar os pontos
correspondentes.
A CRIANÇA...
1.
...aprendeu a ler antes de entrar na escola?
(Sozinha: 7 pontos / Com ajuda: 5 pontos)
2.
...lê muitos livros
rapidamente?
(2
pontos)
3.
...manifesta interesse por enciclopédias e dicionários
?
(2
pontos)
4.
...prefere a companhia de crianças mais velhas ?
(2 pontos)
5.
...gosta de conversar com adultos ?
(2
pontos)
6.
...faz perguntas variadas e originais ?
(2
pontos)
7.
...quer sempre saber o “porquê” de tudo ?
(1
ponto)
8.
...faz observações de extrema perspicácia sobre
assuntos que lhe interessam ?
(2 pontos)
9.
...tem grande capacidade de fazer críticas e de julgar
seus pares ?
(1 ponto)
10.
...manifesta tédio diante de atividades rotineiras ou
repetitivas ?
(1 ponto)
11.
...é muito sensível a injustiças, mesmo se a vítima
não é ela ?
(1 ponto)
12....tem enorme senso de humor ?
(2 pontos)
13....usa um vocabulário rico para fazer reflexões
profundas ?
(2 pontos)
14....adora jogos de estratégia e de desafio, e se sai
muito bem neles ?
(2 pontos)
15.
...é querida pelos colegas de escolar ?
(1
ponto)
16....prefere
trabalhar sozinha ?
(2 pontos)
17.
...tem interesse pelo Universo e pela Pré-História ?
(2 pontos)
18....tira boas notas sem estudar ?
(2 pontos)
19....tem uma grande sensibilidade para a música e para
as artes ?
(2 pontos)
20.
...está sempre mudando de hobby ?
(1 ponto)
No foco de Hollywood
O
pessimismo dos superdotados em relação ao futuro da humanidade é tema freqüente
de filmes de Hollywood. Em Mentes que Brilham (foto), de 1992,o protagonista
Fred Tate tem úlcera aos 7 anos, de tanto ler sobre guerras e catástrofes. Em
Gênio Indomável, de 1997, o prodígio Will Hunting, interpretado por Matt Damon,
se recusa a trabalhar para o governo norte-americano para não ter de
desenvolver armamentos.
Minutinho
brilhante
Os irmãos Tomás e Gustavo Martins podem não ser
Spielbergs, mas já conseguiram ao menos uma proeza como cineastas. Em
1997, em São Paulo, eles venceram o Minutinho, categoria do Festival Mundial do
Minuto – que premia filmes com 1 minuto de duração – para menores de 15 anos.
“Como não sabíamos nada sobre cinema, resolvemos fazer um filme sobre como
fazer um filme”, conta Gustavo, 15. Os jurados adoraram. Mas a dupla vai além
das telas. Gustavo é escritor e já tem cinco livros infantis publicados. Tomás,
de 16 anos, é desenhista. Este ano eles apontam de novo a câmera para o
Festival do Minuto. Desta vez o de gente grande.
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